INVASÃO E ROUBO

Baianas lamentam arrombamento de sede da Abam: 'O imóvel está deteriorado'

Prejuízos superam o valor de R$10 mil

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  • Larissa Almeida

Publicado em 6 de maio de 2024 às 21:05

Imagens da invasão da Abam Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Na fachada do espaço que abriga a sede da Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivos da Bahia (Abam), no Pelourinho, o vestígio da invasão sofrida na madrugada de segunda-feira (6) é possível de ser percebido pela falta de uma das partes da grade, que foi removida quando criminosos utilizaram um bastão de ferro de mais de um metro para arrancar o portão e, depois, roubar o lugar. O arrombamento seguido de roubo, que se soma a outras 39 ocorrências do tipo na Abam nos últimos cinco anos, tirou a paz de Noélia Pires e Solange Santana, coordenadoras da Associação.

A mais velha entre as duas e que é considerada a anciã-guardiã do espaço, Noélia tinha lágrimas no rosto enquanto relembrava tudo que tinha acontecido. Inicialmente sem condições de falar, foi Solange quem relatou os estragos feitos pelos invasores. “O imóvel está deteriorado. Eles abriram a grade e entraram, arrancaram o reboco e quase que arrancam uma parede. Eu estava tentando ver como eles tiraram a caixa de som e tive a certeza de que não foi uma pessoa só. Estou me sentindo violentada”, enfatizou.

Por sua vez, Noélia contou que, quando recebeu a notícia, tanto ela quanto a presidente da Abam chegaram a passar mal. Ainda assim, ela insistiu em ir até o local e demonstrou inconformidade diante do que viu. “Não sei como eles conseguiram entrar diante de tanto cadeado e corrente. Levaram televisão novinha, caixa de som, alimentos e outra série de coisas”, detalhou.

“É surreal o que está acontecendo conosco, não estou achando uma coisa normal, porque é uma instituição que não tem dinheiro ou nada demais para ser roubada. [...] Eu estou indignada, não tenho nem palavras. É duro demais saber que uma instituição dessa, que se trata de patrimônio, não tem segurança ou a quem recorrer”, desabafou.

A estimativa inicial é de que os itens roubados pelos invasores tenham gerado um prejuízo de aproximadamente R$10 mil, mas Noélia garante que o valor é maior. Mas a preocupação dela e de Solange não se limita à reposição desses bens – que deverá ser feita a quantia de sobrevivência da Abam, que consiste em mensalidades simbólicas, no valor de R$ 12, pagas pelas baianas de acarajé cadastradas. Isso porque, a recorrência desses arrombamentos também inquieta a dupla.

“Só não violentaram aqui quando estava em reforma, que durou oito meses. Mas, desde que estou aqui há 16 anos, já houve arrombamentos. Antes da reforma, tinham dois quartinhos que Rita [presidente da Abam] guardava as coisas de cursos e projetos. Eles arrombaram os cobogós e, na reforma, reforçamos a estrutura porque eles entravam e saíam dali. Hoje, quebraram o portão. Ainda estou meio devastada. Eu sei que tem roubos aqui, mas não pensei que fossem tão violentos”, declarou Solange Santana.

Diante do agravamento do problema, as duas pediram ajuda às autoridades. “Eu peço às autoridades, prefeito, governador, quem for: nos acolha. Coloquem segurança. Não precisa ser de dia não, mas segurança durante a semana à noite e que nos finais de semana nós tenhamos o dia inteiro”, pediu Noélia.

“Eu faço um apelo às autoridades de polícia para que façam alguma coisa. Somos as pioneiras mulheres empreendedoras, não podemos ser violentadas todo dia. Saímos da nossa casa [Abam] e não sabemos se vamos encontrá-la no dia seguinte”, finalizou Solange.