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Estadão
Publicado em 12 de julho de 2023 às 19:19
Leonardo Felipe Xavier Santiago, torcedor do Flamengo suspeito de atirar a garrafa cujos estilhaços mataram a palmeirense Gabriela Anelli, deixou nesta quarta-feira, 12, a cadeia em que estava desde o último sábado, 8, quando foi preso após a briga entre as torcidas que resultou na morte da jovem torcedora no entorno do Allianz Parque. >
Santiago estava preso preventivamente desde sábado no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, na zona oeste da capital paulista. Ele deixou o local assustado e sem dar entrevistas. Como não quis ser fotografado, colocou uma blusa no rosto e deitou no banco de trás do carro que o conduziu para fora da prisão.>
Os advogados de Leonardo Felipe Xavier Santiago afirmaram que o flamenguista está "aliviado" com a decisão da Justiça de São Paulo, que determinou a soltura do torcedor. A defesa, no entanto, disse que Santiago teme pela sua vida.>
"O Leonardo está bastante assustado e temendo pela integridade dele", disse Thiago Huber, um dos dois advogados que cuidam da defesa do torcedor flamenguista.>
"Ele está bem transtornado, tem receio, está fora do estado dele", endossou Renan Bohus, o outro advogado de Santiago. "Tentamos falar com ele para acalmá-lo, mostrar que ele está seguro. É um jovem que nunca se envolveu em briga. Nunca teve antecedente criminal", completou.>
O alvará de soltura foi expedido no fim da tarde desta quarta e o flamenguista vai, agora, voltar ao Rio e responder o processo em liberdade. Ele havia sido indiciado por homicídio doloso, quando há a intenção de matar.>
Santiago tem 26 anos, é do Rio e ex-membro de uma organizada do clube, a Fla Manguaça, mas não veio a São Paulo com integrantes de uniformizadas no último sábado, segundo a Polícia Civil.>
Em decisão proferida no início da tarde desta quarta-feira, 12, a juíza também determinou que o caso passe a ser investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e não mais pela Delegacia de Repressão e Análise aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade).>
A magistrada entendeu que o delegado que vinha investigando o caso, Cesar Saad, "se mostrou açodado e despreparado para conduzir as investigações".>
Saad afirmou reiteradas vezes em entrevistas que Santiago tinha confessado, em conversa informal com os policiais, ter atirado a garrafa que feriu e matou Gabriela. Ela foi enterrada nesta terça-feira, 11, em cerimônia em Embu das Artes, na Grande São Paulo, marcada por emoção e pedidos de paz de familiares e amigos da palmeirense.>
No entanto, em depoimento oficial no interrogatório na delegacia, Santiago deu outra versão. Ele disse que palmeirenses jogaram rojões em direção à torcida do Flamengo e que. como revide, lançou pedras de gelo, "mas essas eram muito pequenas e sequer atingiram a barreira" de metal que separava torcedores locais e visitantes.>
Segundo os advogados do flamenguista, houve uma "interpretação errônea" do delegado Saad. "Ele confessou que arremessou pedras de gelo. O delegado amparou essa narrativa em cima de depoimentos de testemunhas, de torcedores do Palmeiras. Só que conversamos com o delegado e avisamos que os depoimentos podem estar contaminados porque existem interesses no processo. Não dá pra decretar a prisão com base nos depoimentos de palmeirenses", argumentou Bohus.>
Embora discorde de Saad, a defesa de Santiago quer que o inquérito seja mantido com a Drade. "Tenho certeza que houve uma interpretação errônea, mas a gente confia no delegado, sabemos da integridade dele, tanto que queremos que o inquérito permaneça na Drade", completou Bohus.>