Investigação indica que comandante cortou combustível em acidente da Air India, diz jornal

As investigações sobre o acidente com avião da Air India que deixou 260 mortos ao cair logo após a decolagem estão focando no capitão Sumeet Sabharwal, que ficou calmo quando notou que o fornecimento de combustível para os motores havia sido cortado. Ao lado dele, o copiloto Clive Kunder entrou em pânico.

Para os investigadores, o diálogo entre os dois gravado pela caixa-preta aponta que seria o capitão Sabharwal o responsável por desligar os interruptores. Pouco antes da queda, um dos pilotos foi ouvido no gravador de voz da cabine perguntando ao outro por que ele havia cortado o combustível. “O outro piloto respondeu que não havia feito isso”.

Segundo o Wall Street Journal, o copiloto foi quem estava pilotando o avião no momento da decolagem, então provavelmente estava com as mãos ocupadas. Isso deixava o comandante com liberdade para supervisionar a operação e atuar em ajustes, além de manusear outros sistemas do avião.

Os dois interruptores que cortam o fornecimento de combustível para os motores foram desligados em sequência, com apenas um segundo de diferença. A avaliação é que não é possível desligar esses botões por acidente. Não há confirmação se o desligamento foi de propósito ou algum engano.

Dez segundos depois, os botões foram religados, mas já era tarde demais. Sem o combustível chegando nos motores, o avião perdeu sustentação e caiu em um prédio perto do aeroporto de Ahmedabad. Das 242 pessoas a bordo, só um passageiro sobreviveu. Outras 29 pessoas em solo também foram mortas.

Reportagem do The Daily Telegraph afirma que há informação de que o piloto Sabharwal sofria de depressão e tinha outros problemas de saúde mental.“Ele havia se afastado dos voos nos últimos três a quatro anos. Tirou licença médica por isso", disse o capitão Mohan Ranganathan, especialista de segurança de aviação da Índia.

Além disso, o capitão havia tirado licença após a morte da mãe. Um ex-colega afirmou que Sabharwal pensava em se aposentar para cuidar do pai, que tem 90 anos. Ele foi descrito como um "verdadeiro cavalheiro".

Já o copiloto Clive Kunder tinha apenas 28 anos, com uma carreira mais curta, mas já acumulava amais de 3.400 horas de voo.

A Air India não comentou oficialmente, mas o Telegraph diz que um funcionário da Tata, que controla a companhia, negou que o capitão tenha tirado licença médica. Disse ainda que os dois pilotos passaram por exames físicos e psicológicos nos últimos dois anos.

Fornecimento de combustível

Os pilotos ligam e desligam os interruptores de fornecimento de combustível em momentos devidos durante o voo. Dessa vez, o combustível foi cortado logo após a decolagem e o trem de pouso não foi recolhido, em procedimentos incorretos.

Naquele momento, o copiloto era quem pilotava a aeronave, enquanto o capitão estava apenas monitorando.

O relatório acrescenta que os interruptores foram religados para a posição “ligado” segundos depois, iniciando o processo de religamento dos motores. Não houve tempo de recuperar, porém.

Um dos motores chegou a ser religado, mas não ganhou potência, enquanto o outro ainda estava no processo de retomada de funcionamento.

No local do acidente, os interruptores foram encontrados na posição “ligado”.