Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Estadão
Publicado em 8 de abril de 2024 às 09:46
O Equador começou a enfrentar neste domingo, 7, uma onda de condenações por causa da invasão da polícia à embaixada mexicana em Quito, que resultou na captura do ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas, condenado por corrupção e suborno em dois processos, um deles envolvendo a Odebrecht.
A operação policial fez o México romper relações diplomáticas com o Equador, acusado de violar a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, que assegura a inviolabilidade de representações diplomáticas. EUA, União Europeia e países da América Latina criticaram o governo do presidente Daniel Noboa.
A reação era esperada do arco regional de líderes de esquerda - Colômbia, Cuba, Venezuela, Chile e Brasil. A Nicarágua foi além das críticas e também rompeu relações com o Equador. Mas presidentes conservadores, como de Argentina e Uruguai, também repreenderam o governo equatoriano, deixando Noboa isolado.
Invasão
A operação de uma equipe de elite da polícia invadiu a embaixada mexicana na noite de sexta-feira, 5, e retirou Glas em menos de dez minutos. O ex-vice-presidente foi levado para a penitenciária de segurança máxima de La Roca, em Guayaquil.
A chanceler equatoriana, Gabriela Sommerfeld, tentou justificar a ação. "Havia risco de fuga", disse. Noboa se defendeu. "Não permitiremos que nenhum criminoso permaneça impune." O argumento do Equador é que o asilo dado a Glas era ilegal, porque a Convenção de Caracas, de 1954, determina que o asilo político não é válido em caso de crimes comuns.
No entanto, muitos analistas, incluindo diplomatas equatorianos, lembraram que cabe ao país que concede o asilo determinar se o crime é ou não político. Além disso, ainda que o governo de Noboa tivesse base jurídica, ela se perdeu com a invasão da polícia ao prédio da embaixada.
Opositores, como o ex-presidente Rafael Correa, aproveitaram para atacar Noboa. "Nem nas piores ditaduras a embaixada de um país foi violada", disse Correa. "Noboa não tem capacidade para governar", afirmou Luisa González, candidata derrotada pelo presidente equatoriano na eleição de 2023.
A maior preocupação do Equador é com as consequências econômicas que o isolamento diplomático pode ter. Em princípio, as importações e exportações são feitas por agentes privados, mas o governo do presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, pode colocar entraves na relação comercial.
A Colômbia solicitou uma reunião extraordinária da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) para abordar a violação por parte do Equador da Convenção de Viena. O México garantiu que entrará com uma ação na Corte Internacional de Justiça. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.