11 blocos e camarotes fazem lançamento para Carnaval 2023 

Setor acredita que festa unirá blocos, trios e bailinhos 

Publicado em 2 de março de 2022 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

Na Bahia, sempre que termina um Carnaval, já se começa a programar o outro. Esse ano, pela impossibilidade da realização da folia pela pandemia da covid-19, os bailinhos dominaram a programação – mais de 30 festas privadas aconteceram em Salvador e Região Metropolitana. Para o Carnaval de 2023, a ideia do setor é manter esse formato, em harmonia com os blocos e camarotes. Pelo menos 11 deles já foram lançadas para o ano que vem, como o Camaleão, Nana e Camarote Salvador, e seis deles iniciaram as vendas.  

O Camarote Skol, por exemplo, já está confirmado no circuito Barra Ondina do ano que vem, de quinta (16/02/2023) a terça (21/02/2023). Os valores variam de R$ 650 a R$ 790 e três atrações já foram confirmadas: Claudia Leitte, Harmonia do Samba e Durval Lelis. “Acredito que o Carnaval do ano que vem vai ser o maior de todos os tempos, porque as pessoas estão com sede se festa, com saudade do Carnaval de rua, dos blocos e camarotes”, afirma o empresário Binho Ulm, sócio da 2gb entretenimento.  

A empresa, que organiza o Camarote Skol há mais de 12 anos, se reinventou, em 2022: criou o Baile Barra Ondina, no Clube Espanhol, para relembrar a folia momesca. Foram três dias de festa, com Bell Marques, Pedro Sampaio, Durval Lelis, Tuca Fernandes e Rafa e Pipo Marques. “O bailinho veio, esse ano, porque não tinha condições de se fazer grandes estruturas e público, então mudamos para atender o decreto e limite de 1.500 pessoas”, conta Binho Ulm.  

O sucesso foi tanto que haverá a ressaca do Baile, no próximo sábado (5), com Harmonia e Durval, além da manutenção do formato para o próximo ano. “Vamos criar um bailinho com fanfarra, para um público menor, como foi esse ano. Estamos pensando, de preferência, em um espaço perto do circuito e de dia, com feijoada e show de alguma banda do Carnaval de Salvador. Os bailinhos vão permanecer e o mercado vai se adequar a essa nova realidade”, defende.   Camarote Skol inicia vendas para 2023 (Foto: DIvulgação) O empresário Fred Boat, um dos sócios do Camarote Nana, ainda não lançou ingresso, mas acredita que os bailinhos só têm a agregar ao leque de opções carnavalescas, em 2023. “Acredito que, ano que vem, se volte à normalidade, o Carnaval vai amadurecer e o bailinho também vai ter seu lugar, porque nossa festa é democrática e recebemos todo tipo de gênero e formato”, opina Boat.  

Foliões saudosos  O administrador Vinícius Fiuza, 37, já tem comprado seu Camaleão de 2023, bloco que acompanha há 20 anos ininterruptos. “Tenho comprado desde 2021. Como não tivemos o Carnaval, o Camaleão que já tinha adquirido ficou para o ano que vem. Ouço Bell Marques todo dia no carro, no chuveiro, em todo lugar. Amo axé, está no meu sangue”, conta Fiuza.  

Seus planos são curtir o Carnaval de 2023 como se não houve amanhã. “Quero curtir o que não pude em 2021 2 2022. Quero ir pra rua, camarote, bloco, com minha mulher, meus amigos, voltar pra casa ao amanhecer. Viver mais uma vez o carnaval de Salvador como sempre vivi: Feliz, pois é a minha festa” declara o folião.  

O advogado Domingos Mariano, 37, também é um dos milhares de baianos saudosos da avenida. Ele brinca Carnaval desde os 18 anos e não abre mão da programação: quinta nos Mascarados, domingo, segunda e terça de Gandhy, e, na sexta, em um bloco criado com amigos, chamado As Coisinha, em que eles vão vestidos de mulher. “Sinto muita falta da alegria e do clima de diversão que a cidade fica. É boa demais a energia”, relembra. 

