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Maria Raquel Brito
Publicado em 29 de outubro de 2025 às 06:30
Desde maio deste ano, motoristas e passageiros de veículos de grande porte enfrentam transtornos ao passar pelo trecho da BR-101 que fica na altura de Eunápolis, no extremo sul da Bahia. É o tempo que a ponte sobre o Rio Jequitinhonha está interditada, fazendo com que as viagens desses motoristas fiquem até três horas mais longas. Isso porque a rota alternativa mais curta, o chamado desvio da Veracel, tem 451 quilômetros. >
A BR-101, onde a ponte está localizada, é uma das rodovias mais importantes do país e a segunda mais extensa, com aproximadamente 4.500 km de comprimento. A via conecta 12 estados das regiões Nordeste, Sul e Sudeste. >
Com o intuito de reduzir os transtornos para os clientes, empresas de ônibus têm traçado estratégias distintas. A Rota Transportes, por exemplo, disponibilizou uma equipe de transbordo, com vans à disposição perto da ponte para que os passageiros não precisem enfrentar o desvio. “[Tem] vans e fiscais de pista e motoristas para baldear os passageiros e as bagagens entre o posto flecha em Itagimirim e o posto Ventania”, afirma a agência da empresa em Eunápolis.>
Em outras companhias, a saída foi antecipar os horários das viagens, de forma que os passageiros cheguem ao destino no mesmo horário que chegariam se passassem pela ponte. Um ônibus que saía às 16h20, por exemplo, agora sai às 13h20 para chegar em seu destino na hora habitual.>
A militar Maria Amália Dias, de 31 anos, viu essa mudança de perto na viagem que fez no último dia 18, de Itamaraju para Salvador – um trajeto que normalmente teria, em média, 14h, e agora leva cerca de 16h pelo desvio. Ela conta que, como não estava chovendo, não foi difícil passar pela estrada, mas, por se tratar de chão de terra, o ônibus balançava muito. >
“Por conta da estrada, a empresa tirou os ônibus de dois andares, que seria o semileito e leito, de circulação. Estão utilizando apenas o ônibus convencional e executivo, que são ônibus normais, de um andar só e são um pouco mais inferiores em relação ao semi-leito. Não é tão confortável”, conta.>
Se em dias normais são adicionadas entre duas e três horas ao percurso dos viajantes, as fortes chuvas dos últimos dias têm feito com que a estrada de terra se encha de buracos e lama, aumentando ainda mais o tempo de viagem e a ameaça de graves acidentes. À reportagem, caminhoneiros relataram ter ficado presos no congestionamento do desvio por dias quase inteiros.>
Estado do desvio da Veracel deixa motoristas apreensivos
O caminhoneiro José Carlos dos Santos faz esse caminho com frequência. Devido às más condições da estrada, porém, ele tem preferido direcionar suas rotas para outros cantos de uns tempos para cá. >
“Normalmente, eu passo por lá três vezes por mês. Agora eu estou evitando, porque é muito prejuízo. É mais óleo diesel que você gasta, fora a manutenção do caminhão. Nessa chuva, a buraqueira quebra tudo. E no meu soltou o cardan, tive que parar pra arrumar em Teixeira de Freitas”, conta. >
Nesta semana, diante do colapso dos desvios, um requerimento foi enviado ao Dnit cobrando informações sobre a ponte e as medidas adotadas para garantir a segurança do tráfego na BR-101. O documento é de autoria do deputado federal Neto Carletto (Avante). >
Ao CORREIO, o Dnit afirmou que a expectativa é de que as obras da nova ponte comecem até a primeira quinzena de novembro. De acordo com o departamento, a contratação emergencial para a reabilitação da ponte existente e construção da nova ponte foi realizada em duas fases, sendo a primeira etapa para elaboração dos projetos de engenharia para posterior início da execução das obras. >
Ao longo do desvio da Veracel, há uma placa sinalizando a execução emergencial de serviços de manutenção daquele trecho, uma obra de R$27,2 milhões. Segundo o aviso, as restaurações começaram em maio deste ano e têm previsão de término em janeiro de 2026. Questionado sobre os serviços que já foram realizados até o momento, o Dnit disse que foram feitos, "nos 72 quilômetros de rodovias estaduais pelo desvio da Veracel: instalação de dispositivos de segurança, instalação de sinalização vertical, reconformação de plataforma, recuperação de revestimento primário, aplicação de BGS e brita agulhadas no pavimento, umedecimento de revestimento, tapa buraco com CBUQ, roçada, poda de vegetação, operação 24 horas de equipamentos para guincho de veículos e sinalização de obras e segurança".>