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Wendel de Novais
Publicado em 23 de maio de 2024 às 05:00
Dos sete presos que foram alvos de mandados da Operação Hégira, deflagrada na manhã de quarta-feira (22) em presídios de Salvador, dois traficantes são 'batizados no Primeiro Comando da Capital (PCC)', além de serem lideranças da facção Bonde do Maluco (BDM). Na prática, o batismo na organização criminosa de São Paulo representa impacto em ações na Bahia e no estado do sudeste. >
Tanto que, nas celas, os acusados estavam com celulares para comunicação e cadernos com anotações de contatos, contas bancárias e coordenadas do tráfico. Coordenador de combate à corrupção e lavagem de dinheiro do Draco, o delegado Alexandre Galvão não cita o nome das organizações, mas detalha a ação dos dois que têm ligação direta com o PCC. >
“Dos três principais chefes que conseguimos mapear, dois são, sem dúvida, vinculados a uma facção paulista. Nós acreditamos que um terceiro também seja, mas não temos ainda a comprovação material disto. Eles, de dentro do sistema prisional, determinam quem vende o quê e quais as consequências para aqueles que não cumprem suas ordens”, detalha o delegado. >
“Eles são batizados no PCC. Podem, por exemplo, chegar na comunidade de Paraisópolis, um dos principais centros da facção em São Paulo, e serem recebidos. Eles têm representatividade no Sudeste, o que abre lastro para negociações por drogas e um maior acesso ao BDM, que é facção de origem dos dois, das armas de maior poder de fogo que estamos vendo na Bahia”, explica a fonte. >
Questionado sobre como a ligação entre os dois traficantes e o PCC foi comprovada, o delegado Galvão afirma que a Polícia Civil teve acesso a um material com informações de ações coordenadas entre a facção paulista e os alvos da operação. >
“Encontramos muito material de inteligência, material comprobatório, anotações, números telefônicos, números de contas bancárias e coisas do gênero. Em algumas das celas, também encontramos celulares usados para realizarem comunicação para fora do sistema prisional”, completa. >
A investigação que culminou na Operação Hégira teve uma duração de 22 meses até aqui e está na 10º fase. Os outros cinco presos alcançados pela ação também se configuram como lideranças criminosas em território baiano, mas não extrapolam as fronteiras estaduais.>