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Como eram os antigos cinemas de rua de Salvador, principais points culturais do século XX

Espaços marcaram gerações, influenciaram a vida cultural da cidade e hoje sobrevivem na memória

  • Foto do(a) author(a) Maysa Polcri
  • Maysa Polcri

Publicado em 22 de dezembro de 2025 às 05:00

Cinema Glauber Rocha é um dos únicos que permanecem ativo na capital
Cinema Glauber Rocha é um dos únicos que permanecem ativo na capital Crédito: Reprodução

No início deste mês, o Cine Excelsior, localizado no Pelourinho, em Salvador, voltou a ser debatido na capital baiana. A Câmara Municipal planeja transformar o espaço no novo plenário da Casa, mas esbarra em problemas estruturais. O Ministério Público Federal (MPF) instaurou um inquérito para apurar o risco de desabamento do imóvel, em dezembro. Principais points dos soteropolitanos no século XX, os cinemas de rua sofrem com as intempéries do tempo e, em muitos casos, com o descaso. 

Antes de serem chamados de 'cinemas de rua', eles eram apenas cinemas. Afinal, sequer existiam outras possibilidades de assistir aos filmes, em uma época em que shoppings e streamings não sonhavam em existir. Espalhados sobretudo pelo Centro Histórico de Salvador, esses espaços ajudaram a definir hábitos culturais e transformaram ruas e praças em locais de encontro e lazer ao longo do século XX.

Cinemas de rua de Salvador por Reprodução

As primeiras experiências com o cinema na capital baiana aconteceram ainda no fim do século XIX, dentro de teatros e casas de espetáculo. Em 1897, aconteceu a primeira exibição cinematográfica em Salvador, no Teatro Polytheama, já que a cidade ainda não possuía salas de cinema. Naquela época, os filmes não tinham som. 

O historiador Daniel Rebouças, doutor em História pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) lembra que o cinema chega a Salvador dividindo espaço com apresentações musicais, comédias e o teatro de variedades. 

"As salas fixas de cinema passaram a existir em Salvador a partir de 1910. O primeiro mais importante foi o Cinema Bahia, que ficava na Rua Chile. Ele dura uns dois anos, mas era um teatro já voltado para esse empreendimento, com o objetivo de segmentar em torno de um público mais de elite", explica. A primeira rua da cidade, naquela época, também era a mais importante do Brasil. 

Entre esses endereços, o Cine Guarany ganhou destaque. Localizado na atual Praça Castro Alves, o espaço se consolidou como um dos principais cinemas da cidade e, décadas depois, deu origem ao Cine Glauber Rocha. "Não foi por acaso que o Guarani foi construído ali; aquela região já era um ponto de circulação cultural”, afirma o historiador. Outros surgiram e ficaram marcados na história, como o Cine Jandaia, Glória, Excelsior, Aliança, Pax e Tupi. 

O Excelsior, inaugurado em 17 de abril de 1935, ocupando o lugar do Cine São Jerônimo, foi o primeiro cinema católico da Bahia.  Pertencente à Congregação Mariana de São Luiz, o espaço foi fundado pelo frei Hildebrando Kruthaupse, e tinha como objetivo arrecadar recursos financeiros para a manutenção da ação evangelizadora dos franciscanos, em Salvador.

Mais do que locais de exibição, os cinemas de rua tiveram papel central na formação cultural da cidade. Nas décadas de 1950 e 1960, esses espaços também se tornaram ambientes de debate e mobilização. "O cinema de rua foi também um espaço de atuação cultural e política de jovens, sobretudo, na década de 50, 60. É quando começa a ter as primeiras produções cinematográficas baianas e a ascensão do Cinema Novo", acrescenta Daniel Rebouças. 

O declínio começou a partir da segunda metade do século XX, com mudanças urbanas profundas. Com o deslocamento do centro financeiro em direção ao vetor norte de Salvador, especificamente para as áreas do Iguatemi e Tancredo Neves, o centro antigo sofreu um esvaziamento e os cinemas de rua se enfraqueceram.