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Da Redação
Publicado em 19 de fevereiro de 2019 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Tem trio na Barra hoje, corre à boca pequena, a dois dias do Carnaval de 1989. E lá estou atrás da banda Beijo, sentido Ondina-Barra. Mas chega a hora de sair no Cristo e pegar, na Centenário, o primeiro via Dique. O ônibus vence o engarrafamento, aquela loucura para entrar na Fonte, vai começar Bahia x Sport.>
Relembrar o bi nacional é reviver a Salvador que ganha o edifício da Casa do Comércio, vê a estreia de A Bofetada, o lançamento do Superoutro e que fica em alerta com a ameaça de dom Lucas Neves: não vai ter lavagem da escadaria da Igreja do Bonfim.>
A cidade vibra com os investimentos de US$ 30 milhões anunciados por seu Mamede na rede Paes Mendonça, a ampliação da Universidade Católica para o campus de Pituaçu e a duplicação do ferry Agenor Gordilho. Respira feliz. O trânsito no Jardim Brasil, Ondina e Graça não fica caótico com a chegada do Shopping Barra, um ano antes.>
Zélia e Jorge emplacam os livros mais vendidos com Jardim de Inverno e o Sumiço da Santa. Banda Reflexu’s supera Paralamas e Legião em venda de discos. A inflação em 12 meses ultrapassa os 900%. Tristeza. E luto no mundo jurídico com as perdas de Orlando Gomes, Manuel Ribeiro e Carlos Coqueijo. Chico Mendes é assassinado e deixa o legado, não vão conseguir apagar.>
Contar histórias de 1988 em 88 Histórias é aprender um pouco mais sobre o nosso lugar, a vida e do que somos capazes. No futebol e fora dele. Das relações humanas. Em acreditar, não se curvar. E da humildade em aprender com os mais velhos.>
Evaristo de Macedo, uma referência no futebol mundial. Faz o que faz na Espanha e, mais do que conquistar as torcidas de Barcelona e Real, implanta, de verdade, o futebol no Catar.>
Ganhar um Campeonato Brasileiro por um clube sem condições financeiras, recuperando jogadores considerados dispensáveis, impondo a ordem, trabalhando muito e, principalmente, mostrando a cada um dos envolvidos – jogadores, cartolas, funcionários, torcida e imprensa – que é possível estar à altura das façanhas internacionais.>
Onipresente. Treinador de goleiros, auxiliar da preparação física, gerente do Fazendão, nutricionista, bedel, líder, psicólogo. Adversários, tremei! “Vamos dar bicicleta nos cornos deles”, repete.>
Diante do técnico, a base de um time farto de títulos estaduais, jogadores de times do interior da Bahia segurando a grande chance da vida, e outros do interior de São Paulo, recebidos com aquela hospitalidade que eles bem conhecem.>
Some-se a isso um grupo de apaixonados, anônimos ou não, responsáveis por fazer o tricolor, a instituição sobreviver durante anos. O clube deve uma estátua a gente como Carminha Tanus, conselheira espiritual, financeira, mãe.>
O resto, a velha capital da Bahia se encarrega de fazer. Nas mesas do Travessia, Sancho Pança, nos ensaios do Olodum ou nas lambadas do Sabor da Terra, o balanço das resenhas do dia a dia. A fé de seu Alemão, o candomblé por toda a parte, as sessões de filmes proibidos na madrugada, o ócio no ermo de Itinga.>
A campanha da segunda estrela deve ser encarada como uma aula, um tutorial. Temos muito a aprender. Ainda há tempo.>
Flávio Novaes é jornalista e autor de 88 Histórias da Segunda Estrela, com lançamento previsto para o primeiro semestre deste ano. >
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