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Descoberta foi por acaso e teve altos e baixos durante os 60 anos de extração
Gil Santos
Publicado em 12 de setembro de 2024 às 09:20
A cidade de Pindobaçu, considerada a capital das esmeraldas, surgiu da rotina de tropeiros que paravam na região para descansar. O início do município foi às margens do Riacho da Água Fria, na Fazenda Laje. Quando chovia as ruas ficavam encharcadas e eram transformadas em lama, por isso, com o tempo a região onde ficava os ranchos recebeu o nome de arraial do Lamarão. Hoje, Pindobaçu está na rota da extração de pedras preciosas, sendo uma referência mundial.
O primeiro revés foi em 1917, quando por conta da inauguração de uma estação de trem o povoado passou a ser chamado de Pindobaçu, o que significa "palmeiras altas" ou "palmeiras grandes". Em 1953, outra mudança, ocorreu a emancipação e a região passou a ser considerada um município.
A história de Pindobaçu sofreu um novo revés em 1963, quando um pequeno agricultor que estava limpando o terreno encontrou aos pés de um capim pedras verdes e brilhantes. Ele entregou as peças para uma autoridade local. Eram esmeraldas. A notícia espalhou como pólvora e em questão de meses a cidade foi inundada por garimpeiros de todo o estado em busca de pedras preciosas.
O representante da Cooperativa Mineral da Bahia (CMB), organização responsável pela extração das pedras na Serra da Carnaíba, em Pindobaçu, Lucivaldo Cunha, explicou que até meados década de 1970 a região viveu o auge da extração. Nesse período surgiu o termo Bamburrar, usado com o mesmo significado de enriquecer, e muitos garimpeiros bamburraram ou tentaram bamburrar. O pai dele foi um dos homens que tinham essa esperança.
"Quando eles alcançaram o quartzo, na profundidade da terra, encontraram dificuldades para continuar as perfurações. Em 1981, surgiu o garimpo em Campos Verdes, em Goiás, e muita gente correu pra lá, meu pai, inclusive. No convívio com outros garimpeiros, os baianos aprenderam a como passar pelo quartzo e alcançar as esmeraldas que estavam abaixo da rocha, e voltaram para Pindobaçu", conta.
A atividade foi retomada e novas pedras foram extraídas. A cooperativa surgiu em 2006, com o objetivo de salvaguardar os direitos dos trabalhadores. São 81 minas na região, sendo que 46 estão ativas, onde cerca de 600 pessoas trabalham no garimpo. Em 2023, foram extraídas 435 toneladas de xisto, que é o material bruto onde fica a esmeralda.
A cooperativa estima que 10 mil pessoas são impactadas pelo garimpo, principalmente o comércio. Apesar da movimentação, a prefeitura de Pindobaçu informou que a extração de esmeraldas tem pouco repercussão na receita do município, porque o comércio de pedras preciosas é realizado nas cidades vizinhas, principalmente em Campo Formoso, por conta da infraestrutura.
Esta semana, Pindobaçu voltou a ser notícia no Brasil e no mundo depois que uma canga de esmeralda de 225 kg foi encontrada a 230 metros de profundidade na Serra da Carnaíba. A peça foi avaliada em US$ 165 milhões e será leiloada em outro. Foi a sexta esmeralda gigante encontrada na mesma região em 23 anos.