CRIME

Sara Freitas: o que se tem sobre a morte da pastora e o julgamento dos quatro acusados

Cinco meses separam a execução do crime do primeiro dia de julgamento

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  • Wendel de Novais

Publicado em 26 de março de 2024 às 16:37

 Ederlan Mariano, Bispo Zadoque, Gideão Duarte e Victor Gabriel
Ederlan Mariano, Bispo Zadoque, Gideão Duarte e Victor Gabriel Crédito: Reprodução

Entre 24 de outubro, dia da morte da pastora e cantora gospel Sara Freitas, e esta terça-feira (26), primeiro dia de julgamento dos quatro acusados pelo crime, se passaram cinco meses. De lá até aqui, Ederlan Mariano, marido da vítima, foi investigado e indiciado como mandante do crime, as famílias da vítima e do acusado entraram em uma briga judicial pela guarda da filha dos dois, três outros suspeitos foram acusados pelo crime e o que teria motivado o assassinato foi divulgado pelo Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA).

Veja o que se sabe até agora sobre a morte de Sara Freitas:

Sara desaparece e é morta

A cantora gospel e pastora Sara Mariano desapareceu no dia 24 de outubro, após sair de casa, no bairro de Valéria, em Salvador, para um evento religioso que ocorreria em Dias D'Ávila. Na ocasião, o próprio marido dela, Ederlan Mariano, denunciou o desaparecimento. Ederlan informou na ocasião que Sara tinha costume de participar de vários eventos religiosos e na noite de terça um carro foi buscá-la para levá-la até o encontro do qual ela participaria. Mais tarde, ele tentou falar com a esposa e não conseguiu. Ele chegou a dizer que não tinha mais detalhes sobre se ela chegou a partir do evento.Ederlan chegou a ir até o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para prestar queixa na manhã de quinta-feira (26).

Corpo de Sara é encontrado e Ederlan é preso

O corpo de Sara Mariano foi encontrado carbonizado às margens da BA-093, na altura de Dias D’Ávila, na tarde da sexta-feira (27). O marido reconheceu os restos mortais da vítima. Como o corpo estava carbonizado e irreconhecível, a suposta identificação só foi possível inicialmente graças aos objetos encontrados ao lado da vítima, apontados como de Sara. No mesmo dia, Ederlan foi preso. Inicialmente, foi divulgado que ele confessou o crime, mas a defesa negou e alegou que ele era inocente.

Gideão e Zadoque são presos

A investigação do caso levou à prisão de Weslen Pablo Correia de Jesus, conhecido como “Bispo Zadoque”, e Gideão Duarte de Lima. A participação de Zadoque no assassinato de Sara Mariano teria sido como receptor da vítima. Após buscar a cantora gospel em casa para levá-la a um culto que não existia, Gideão, apontado como um motorista da confiança dela, a teria entregado a Zadoque. Os dois foram presos entre a noite do dia 14 e a manhã do dia 15 de novembro.

Quarto acusado é preso

Seis dias depois, a Polícia Civil prendeu Victor Gabriel Oliveira, de 24 anos, como o quarto suspeito de envolvimento na morte da cantora gospel. O mandado de prisão foi cumprido em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. Investigado pela 25ª Delegacia Territorial (DT/Dias D'Ávila), Victor Gabriel teve participação tanto no homicídio da artista quanto na ocultação de seu cadáver, conforme apontou a apuração do caso. Ele teria segurado a vítima enquanto Zadoque a esfaqueava.

Briga judicial pela guarda da filha de Sara e Ederlan

No dia 29 de novembro, ainda não havia definição sobre quem seria responsável pela guarda da filha da vítima e do acusado. Nesta data, a menina de 11 anos foi ouvida por cerca de três horas durante a audiência de justificação, no Fórum da Família, em Nazaré. A audiência teve início às 9h20 desta quarta-feira (29) e, às 13h, os advogados das famílias materna e paterna deixaram o Fórum para o intervalo de almoço. Durante todo esse tempo, apenas a criança foi ouvida em um depoimento especial, que acontece em uma sala separada e na presença de assistentes sociais.

Justiça concede guarda para família de Ederlan

No dia de 13 de dezembro, a Justiça concedeu a guarda provisória da filha de Sara Freitas para a família de Ederlan, pai da criança e acusado de ser o mentor da morte da cantora gospel. A decisão foi divulgada pela advogada Sarah Barros, que representa a família de Sara. Na época, os representantes da família da vítima afirmaram que iriam analisar a decisão judicial e interpor recurso para o Tribunal de Justiça.

MP oferece denúncia dos quatro suspeitos

No dia 19 de dezembro, o Ministério Público Estadual denunciou Ederlan, Zadoque, Gideão e Victor por homicídio qualificado da cantora gospel Sara Freitas. Segundo a promotoria, o crime foi cometido por motivo torpe, meio cruel, sem possibilidade de defesa da vítima. Eles também foram acusados por ocultação de cadáver e associação criminosa. A Justiça baiana recebeu a denúncia e acatou o pedido de prisão preventiva feito pela Polícia Civil, com parecer favorável do MP, contra os quatro.

Motivação apontada pelo MP

No dia seguinte a denúncia, o MP divulgou que os quatro suspeitos pela morte da cantora gospel Sara Mariana tinham intenção de usar a imagem da artista para lançar a carreira de Victor Gabriel, um deles, que também é cantor. No texto da denúncia, o MP apontou que que o crime aconteceu porque Zadoque, Victor e Gideão, sob ordens de Ederlan, queriam “se apoderar da imagem pública de Sara Mariano, fazendo uso de toda a estrutura já montada em torno dela, para lançar a carreira de Victor, com o que todos lucrariam futuramente".

Primeiro dia de julgamento dos acusados

O primeiro dia de audiência do julgamento do pastor Ederlan Santos Mariano e três cúmplices pelo assassinato da pastora e cantora Sara Freitas, no mês de outubro do ano passado, acabou antes do previsto nesta terça-feira (26) no Fórum Criminal de Dias D’Ávila. A audiência, que começou por volta das 9h e é promovida de maneira híbrida pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), apresentou problemas de conexão e precisou ser interrompida às 13h10 por instabilidade do sistema, de acordo com advogados da família da vítima e de Ederlan, apontado como autor intelectual do crime.