A 50ª tese em Engenharia Industrial na Bahia  

Por Marcio Luis Ferreira Nascimento

Publicado em 21 de agosto de 2017 às 10:46

- Atualizado há um ano

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A quinquagésima defesa de tese em Engenharia Industrial do Estado da Bahia ocorreu no dia 27 de junho de 2017 nas dependências da Escola Politécnica da UFBA. De título: Forecasting, Integration, and Storage of Renewable Energy Generation in the Northeast of Brazil (“Previsão, Integração e Armazenamento de Geração de Energia Renovável no Nordeste do Brasil”), foi defendida pelo agora doutor Pieter de Jong, orientado pelos professores Ednildo Andrade Torres e Asher Kiperstok First. O trabalho versou sobre previsões de curto e longo prazo sobre a geração de energias renováveis e sua disponibilização para a região nordeste. É sabido que as rápidas mudanças climáticas em todo mundo tem provocado menos precipitação (chuvas) bem como temperaturas mais altas. Para piorar, as últimas secas promoveram uma queda substancial na geração hidrelétrica nos últimos 5 anos; e em 2016 as usinas hidrelétricas apenas forneceram 25% da demanda total em nossa região. No entanto, a energia eólica forneceu 30% da demanda e deverá gerar 57% do provimento de energia elétrica até 2020 apenas no Nordeste. Com distinção, a tese demonstrou a viabilidade econômica, ambiental e técnica da integração de energias renováveis no Estado da Bahia e na região nordeste do país.

Pode-se portanto afirmar que a conquista desta quinquagésima tese não apenas se potencializa pelo seu caráter quantitativo, mas sobretudo pelo aspecto qualitativo, principalmente no que diz respeito à produção científica e tecnológica em engenharia industrial no Estado da Bahia.

A UFBA comemorou no último 2 de julho de 2017 setenta e um anos de criação enquanto universidade federal, tendo formado grande número de profissionais que atuam na Bahia e no Brasil. De fato, suas raízes remontam à 1808, quando da vinda da Família Real ao país, que instituiu a Escola de Cirurgia da Bahia no sítio histórico do Pelourinho, sendo portanto o primeiro curso universitário do Brasil. Curiosamente foi neste mesmo lugar que havia sido fundado o Collegio do Salvador da Bahia, também conhecido por Colégio dos Jesuítas, praticamente uma universidade, mas que nunca chegou, oficial e institucionalmente, a receber esse título, funcionando entre 1553 e 1759.

Durante todos esses anos, a UFBA vem assumindo o compromisso social de garantir um ensino público, gratuito e de qualidade, por meio do tripé acadêmico de ensino, pesquisa e extensão. Seguindo esta filosofia foi fundado há onze anos o Programa de Pós-graduação em Engenharia Industrial (PEI: www.pei.ufba.br), o primeiro programa de doutorado em engenharias do Estado da Bahia. No ano seguinte à sua fundação, iniciou suas atividades de mestrado acadêmico, e em seguida a de mestrado profissional (MPEI), também pioneiro.

O PEI é portanto um programa completo, embasado na tríade de cursos de Mestrado (Acadêmico e Profissional) e Doutorado, todas – importante destacar – devidamente consolidadas. Por sinal, o reconhecimento do PEI ocorreu por parte do Sistema Nacional de Avaliação da Pós-Graduação (SNPG), regulado e aferido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES - MEC), que validou estes números já na segunda avaliação trienal do programa (2010-2012). O PEI é atualmente o primeiro e único programa da grande área de Engenharias, no Estado da Bahia, a alcançar conceito 5 (o nível máximo é sete). Apenas cerca de 25% dos programas do Brasil têm conceito 5 ou superior, percentual este que é de cerca de 24% na UFBA, 16% na Bahia e de 16% nos Programas do Nordeste.

Os objetivos do PEI compreendem a geração e disseminação de conhecimento científico e tecnológico, bem como a formação de profissionais e recursos humanos para as instituições de ensino, ciência, tecnologia e inovação, a indústria nacional e outros setores da sociedade brasileira. Visa contribuir para a evolução tecnológica da indústria através da qualificação de pessoas e do desenvolvimento de pesquisas e metodologias associadas à análise e resolução de problemas industriais cientificamente relevantes que contemplem, inclusive, a necessidade de um tratamento conjugado de fenômenos pertinentes a diferentes áreas de conhecimento. Tendo as três primeiras defesas de tese de doutorado efetivadas em menos de três anos (ainda em 2009), e com quase de duzentas e cinquenta defesas efetivadas em 2017 entre todas suas modalidades, o PEI é considerado um programa muito bem avaliado.

É de se destacar que mais da metade dos docentes permanentes do programa tem bolsa de produtividade do CNPq (seja em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora ou Produtividade em Pesquisa). Suas características mais marcantes, além de ser o principal programa de pós-graduação da área tecnológica da UFBA e da Bahia, é de ser um programa inter e multidisciplinar em engenharia, principalmente devido à composição de seus docentes e discentes, além dos temas tratados nas patentes, artigos publicados e dissertações e teses defendidas ao longo desses onze anos.

É preciso ressaltar ainda que o programa ainda oferece a modalidade de mestrado profissional, ainda pouco conhecido. A filosofia deste particular mestrado é a de buscar na academia soluções para os problemas das empresas e indústrias. O oferecimento é feito por ênfase e conforme demandas da sociedade (pois trata-se de um curso de natureza intermitente), representando a possibilidade efetiva de uma relação ainda mais intensa com o setor industrial. Igualmente reconhecido e validado pela CAPES, este curso é realizado também no período noturno e segue os mesmos padrões dos mestrados tradicionais, ou seja, o aluno tem que defender uma dissertação e gerar produtos acadêmicos (artigos em publicações científicas) ou tecnológicos (patentes).

Pode-se portanto afirmar que tanto os cursos acadêmicos (mestrado acadêmico e doutorado) quanto o MPEI estão consolidados enquanto marcos relevantes para a história e as perspectivas da ciência e da tecnologia no Estado da Bahia. A quinquagésima tese é simbólica por refletir a disposição do PEI de vir a ser um sopro de renovação na universidade brasileira, comprometida com a sociedade e contribuindo para o desenvolvimento do estado e do país.  Professor da Escola Politécnica, Departamento de Engenharia Química e do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências da UFBA