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Com a Caatinga em Salvador, prefeitos e moradores temem pela segurança no interior

Secretaria de Segurança Pública da Bahia não informou de quais cidades os policiais foram retirados para reforçar o combate as facções na capital baiana

  • Foto do(a) author(a) Vitor Rocha
  • Vitor Rocha

Publicado em 22 de outubro de 2024 às 21:47

120 agentes da Polícia Militar serem deslocados para atuar em Salvador Crédito: Flávia Vieira / Ascom SSP

O interior da Bahia viu sua força policial ser enfraquecida no combate à criminalidade, nesta terça-feira (22), após 120 agentes da Polícia Militar serem deslocados para atuar em Salvador. Com a transferência dos policiais, prefeitos e moradores temem o impacto que a medida pode ter na segurança local.

Atual gestor de Feira de Santana, a segunda maior cidade do estado, Colbert Martins afirma que a medida é surpreendente e indica que a criminalidade está fora do controle da Secretaria de Segurança Pública (SSP). "Salvador tem quatro milhões de habitantes. Onze milhões de pessoas vivem no interior do estado. Esses policiais foram treinados para atuar em ambientes de Caatinga, não em áreas de praia. Você desfalca o interior, enquanto o crime organizado, que não retirou ninguém do interior, provavelmente está se fortalecendo", declara.

O prefeito também mencionou a operação Angerona, realizada no Conjunto Penal de Feira de Santana. Segundo ele, a ação coordenada pela Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap), que fez uma varredura nas celas, evidencia o despreparo da pasta. "Se o Estado perdeu o controle sobre os presos, como pode garantir a segurança dos cidadãos que circulam diariamente pela cidade?", questiona.

A violência em Feira de Santana sempre foi preocupante, mas tem aumentado cada vez mais com a presença de facções. É o que aponta Abner Machado, morador do bairro de Cidade Nova. Segundo ele, a cidade tem se tornado um refúgio para criminosos que estão fugindo das autoridades em Salvador, e a medida só vai piorar este quadro. "Com certeza vai ficar mais complicado para nós aqui, embora a capital tenha uma demanda maior. Se tirarem o pouco que temos, a tendência é piorar o que já não está bom", revela o desenvolvedor de software.

Nascido e criado em Alagoinhas, cidade a 122 km da capital baiana, o professor de história Moisés Morais, de 44 anos, teme pela segurança de seu município. "Alagoinhas se tornou violenta nas últimas duas décadas. Antigamente você andava tranquilamente pela cidade. Você percebe, inclusive, na arquitetura da cidade: Condomínios fechados, câmeras de segurança, casas fechadas. Estas coisas praticamente não existiam antes", conta o morador do bairro de Alagoinhas Velha.

A SSP foi procurada para comentar sobre a medida e informar de quais cidades do interior vieram os PMs. O CORREIO não recebeu retorno até a publicação desta matéria. 

*Sob orientação do editor Rodrigo Daniel Silva