Marcos Mion comenta denúncia de discriminação contra autista em Feira: 'Demissão é a pior atitude possível'

Apresentador cobrou mudança das empresas

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  • Da Redação

Publicado em 19 de novembro de 2023 às 08:06

Marcos Mion
Marcos Mion Crédito: Reprodução

O apresentador Marcos Mion comentou uma denúncia de discriminação sofrida por uma criança autista por uma funcionária da Riachuelo em Feira de Santana, na Bahia. O apresentador tem um filho autista, Romeo, de 18 anos, e avaliou que o jeito que a empresa lidou com o caso foi errado. 

A mãe da criança, Karla Gurgel, é uma alagoana que mora em Feira de Santana, e afirmou que o episódio aconteceu na última quinta. A vendedora foi demitida pela Riachuelo e a loja foi notificada pelo Procon no sábado.  A funcionária nega as acusações.

Em vídeos publicados em uma rede social, Mion disse que a situação é triste tanto para a mãe da criança quanto para a funcionária, afirmando que as empresas não preparam seus funcionários para atender clientes com qualquer deficiência. Para ele, a demissão não foi correta. 

"Eu não acredito em cancelamento, eu não acredito em execrar uma pessoa por falta de conhecimento. Sempre defendo que a gente tem que entender e acolher, porque ninguém tem a obrigação de nascer sabendo. Num caso como esse, a demissão é a pior atitude possível, porque tira do envolvido, da moça do caixa, a possibilidade de aprender, de evoluir, porque essa é a nossa obrigação", disse o apresentador. 

Ele disse que essa é uma oportunidade de ter um momento de mudança. "Acho drástico ela ter sido demitida, e lanço aqui a ideia: desejo que a empresa reveja essa decisão, e quem sabe transforme ela, e essa situação toda, num símbolo de mudança, onde todos os funcionários dessa rede gigantesca passem a ter treinamento adequado para lidar com PCDs de todos os tipos, e que a sociedade dê mais um passo para o respeito e igualdade", afirmou.

Vendedora se defendeu

A ex-funcionária da loja Riachuelo que foi acusada de tratar uma criança com autismo com discriminação publicou um vídeo, em suas redes sociais, em que diz estar sendo acusada injustamente. Jairta Lima, que foi demitida após a repercussão da denúncia feita pela mãe do menino, contou que era operadora de caixa há pouco mais de um ano na Riachuelo.

Segundo Jairta, uma colega de trabalho, identificada como Tatiana, teria passado o atendimento da cliente preferencial e não explicou a situação. “Ela simplesmente jogou no meu caixa”, diz, no vídeo. “Perguntei: ‘Tati, por que você está passando essa cliente para mim?’. Ela simplesmente me deu as costas e saiu. Até então, eu atendi a mãe e a criança super bem. Em nenhum momento destratei ela. Quando ela saiu do meu caixa, eu virei para Tati e disse: ‘Tati, não traga mais essas bombas”, conta.

A ex-funcionária disse que, na Riachuelo, é comum que ‘cartões terceiros’ - ou seja, que não são da própria loja, sejam chamados de bombas. “A gente não está se referindo ao cliente, não está se referindo a ninguém. Está se referindo a cartão porque, lá dentro da empresa, todas as Riachuelos trabalham com meta. Se a gente passa um cartão Riachuelo, a gente fica dentro da meta. Se você passa um cartão terceiro, que não seja da loja, sua PA (posição de atendimento) cai. Por Tatiana trazer essa cliente para mim, com cartão terceiro, eu achava (sic) que ela estava querendo passar o terceiro para mim e ficar com a PA. Por isso eu interroguei a Tati”, conta.

Jairta enfatizou que não se referiu nem à cliente nem à criança como bombas. Ela disse não saber do quadro de autismo do menino.

“Ela (a mãe) não apresentou para mim o cartão. Ela apresentou a Tatiana e eu não estava presente. Eu estava em outro caixa”.

A ex-funcionária pediu, no vídeo, que a mãe que fez a denúncia “pense” sobre o que está fazendo com ela. “Você sabe que eu não falei nada com você, nem com seu filho. Você sabe que eu te atendi muito bem no caixa. Eu fui prejudicada, fui demitida injustamente. Tenho duas filhas. Estou passando dificuldade. Meu esposo está desempregado. E eu estou sendo acusada injustamente”, desabafou, dirigindo-se à mulher.

Entenda o caso

Uma mãe gravou uma situação de suposto capacitismo feito por uma funcionária da loja Riachuelo, do Shopping Boulevard, em Feira de Santana, na Bahia.

O vídeo não tem data, mas na gravação, é possível ver o nervosismo da mãe que alega que escutou a funcionária falando que não gostava de pegar clientes "bomba", dando a entender que seriam clientes complicados de finalizar a compra.

"Fui atendida com o meu filho Matheus, que tem autismo. Aqui no caixa eu apresentei a carteirinha dele, porque ele tem direito ao atendimento prioritário. Fui atendida por uma moça, e ela passou por uma outra funcionária. E assim que terminou o atendimento, ela foi e disse para a moça "não me passa essas bombas, não". E meu filho não é bomba. Não gostei", disse.