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Alunos denunciam restaurante self-service na Uefs: 'Enquanto o nosso está caindo aos pedaços'

Obra foi finalizada em e custou mais de R$ 890 mil; universidade nega acusações

  • Foto do(a) author(a) Maysa Polcri
  • Maysa Polcri

Publicado em 19 de março de 2025 às 07:37

Novo restaurante foi apelidado de
Novo restaurante foi apelidado de "burguesão" Crédito: Acervo pessoal

Estudantes da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) denunciam a construção de um restaurante self-service dentro da instituição. O equipamento custou mais de R$ 890 mil e foi construído com recursos próprios da universidade. Enquanto isso, os alunos fazem suas refeições em um local provisório porque o restaurante universitário (RU) passa por reformas. Os estudantes poderão pagar até dez vezes mais do que o valor pago no RU. 

A discrepância dos valores fez com que os alunos apelidassem o restaurante self-service de "burguesão". Hoje, o valor do almoço é R$ 2. Apesar de a licitação para a cessão de uso do novo espaço não ter sido aberta, a Uefs afirma que, além da parte de buffet, a expectativa é que sejam servidos pratos feitos (PF) no valor máximo correspondente ao vale-alimentação fornecido aos servidores, que é de R$ 20. 

Hoje, pessoas que são da comunidade externa e não estudantes (docentes e técnicos) pagam R$ 16,60 no almoço e 9,26 no jantar e 8,92 no café da manhã. O valor de R$ 2 para o almoço no RU corresponde ao valor subsidiado pela universidade. 

Segundo a universidade, o restaurante universitário, que tem as refeições subsidiadas pela Uefs, não será prejudicado pelo self-service. Os alunos contestam. Há mais de seis meses o RU foi transferido para um galpão improvisado porque o espaço original está em reformas. 

Fila do restaurante improvi
Fila do restaurante universitário improvisado  Crédito: Acervo pessoal

As filas estão maiores e há reclamações sobre a qualidade da comida servida. "O novo restaurante está pronto, mas não é inaugurado pelo absurdo que é fazerem um self-service enquanto os alunos estão em local improvisado. É uma demora para comer, muitas filas e a comida muito ruim", diz Antony Araújo, integrante do Diretório Central dos Estudantes (DCE). Os alunos avaliam que o RU está "caindo aos pedaços".

O relatório de atividades da Uefs de 2023, o qual o CORREIO teve acesso, aponta que a obra do novo restaurante foi finalizada naquele ano. O contrato, firmado através da Superintendência de Patrimônio (Supat), custou R$ 893.860,44. Até hoje, no entanto, a empresa que vai gerir o espaço não foi selecionada. 

Segundo a Uefs, um investimento de R$ 1,25 milhão foi realizado no CAU 3, onde o self-service foi construído. "[o valor] não se destina exclusivamente ao restaurante self-service, mas sim a melhorias estruturais como acessibilidade, requalificação da rede elétrica e prevenção de incêndios, beneficiando todos os setores ali instalados", pontua a universidade. 

O restaurante universitário, por outro lado, recebeu R$ 7 milhões. A entrega da requalificação completa está prevista para julho de 2025, de acordo com a Uefs. A universidade nega que as condições do RU sejam as denunciadas pelos estudantes. A Uefs enviou uma imagem da inauguração do espaço provisório (veja abaixo). 

O novo equipamento poderá ser utilizado por qualquer pessoa, mas o self-service é uma demanda que surgiu dos servidores técnicos da universidade. Daiana Alcântara, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau do Estado da Bahia (Sintest) explica a demanda dos funcionários. 

"O novo espaço será um local acolhedor em prol da qualidade de vida, considerando que na maioria dos setores, senão em todos os setores da Uefs, não existem espaços adequados para que trabalhadores e trabalhadoras, ou qualquer pessoa, possa fazer suas refeições", avalia. Segundo ela, é comum que os funcionários saiam do campus para se alimentar. 

Daiana Alcântara lembra ainda que o novo espaço poderá ser utilizado por qualquer pessoa. "O espaço no sistema self-service e PF atenderá a toda a comunidade universitária e não apenas uma determinada categoria, e servirá como mais um espaço de alimentação no campus universitário, assim como as cantinas", completa. 

