Saiba quantos são e onde atuam os professores indígenas da Bahia

Docentes atuam em 27 escolas que contam com 44 anexos

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  • Larissa Almeida

Publicado em 19 de abril de 2024 às 08:00

Educação indígena
Educação indígena Crédito: Amanda Chung/Divulgação

Na próxima terça-feira (23), os deputados e deputadas da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) devem votar no Projeto de Lei (PL) que visa equiparar os salários dos professores indígenas aos salários dos demais integrantes do magistério e possibilitar o avanço na trajetória profissional dos educadores dessa etnia. A proposta, entregue nesta quinta-feira (18) ao Parlamento, vai beneficiar cerca de 700 educadores. O dado é da Secretaria de Educação (SEC-BA).

Com a segunda maior concentração de povos indígenas do Brasil e somando quase 230 mil pessoas autodeclaradas, a Bahia tem professores da etnia atuando predominantemente nos municípios que abrigam aldeias dos povos originários. São eles: Abaré, Alcobaça, Angical, Banzaê, Barreiras, Belmonte, Buerarema, Camacan, Camamu, Cocos, Curaçá, Euclides da Cunha, Glória, Ibotirama, Ilhéus, Itaju do Colônia, Itamaraju, Itapebi, Muquém de São Francisco, Pau Brasil, Paulo Afonso, Porto Seguro, Prado, Rodelas, Santa Cruz Cabrália, Santa Rita de Cássia, Serra do Ramalho, Sobradinho, Una e Utinga.

A SEC-BA não informou a relação de municípios que tenham educadores indígenas, mas disse que o estado abriga 27 escolas indígenas, que contam com 7.400 alunos. Nessas escolas, ainda há 44 anexos. Na educação infantil, são 946 alunos; no Fundamental, 3.673; no Ensino Médio, 1.352; no EJA, 1.576; e no Profissional, 55.

A liderança e gestora escolar indígena Patrícia Pankareré, que discursou na Alba durante apresentação do projeto, destacou as razões para mobilizar a reestruturação da carreira no magistério. “Era muito difícil para nós, enquanto professores indígenas, continuar com uma lei que não ajudava em momento nenhuma com a questão do crescimento da carreira. Nós precisávamos dos avanços verticais e horizontais, e receber como um funcionário público do magistério com as garantias. Então, ficamos trabalhando nesse projeto para ter a garantia da mudança”, disse.

Pajé Indira, professora indígena do povo Pataxó, diz que, se o PL for aprovado, sua vida vai mudar drasticamente. “Por conta dos meus conhecimentos, eles me deram o título de Doutora e agora me chamaram para dar aula na faculdade. Antes, eu não recebia salário e, agora, vou receber porque vou dar aula”, celebrou, confiante na aprovação da proposta legislativa.

Professora indígena da Comunidade Pataxó Hãhãhã, de Pau Brasil, no Sul do Estado, Maria José Muniz de Andrade também celebrou a iniciativa. “Sou professora há mais de 40 anos e é com muita emoção que recebo essa notícia. Vejo o quanto eles precisam dessa mudança, para trabalhar com mais dignidade e melhores condições de trabalho”, finalizou.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro