Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Alan Pinheiro
Publicado em 12 de novembro de 2025 às 05:31
Os 476 anos desde a fundação de Salvador carregam histórias que podem ser contadas sob diferentes óticas, como através da arquitetura e do urbanismo. Nesta quarta-feira (12), a primeira capital do Brasil contará com o lançamento do livro Salvador - Grandes Obras (Editora Caramurê | R$ 190), a partir das 17h, no Museu de Arte da Bahia (MAB). O evento é aberto ao público e conta com uma roda de conversa com os responsáveis pela obra, além da participação do violinista Mário Ulloa.>
Escrita pelo arquiteto e urbanista Francisco Senna e pela jornalista e doutora em antropologia Cleidiana Ramos, a obra também celebra o aniversário de 50 anos da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi). De acordo com a comunicadora, o mais importante de entender a história dessas construções é refletir sobre o lado humano envolvido no espaço urbano.>
Cleidiana Ramos
Jornalista e doutora em antropologiaPrincipalmente nos capítulos escritos por ela, a formação étnico-cultural de Salvador ganha protagonismo. A obra mostra que a constituição da sociedade soteropolitana ao longo de seus mais de 400 anos influenciou diretamente em características marcantes da cidade, como o predomínio de uma população majoritariamente negra.>
O livro é resultado de uma pesquisa sobre o desenvolvimento da capital baiana, mostrando como os moradores influenciaram e foram influenciados pela cidade. Além da abrangência histórica do texto, a obra também conta com uma rica iconografia, contendo imagens de acervos de Salvador, França, Inglaterra, Portugal, Países Baixos e de colecionadores particulares, além de fotografias de Voltaire Fraga, Lázaro Torres, Agliberto Lima, Valéria Simões e outros.>
A publicação também trabalha as antíteses que são construídas na história da arquitetura e do urbanismo na cidade. A relação entre antigo e novo, além de clássico e moderno, são pensadas para entender como as mudanças em aspectos visuais, políticos e econômicos foram enfrentadas. O crescimento populacional e a migração do centro antigo em direção ao litoral norte são desafios que foram incluídos na narrativa para relembrar o passado e vislumbrar novos cenários.>
A capital baiana possui o Centro Histórico como patrimônio cultural da humanidade e uma série de bairros com características próprias. Na visão de Francisco Senna, essa complexidade é superada porque “a cidade é dinâmica e extremamente plural”. Para o autor, a riqueza de Salvador está justamente na pluralidade. >
Responsável pela organização da publicação, o editor Fernando Oberlaender reforça a característica de renovação da capital baiana. “Esse é um livro que fala de uma cidade que está sempre em movimento, desde sua fundação, em função da topografia acidentada, e por conta da força da cultura de sua gente”, explica.>
Em suas 300 páginas, a obra aborda desde o início, no período colonial, até questões mais atuais, como o deslocamento urbano de Salvador. Além dos temas citados, o livro também desenvolve a história da cidade através dos tempos de Brasil como Império e dos primeiros anos de República, além de contar e explicar as influências dos movimentos arquitetônicos na cidade, passando pelo barroco, rococó e chegando na arquitetura moderna e pós-moderna.>