A Uefs confirma que a demanda partiu dos trabalhadores. "Em suas reuniões, assembleias e momentos de discussão coletiva entre as categorias que compõem a universidade, servidores técnicos e analistas manifestaram a vontade e necessidade de ampliação das possibilidades de alimentação no campus, uma vez que, atualmente, contam apenas com o RU e as cantinas", diz (veja a nota completa abaixo).

Inauguração do restaurante universitário em local provisório
Inauguração do restaurante universitário em local provisório Crédito: Divulgação/Uefs

 "Em um ambiente democrático e de diálogo, a demanda por um novo espaço foi acolhida pela gestão, considerando que os servidores não possuem refeições subsidiadas pelo Estado, ao contrário do corpo estudantil", completa a universidade. 

Essa não é a primeira vez que o debate ganha força na universidade. Em 2012, a proposta de construção de um novo restaurante self-service dentro da Uefs foi rechaçada pelos estudantes e não seguiu adiante. "Enquanto o restaurante universitário recebe inúmeras denúncias e tem completa insalubridade, se constrói um restaurante que poucas pessoas vão usufruir", aponta a organização dos estudantes. 

O que diz a Uefs

"Ao longo de seus quase 50 anos, a Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) tem crescido de forma contínua, acompanhada pelo fortalecimento de suas políticas de permanência e ações afirmativas. O Restaurante Universitário (RU) é um marco dessa trajetória, fruto de uma luta coletiva das diferentes categorias que compõem a comunidade acadêmica.

Mesmo com as obras de requalificação e ampliação do restaurante universitário em andamento, a gestão não mediu esforços para que as atividades não fossem interrompidas. Para assegurar o atendimento aos estudantes durante a reforma do RU, foi construído um restaurante provisório, evidenciando o compromisso da universidade com a permanência estudantil.

Em suas reuniões, assembleias e momentos de discussão coletiva entre as categorias que compõem a universidade, servidores técnicos e analistas  manifestaram a vontade e necessidade de ampliação das possibilidades de alimentação no campus, uma vez que, atualmente, contam apenas com o RU e as cantinas. 

Estes trabalhadores e trabalhadoras quando não trazem sua alimentação de casa, utilizam estabelecimentos no entorno da universidade para realizar as refeições, o que nem sempre está dentro das suas possibilidades financeiras. Em um ambiente democrático e de diálogo, a demanda por um novo espaço foi acolhida pela gestão, considerando que os servidores não possuem refeições subsidiadas pelo Estado, ao contrário do corpo estudantil, que é contemplado pelas políticas afirmativas.

Além da reforma do RU, a Uefs já conduz estudos para a criação de novos espaços de alimentação e convivência, alinhados ao crescimento indiscutível da universidade e às necessidades da comunidade universitária.

Diante de informações inverídicas que circulam, a Uefs esclarece que:

1. O Restaurante Universitário não será prejudicado pelo funcionamento do restaurante self-service. O investimento no RU é contínuo e prioritário para a gestão universitária;

2. Não há terceirização: o funcionamento do restaurante self-service se dará por meio de cessão de uso, assim como já ocorre com o RU;

3. As obras no CAU 3 — que incluem um investimento de R$ 1.258.618,11 — não se destinam exclusivamente ao restaurante self-service, mas sim a melhorias estruturais como acessibilidade, requalificação da rede elétrica e prevenção de incêndios, beneficiando todos os setores ali instalados;

4. Os investimentos no Restaurante Universitário já somam mais de R$ 7 milhões em quatro fases de reforma, abrangendo ampliação da cozinha e do salão, construção do restaurante provisório e urbanização externa. A entrega da requalificação completa está prevista para julho de 2025.

A administração central reafirma seu compromisso com a verdade, a democracia e, acima de tudo, com o cuidado e respeito à sua comunidade universitária e a permanência estudantil. A Uefs segue aberta ao diálogo e à transparência, mantendo-se à disposição para quaisquer esclarecimentos."