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Pedro Carreiro
Publicado em 6 de junho de 2025 às 16:44
O Esporte Clube Vitória segue trabalhando na transição para o modelo de Sociedade Anônima do Futebol (SAF) e, simultaneamente, um grupo de torcedores busca negociar com um dos grupos mais influentes do cenário mundial. Em entrevista ao CORREIO, o Movimento Vitória SAF (MVSAF) confirmou que enviará uma comitiva ao Catar para conversar com representantes do Qatar Sports Investments (QSI), fundo que controla o Paris Saint-Germain (PSG). Enquanto isso, na noite da última quinta-feira (6), o clube realizou o 2º workshop de implementação da SAF. >
O MVSAF confirmou, em nota divulgada na última quinta-feira (5), que o grupo iniciará tratativas no Catar com representantes do Qatar Sports Investments (QSI), fundo que comanda o Paris Saint-Germain (PSG), com o objetivo de apresentar um projeto que viabilize um possível investimento no clube. >
A missão será liderada por Marcone Amaral, ex-jogador do Vitória e naturalizado catariano, escolhido para atuar como principal elo entre o clube e os executivos do QSI, em função de sua trajetória como atleta no país e seu vínculo junto ao movimento. Segundo o MVSAF, passagens e hospedagem já foram adquiridas, e contatos estão sendo feitos com dirigentes do Vitória para garantir a representação institucional durante as reuniões em Doha. >
Entre os interlocutores locais, destaca-se o diretor da divisão de base, Thiago Noronha, que demonstrou interesse em participar dos encontros, reforçando a importância de apresentar um plano de negócios completo, abordando patrimônio, categorias de base, situação financeira e passivos do clube, de modo a demonstrar solidez e atratividade ao QSI. >
Além das conversas sobre aporte financeiro, a comitiva levará à mesa a discussão sobre a estrutura jurídica da futura SAF. Para isso, o advogado André Sica foi convidado a fornecer um panorama prático sobre a implantação do modelo de Sociedade Anônima do Futebol, permitindo abordar detalhes de governança e orientações para adequação às exigências legais catarianas e brasileiras. >
Durante o 2º workshop realizado pelo clube, o advogado respondeu o convite realizado por Daniel Barbosa, um dos líderes do movimento, e se colocou à disposição de participar das conversas. No entanto, Sica destacou que seu escritório já possui possibilidade de diálogo com os principais players do mercado e que uma possível ajuda na viagem teria que ser permitida pela diretoria do Vitória. >
Na nota divulgada, o MVSAF ressaltou que a inclusão de Marcone Amaral no grupo foi oficializada na última terça-feira (3), destacando seu papel estratégico nas aproximações com investidores internacionais >
Embora ainda não exista uma negociação formal em andamento, o movimento acredita que esse primeiro contato presencial com o QSI será decisivo para avançar rumo a um possível aporte, o que poderia colocar o Vitória como o primeiro clube brasileiro a receber investimento direto do fundo que gere o PSG. >
Na última quinta-feira (5), o Vitória realizou o segundo Workshop sobre a criação da Sociedade Anônima do Futebol (SAF). O encontro aconteceu no Quality Hotel & Suites São Salvador, no Stiep, e reuniu sócios, membros da diretoria e integrantes dos Conselhos Deliberativo, Gestor e Fiscal. >
A etapa de “diagnóstico” do processo, que envolveu mapeamento de patrimônio, análise de dívidas, estrutura jurídica e perfil associativo, foi apresentada pelos advogados do CSMV Advogados, André Sica, Danielle Maiolini e Octávio Vidigal. Segundo Sica, esse trabalho detalhado permitiu conhecer a fundo o clube e suas necessidades, servindo de base para propor um modelo estrutural de SAF compatível com a realidade do Vitória. >
Ao mesmo tempo, os consultores explicaram que já mantêm conversas iniciais com potenciais investidores de grande porte, por entenderem que o clube, pela sua dimensão, atrai naturalmente esse tipo de interlocução. “O Vitória tem atratividade suficiente para que esses investidores apareçam e indiquem interesse em aportar recursos”, afirmou Sica. >
Octávio Vidigal entrou em detalhes sobre sugestões de alterações estatutárias para viabilizar a aprovação da SAF. Ele ressaltou que, embora o estatuto atual preveja um rito para criação de uma SAF, é preciso adaptá-lo para cobrir todas as fases do projeto. Por isso, a proposta é que o novo texto passe pelos Conselhos Fiscal e Deliberativo, que podem criar uma comissão especial, e depois seja votado em Assembleia Geral, deixando o clube pronto para negociar com investidores sem precisar de novas revisões. >
A divisão de ativos entre associação e nova empresa foi outro ponto-chave. Danielle Maiolini explicou que o departamento de futebol, com contratos de atletas, será transferido integralmente para a SAF, ao passo que tudo que envolve a vida associativa (sede administrativa, diretoria social etc.) permanecerá na associação. Já os direitos de propriedade intelectual (marca, símbolos e hino) poderão ser integrados na empresa ou simplesmente licenciados, conforme melhor conveniência para gerar receita ao clube e dar liberdade à SAF para utilizá-los. >
O workshop também apresentou o projeto arquitetônico e de negócios para a Arena Barradão, assinado pela SDPlan, responsável por obras como as Arenas da Amazônia, Cuiabá e das Dunas, e pela AR Foods, especializada em gestão de bares, com experiência na Neo Química Arena. Esse plano inclui a construção de áreas comerciais, como shopping e restaurante, e deverá ser submetido ao Conselho Deliberativo em até 60 dias. >
Ao final da palestra, membros do Conselho fizeram perguntas sobre cronogramas, impactos financeiros e detalhes jurídicos, esclarecendo dúvidas sobre prazos e responsabilidades na implementação da SAF.>