Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Estúdio Correio
Gabriela Cruz
Publicado em 29 de dezembro de 2025 às 05:00
De um lado, autonomia, propósito e uma boa remuneração, sem ter que renunciar ao equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal. Do outro, estabilidade, carteira assinada e o receio de ser substituído pelas novas tecnologias. A coexistência de várias gerações numa mesma empresa mostra que todos estão aprendendo e, ao mesmo tempo, têm algo a ensinar. >
"A diversidade é fundamental para a inovação nas empresas. Com o avanço da automação dos processos operacionais, será cada vez mais necessário criar equipes multidisciplinares que desenvolvam soluções mais inovadoras. Pensar em estratégias de inclusão, em atividades integradas compostas por competências complementares e em aprendizado mútuo", analisa a superintendente do IEL Bahia, Edneide Lima.>
Trabalho entre gerações
As equipes que forem formadas por diferentes gerações saem na frente no futuro do mundo do trabalho. Futuro, na verdade, não tão distante assim: “São equipes que apresentam múltiplas perspectivas. As decisões deixam de depender de um único tipo de experiência. A pluralidade gera análises mais ricas, redução de vieses e capacidade de responder a cenários complexos com mais precisão”.>
A gestão eficiente das relações intergeracionais é um diferencial competitivo para as organizações. No último ano, a pesquisa 'Diversidade Geracional nas Empresas', apontou os desafios da convivência ao mesmo tempo dentro do ambiente de trabalho entre os Baby Boomers (nascidos entre 1945 e 1964), Geração X (entre 1965 e 1984), Millennials (1985 e 1999) e Geração Z (a partir de 2000).>
Realizada pela PwC Brasil em parceria com a Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV EAESP), mostra que nove em cada 10 profissionais (95%) reconhecem os benefícios da convivência entre gerações. Entre eles estão a melhoria do ambiente de trabalho (62%), o reconhecimento da existência de talentos em todas as gerações presentes na empresa (78%) e o incentivo ao respeito mútuo (79%).>
“A necessidade de trazer diversidade na seleção tem sido bastante reforçada dentro das organizações. É aí que o desafio se intensifica, porque, além de trazer pessoas de diferentes gerações para o jogo, precisamos integrá-las e conduzi-las ao crescimento profissional”, ressalta Edneide Lima.>
Ainda segundo o estudo, valorizar a diversidade geracional aumenta o engajamento, a inovação e contribui para uma cultura organizacional mais consistente e inclusiva. Ainda assim, estereótipos precisam ser combatidos e o etarismo também, principalmente em situações em que as pessoas mais velhas acabam sendo vistas como resistentes à tecnologia, por exemplo, ou quando a geração Z é associada ao ‘descomprometimento’ e à falta de intenção de fazer grandes ‘sacrifícios’ pela carreira. >
Um país que envelhece enquanto a expectativa de vida aumenta. As empresas reconhecem o valor da diversidade geracional, porém, ainda precisam transformar essas ações em valor estratégico. Metade (55%) dos respondentes enxerga a importância de uma demografia interna que espelhe a população do país. Só 12% afirmam que suas empresas planejam a força de trabalho, considerando o envelhecimento da população.>
Com base no último censo feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os idosos já deixaram de ser a menor parcela da população e já superam a faixa de 15 a 24 anos. De 2000 a 2023, a proporção de pessoas com 60 anos ou mais quase dobrou, ao subir de 8,7% para 15,6%. Não vai demorar muito para a fatia 60+ se tornar a maior faixa etária do país. Em 2046, ela deve representar 28% da população.>
“Um ponto crucial na gestão de pessoas é justamente o desenvolvimento de competências que não são técnicas e que atravessam as gerações sob aspectos diferentes. E é na liderança que acreditamos estar a maior necessidade de atenção, pois ela vai precisar preparar meios e estratégias de aproveitamento da diversidade e definir maneiras de condução do time. A preparação das lideranças é imprescindível, pois quanto menos operacionais forem e mais investirem em desenvolvimento, mais esse desafio será minimizado”, completa a especialista.>
O Projeto Fatos e Cenários é uma realização do Jornal Correio com patrocínio da Suzano, Tronox e apoio da Alba Seguradora, Sistema FIEB e Wilson Sons.>