DESDE DOMINGO

Confusão no caixa: soteropolitanos se surpreendem com nova lei que proíbe sacolas plásticas

Estabelecimentos só podem vender sacolas recicláveis; valores custam entre R$ 0,12 e R$ 0,32, a depender do local

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  • Maysa Polcri

Publicado em 13 de maio de 2024 às 06:51

A lei foi sancionada pelo prefeito Bruno Reis (União Brasil), em maio do ano passado
A lei foi sancionada pelo prefeito Bruno Reis (União Brasil), em maio do ano passado Crédito: Marina Silva/CORREIO

O oferecimento gratuito de sacolas plásticas em estabelecimentos comerciais de Salvador está proibido desde domingo (12). Lojas e supermercados podem vender os itens aos clientes, desde que eles sejam recicláveis. A reportagem acompanhou a manhã em que a lei municipal passou a valer e flagrou consumidores com dúvidas sobre a nova medida, além de confusão em supermercados da capital.

Alguns estabelecimentos comerciais já haviam colocado aviso informando os clientes de que as sacolas começariam a ser cobradas a partir do dia 12 de maio. Mesmo assim, desavisados se surpreenderam quando não encontraram o item disponibilizado nos caixas. Os valores custam entre R$ 0,12 e R$ 0,32, a depender do local, segundo levantamento do CORREIO.

Quando foi às compras por volta das 9 horas da manhã de domingo, a aposentada Mariluce Santos, de 67 anos, flagrou uma confusão dentro de um supermercado no bairro da Graça. "Eu estava na fila e uma senhora começou a brigar com o rapaz do caixa, que só estava cumprindo ordens. Chamou os funcionários de ladrão, causou no mercado", contou.

"Eu nem percebi [a cobrança]. Eles tão cobrando bem pouco. Acho que deveria ser de papel para não ficar essa sujeira na rua", completou a senhora. Mariluce carregava apenas uma sacola, mas, quanto maior as compras, mais significativo será o valor pago pelas sacolas. Se um cliente levar dez e cada unidade custar R$0,32, por exemplo, a compra ficará R$3,20 mais cara.

Durante todo o dia, os funcionários de supermercados precisaram repetir as explicações sobre a nova cobrança. A funcionária Tatiana Amorim contou que os clientes estão divididos com a nova medida. "Estamos os avisando há duas semanas, mas, mesmo assim, muita gente ainda não sabia. Quando chegam no caixa, alguns reclamam, outros pagam sem falar nada. Está bem dividido", revelou.

Para quem já está acostumado a levar sua sacola reutilizável quando vai às compras, a medida não mudou a rotina. Caso do estudante Eduardo Amorim, 22, que é adepto ao uso de ecobags. “Eu ouvi a moça do caixa explicando para um cliente. Acho que é uma boa medida para diminuir a poluição, espero que funcione”, disse.

Cintia Cerqueira, funcionária de um supermercado, lamentou a atitude de alguns clientes. “O pessoal está estranhando muito. Já culparam o mercado, os empresários, o governo, a prefeitura, todo mundo. Só não pensam no meio ambiente. Acho que de dez pessoas, uma pensa", disse. Ela espera que os consumidores se acostumem com o tempo. “É uma mudança, né? Acho que vai melhorar quando as pessoas entenderem”, disse esperançosa.

A Lei nº 9.699/2023, que entrou em vigor neste domingo, prevê que todas as sacolas plásticas comercializadas nos estabelecimentos da capital baiana sejam recicláveis, segundo o padrão da Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Isso significa que os itens devem ser confeccionados com mais de 51% de material proveniente de fontes renováveis. As informações devem estar claras nas sacolas plásticas. O objetivo da medida é reduzir o consumo de materiais poluentes pelos soteropolitanos.