EDUCAÇÃO

ACM Neto critica fala de Jerônimo sobre aprovação em massa de alunos: 'Autoritária e desrespeitosa'

"Se o professor não serve para ensinar, serve para que, governador?", questiona Neto

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Publicado em 20 de fevereiro de 2024 às 14:26

ACM Neto
ACM Neto Crédito: Divulgação

O ex-prefeito de Salvador e presidente da Fundação Índigo, ACM Neto, criticou nesta terça-feira (20) uma fala do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), sobre a aprovação em massa de alunos da rede pública estadual de ensino. Em Feira de Santana, ontem, o governador afirmou que a escola que reprova alunos é "autoritária", e que não cabe ao professor decidir isso. 

"Imagina só que coisa absurda esse vídeo. Confesso a vocês que se eu não tivesse assistido, se alguém só tivesse me falado, eu não acreditaria. O governador fala diversas vezes em autoritarismo e desrespeito. Posição autoritária está sendo a do governador Jerônimo Rodrigues. Não só autoritária, mas desrespeitosa com as escolas, com todas as pessoas que trabalham nas escolas, professores, com os alunos e seus familiares", afirmou Neto.

Neto chamou atenção para a posição da Bahia nos exames nacionais de educação. "Imagine só se a Bahia de Anísio Teixeira, Ruy Barbosa e tantos outros educadores pode ter um governador que defenda o que Jerônimo está defendendo. Nós sabemos, e muitas vezes eu disse - e chamei a atenção - que, infelizmente, a Bahia ocupava uma das piores posições na educação do Brasil. Para ser exato, o penúltimo lugar no Brasil na avaliação do Ideb. Estamos só à frente do Maranhão em termo de qualidade do ensino", acrescentou. 

O secretário-geral do União Brasil lembrou ainda que o governador foi secretário da educação e teve oportunidades de melhorar o quadro na Bahia. "Não custa lembrar que estamos no 18º ano do governo do PT na Bahia. Jerônimo era secretário de Educação, e ele, que se coloca como professor, agredindo professores, fecha os olhos para a realidade da qualidade do ensino na Bahia. Agora como govenador, que tinha a oportunidade de recuperar o tempo perdido, refazer a trajetória que ele ajudou a construir, de colocar a Bahia nos últimos lugares da educação no Brasil. Chega ofendendo professores, escolas, alunos e famílias. A postura altamente ditatorial. Se o professor não serve para ensinar, serve para que, governador?", questiona.

Críticas

O trecho do discurso do governador foi compartilhado pelo APLB Sindicato, nas redes sociais. A entidade critica a postura do governador. "Enquanto legítima representante dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação do Estado da Bahia, a APLB-Sindicato lamenta a infeliz declaração do governo do estado, na aula inaugural, em Feira de Santana. A Portaria 190 foi uma medida generalista e sem nenhum diálogo com a categoria. Se existe o quantitativo alto de reprovação em uma escola, deve-se intervir na pesquisa, avaliação e construção coletiva de alternativas para a mudança do quadro", diz uma nota publicada pela entidade.

O sindicato diz ainda que não é justo culpar os professores pela reprovação de estudantes. "Não é justo atribuir essa responsabilidade única e exclusivamente aos professores, professoras ou à qualquer instituição de ensino. Temos problemas graves como a evasão escolar, a insegurança, a falta de estrutura, a desvalorização dos trabalhadores em educação. Como professor, o governador sabe que o ato de ensinar não pode se resumir na aprovação ou desaprovação do aluno. Vai muito mais além!".

A portaria assinada pelo governador estimula os professores da rede a aprovarem os estudantes, mesmo aqueles que não frequentaram as aulas ou não foram aprovados em todas as disciplinas. De acordo com a portaria, estudantes que não passaram em até cinco disciplinas podem prosseguir para a próxima série. Além disso, a portaria estipula que o Conselho de Classe pode permitir a progressão do aluno reprovado se considerar que seu “desempenho global foi satisfatório”. A medida ressalta ainda que o controle da frequência deve focar no acompanhamento do aprendizado e não na reprovação.