Já o auxiliar administrativo Cleber Almeida, 32, sente falta dos blocos de Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Léo Santana e Timbalada. No último Carnaval, em 2020, ele saiu no Coruja, Voa Voa e Nana. “Amo muito Carnaval e senti muita falta, esse ano. Espero que a gente possa curtir de novo ano que vem, correndo atrás do trio, naquela aglomeração”, deseja Almeida.  Cleber Almeida espera poder curtir Carnaval no circuito Dodô em 2023 (Foto: Acervo Pessoal) Possibilidades  No entanto, o formato da folia de 2023 ainda deve ser alvo de muita discussão, segundo o presidente da Associação de Produtores de Eventos (Ape), Adriano Malvar. “A gente não sabe como será o investimento, se os circuitos vão ser modificados, e vários camarotes perderam as estruturas. Se existe alguma revitalização a ser feita, se tiver que recriar o circuito, devemos fazer agora”, avalia Malvar.   

Para isso, é preciso pensar a festa com a coletividade e todos os atores. “Temos que pensar desde o catador de latinha ao ambulante que fica nas ruas, os sete dias, sem estrutura adequada. No custo dos trios, que precisam de alto investimento de iluminação e equipamento, no valor do imposto cobrado pelo poder público, para dar segurança à festa. Porque é um momento de grande visibilidade. Se uma banda faz bem seu Carnaval, se garante de agenda o ano inteiro”, 

Falta de recurso ameaça realização da festa  Outro fator também define o futuro do Carnaval – a viabilidade econômica da folia. Para o presidente do Conselho Municipal do Carnaval (Comcar), Flavio Emanoel, esse é o principal problema relacionado ao tema, hoje, e ameaça a realização da festa, em 2023.  

“Ao longo desses três anos, os empresários ficaram com seus caixas vazios, comeram todo seu capital de giro. Como esses caras vão fazer para colocar o bloco ou camarote na rua? Porque banco não vai emprestar dinheiro para uma empresa que ficou parada”, pontua Emanoel. Para ele, a solução seria criar um fundo de investimento para bancar os custos do Carnaval.  Camarote Salvador inicia vendas e ingressos custam a partir de R$ 1.390 (Foto: Divulgação) Emanoel estima que, dos 12 camarotes existentes no circuito, pelo menos três ou quatro têm algum investimento sobrando no caixa. O resto, ou seja, a maioria, não. “Para fazer girar um camarote de R$ 8 a R$ 9 milhões, é preciso ter, pelo menos R$ 2 a R$ 3 milhões. Mesmo que tenham vendas antecipadas, não chega a arrecadar esse valor. Os donos de trio tiveram que vender seus equipamentos, mesas de som... onde vamos conseguir isso? É um problema econômico muito sério”, questiona o presidente do Comcar. 

Carnaval é expressão da cidade  Antes de ser bloco, camarote ou bailinho, o Carnaval é a expressão de um povo e de uma cidade, segundo o professor do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências (IHAC) e do Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (Pós-Cultura), Paulo Miguez.  

Nesse sentido, o formato a ser adotado em 2023 vai depender de como a sociedade baiana estará ano que vem. “O Carnaval vai expressar o que poderemos ser como cidade e sociedade daqui a um ano. Ele é um espelho do que somos e de como estamos. Então, novas formas podem ser organizadas como novos produtos carnavalescos, mas, não será a condensação de interesses de um determinado segmento, porque Carnaval não é isso”, argumenta Miguez.  

A prefeitura de Salvador e o governo do estado foram procurados, mas afirmaram que “ainda está muito cedo para falar de 2023, porque dependemos do cenário da covid-19". A Central do Carnaval e a Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape) foram procuradas, mas não responderam às mensagens e ligações.  

Blocos e Camarotes lançados para 2023:- Bloco Camaleão Dias: Domingo a Terça Atração: Bell Marques Preço: R$ 1.090 a R$ 1.290 Camaleão VIP: esgotado

- Bloco Vumbora Dias: Sexta e Sábado Atração: Bell Marques Preço: R$ 750 a R$ 890 Vumbora VIP: esgotado

- Bloco do Nana Dias: Sexta e Sábado Atração: Léo Santana Preço: R$ 960 a R$ 1.170

- Bloco da Quinta Dias: Quinta-feira  Atração: Bell Marques Preço: R$ 550

- Camarote Salvador Dias: Quinta a Terça Preço: R$ 1.390 a R$ 2.690

- Camarote Skol Dias: Quinta a Terça Preço: R$ 650 a R$ 790

- Camarote Premier

- Planeta Band

- Camarote Club

- Camarote Villa

- Bloco Eva

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