Sesab aponta falhas na saúde municipal como causa da superlotação do Hospital Geral de Camaçari

Secretaria municipal diz que atual sistema de regulação estadual sobrecarregou Upas do município

  • Foto do(a) author(a) Da Redação
  • Da Redação

Publicado em 26 de abril de 2024 às 16:16

Hospital Geral de Camaçari (HGC)
Hospital Geral de Camaçari (HGC) Crédito: Divulgação

O Hospital Geral de Camaçari (HGC), localizado na Região Metropolitana de Salvador (RMS), enfrenta uma superlotação de pacientes, segundo declaração da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab). Nesta quinta-feira (25), a pasta afirmou que cerca de 46% dos atendimentos, que são casos sem gravidade ou de baixa complexidade, deveriam ser resolvidos em Unidades Básicas de Saúde (UBS) municipais e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).

Nesses casos, estão incluídos pacientes que procuram a unidade com dor de cabeça, tontura, infecção no ouvido, gripe e até unha encravada. De acordo com a pasta, os residentes de Camaçari representam mais de 94% dos atendimentos pediátricos e 77% dos adultos, uma situação que "revela a deficiência das estruturas de saúde municipais e compromete a capacidade de resposta a urgências do HGC", argumenta a Sesab.

Em nota, a Secretaria de Saúde de Camaçari (Sesau), afirmou que, desde 2020, a Sesab limitou o atendimento de urgência e emergência para qualquer pessoa no HGC, recebendo apenas pacientes regulados pela Regulação Estadual. Com a chamada  "demanda espontânea" suspensa na unidade, o município aumentou a capacidade de atendimento das suas unidades de saúde de urgências e das unidades de Atenção Básica para o acolhimento dos pacientes com pequenas urgências.

Mas, por conta do atual sistema de regulação estadual, as Upas do município atingiram uma superlotação. Nesta sexta-feira (26), Camaçari registrou cerca de 40 pacientes nas unidades de urgência e emergência aguardando para serem transferidos, alguns desses aguardando há mais de 25 dias por um leito de referência do estado, segundo a Sesau.

Leia a nota da Sesau na íntegra:

A Prefeitura de Camaçari, através da Secretaria da Saúde (Sesau), em resposta à matéria publicada pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), cujo título é: “Hospital Geral de Camaçari enfrenta superlotação por falta de estruturas de saúde municipais”, esclarece que vê com estranheza as informações divulgadas pelo governo do estado, uma vez que o Hospital Geral de Camaçari (HGC) limitou o atendimento de urgência e emergência para qualquer pessoa, recebendo apenas pacientes regulados pela Regulação Estadual.

Em virtude disso, a Sesau salienta que em novembro de 2020, foi surpreendida através de um ofício enviado pela direção do HGC informando que o atendimento, por demanda espontânea na unidade, estava suspenso e que, a partir de então, o atendimento aos pacientes seria, exclusivamente, através do Sistema de Regulação do Estado, portanto, no chamado sistema de “porta fechada”.

Na época a Sesau alertou à população, bem como aos gestores do hospital, sobre as consequências do fechamento da porta da unidade, conforme publicação no site oficial da Prefeitura de Camaçari, intitulada: “Sesau teme sobrecarga das UPA e PA com fechamento da emergência do HGC”, que pode ler lida na íntegra através deste link.

A partir desta decisão unilateral, tomada pela Sesab, sem dialogar com os gestores de saúde que compõe a Comissão Intergestora Regional (CIR), o município ampliou a capacidade de atendimento das suas unidades de saúde de urgências, e as da Atenção Básica para o acolhimento aos pacientes com pequenas urgências.

Entretanto, devido ao atual sistema de regulação estadual, há uma superlotação nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) do município. Inclusive, nesta sexta-feira (26/4), Camaçari registra cerca de 40 pacientes nas unidades de urgência e emergência aguardando para serem transferidos, alguns desses aguardando há mais de 25 dias por um leito de referência do estado.

Em relação ao atendimento de urgência e emergência pediátrico, atualmente, Camaçari possui um Centro de Atenção à Saúde da Criança composto por uma Policlínica Pediátrica e uma UPA Pediátrica com leitos de observação, de isolamento, e de reanimação, além de sala vermelha, ECG, raio-x, e laboratório 24h.

Desde que foi implantada em 27 de setembro de 2018, a UPA Pediátrica já realizou mais de 200 mil atendimentos. Incluindo crianças de outros municípios, que não encontram atendimento no HGC e recorrem ao atendimento municipal.

Atualmente, Camaçari possui 65 equipes de Saúde da Família, 13 de Atenção Primária, 41 de Saúde Bucal, duas multiprofissionais, uma do Consultório na Rua, 38 Unidades de Saúde da Família (USF), quatro Unidades Básicas de Saúde (UBS), duas Academias da Saúde, além de duas equipes do Serviço de Atendimento Domiciliar, proporcionando uma cobertura de Atenção Básica de 82,12%, e de cobertura de Saúde Bucal de 56,80%.

Em 2016, o quadro da cobertura de Atenção Básica era de apenas 56,80%, e a de Saúde Bucal 28%, com várias equipes de saúde da família incompletas. Atualmente, todas as equipes de Saúde da Família estão completas, inclusive com médico.

Além disso, de forma inédita, Camaçari criou o programa SESAU Fila Zero, que depois se transformou no Centro de Cirurgias Eletivas. Onde, com recursos próprios e um investimento superior a R$ 60 milhões, realizou de janeiro de 2022 até a presente data, mais de 300 mil procedimentos, entre consultas e exames especializados, assim como mais de 7 mil cirurgias eletivas.

Ainda sobre a Atenção Especializada, somente de 25 de maio de 2023 a 22 de abril deste ano, já foram realizados pela Sesau, através da Marcação Integrada, 318.969 agendamentos de requisições para exames, consultas e cirurgias eletivas. Diferente do que ocorria no município até 2016, quando a população tinha que passar as madrugadas em filas para tentar marcar consulta ou exame num único local disponível para toda a cidade.

Com a mudança, o munícipe pode cadastrar sua requisição em todas as unidades de saúde da sede e costa e aguardar a confirmação, via torpedo ou WhatsApp, da data para a realização do procedimento.