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Carol Neves
Publicado em 10 de janeiro de 2025 às 12:39
A ex-gerente de operações do Hospital Mater Dei Salvador e enfermeira Camilla Ferraz Barros prestou depoimento nesta sexta-feira (10) na Coordenação de Repressão aos Crimes de Intolerância e Discriminação (Coercid), mas preferiu ficar em silêncio. Ela permaneceu na delegacia por cerca de 1h, mas nada falou. Camila chegou e saiu acompanhada pelo advogado, com o rosto coberto. Ela é investigada por injúria racial após chamar uma funcionária da loja Petz do Imbuí de "petista, baixa e preta". >
Em áudio encaminhado a um grupo do então trabalho, no Hospital Mater Dei, Camilla disse que foi agredida e que "acabou exagerando" por conta disso. A mensagem foi divulgada pela TV Bahia.>
"Vocês têm contato comigo e sabem que não sou uma pessoa racista, vim de baixo. Eu perdi o controle na loja depois de ter sido agredida fisicamente pela vendedora, então a única coisa que tinha para não agredir a vendedora era agredir com palavras, e acabei exagerando. Me desculpa a quem tem a cor negra, só posso pedir desculpa a vocês. Estou sendo 'achuncalhada', o Mater Dei está sendo citado, acredito que a empresa vai estar me desligando, mas faço questão de pedir desculpa a cada um de vocês", diz ela na mensagem, em meio às lágrimas.>
Camilla diz ainda na mensagem que fez exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML). "Vocês sabem minha essência, me conhecem diariamente e sabem que não sou essa pessoa. Só queria mesmo me explicar e dizer que antes disso tudo eu fui agredida, fui pro IML e só colocaram a parte que era conveniente pra mídia".>
Em nota, a Polícia Civil destaca que Camilla optou por silêncio hoje, "um direito constitucional que lhe assiste". Diz ainda que no boletim de ocorrência, a gerente do estabelecimento relatou ter sido ameaçada e agredida por uma cliente, além de ter sido vítima de injúria racial, com a cliente proferindo palavras de teor racista. Já a acusada alegou ter sido xingada e agredida fisicamente por funcionários e dois seguranças do local, além de ter sido filmada sem autorização. "Até o momento, 17 pessoas já foram ouvidas, e a Polícia Civil aguarda os laudos de lesão corporal. As investigações seguem em andamento para apurar todos os fatos relacionados ao caso", acrescenta o texto. >
Pouco tempo depois do episódio, Camilla foi demitida. Em nota, a Rede Mater Dei de Saúde informou o desligamento da gerente de operações e que não tolera qualquer ato discriminatório por parte de seus integrantes, assim como reafirma seu compromisso com a igualdade e a inclusão. "Após uma sindicância interna que envolveu a diretoria, o setor jurídico e compliance, a decisão foi comunicada neste domingo (5). A Rede Mater Dei de Saúde não tolera qualquer ato discriminatório por parte de seus integrantes e reafirma seu compromisso com a igualdade e a inclusão", diz trecho do comunicado.>