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Ivan Dias Marques
Publicado em 26 de março de 2019 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Ser torcedor não é salvo-conduto para ser imbecil. E ser sócio de um clube não faz o cidadão ser mais torcedor do que aquele que não se associou e nem dá direito a reclamar que suas vontades acerca do clube não são obedecidas. Para terminar os fatos honestos que muitos esquecem: ninguém é obrigado a aceitar ser xingado quando está exercendo sua função profissional.>
As ‘regras’ acima parecem não estar claras na cabeça de alguns tricolores, que esqueceram de curtir o triunfo por 3x0 sobre o Salgueiro para perseguir (a palavra é essa) o lateral-esquerdo Moisés. Tudo começou quando o atleta decidiu recomeçar uma jogada com os zagueiros, em vez de enfiar uma bola para o centroavante Fernandão, xodó de muitos tricolores.>
Insatisfeitos pelo futebol profissional ser diferente do videogame, onde possuem o controle, alguns torcedores passaram a vaiar e xingar Moisés, como resultado de uma frustração (ou várias de nível particular, suspeito). O lateral revidou os apupos com xingamentos e até quem não vestia a carapuça tratou de usá-la. Afinal, quem é o Moisés para se defender de imbecis?>
Não sou daqueles que acham que o futebol está chato. Pra mim, quem está chato são alguns torcedores, que, municiados pelo discurso mercantilista de associação (e ‘posse’) do clube, não compreendem o papel a que lhes cabe e que tomaram pito até do goleiro do Salgueiro, que, em entrevista pós-jogo, teve a sensibilidade de apoiar um companheiro de profissão. No futebol, tende-se a contemporizar comportamentos que não seriam tolerados fora do esporte. Precisamos, sim, combatê-los e o Bahia, a meu ver, teve um papel sensato. Não fez o atleta pedir desculpas por um ato humano, ainda que a reação pudesse ser feita de modo diferente, apenas deu voz para que ele opinasse que houve erro dos dois lados. Antes, após o jogo, Moisés, em suas redes sociais, ressaltou que os xingamentos haviam partido de um grupo pequeno de torcedores. >
Um grupo, inclusive, que não gostou de ser contrariado nem por outros torcedores na Fonte Nova, partindo para agressões verbais misóginas e racistas e até físicas dentro do estádio. O futebol está realmente ficando chato.>
Boxe No próximo domingo (31), três baianos entram no ringue do Boxing For You, evento que acontece num resort de Mangaratiba, no Rio. Se para Robson Conceição o evento serve como mais um degrau em sua busca pelo título mundial - um degrau pequeno, sejamos honestos, dado o cartel do adversário (20 vitórias, 16 derrotas e três empates) -, para Adriana Araújo e Robenilson de Jesus é uma oportunidade para mostrarem atividade e buscarem investimento para suas carreiras profissionais.>
Bronze em Londres-2012, Adriana reencontra Elaine Albuquerque, a quem já venceu em 2017, o que mostra como o mercado do boxe feminino no Brasil está ruim, mesmo com o país tendo Rose Volante como campeã mundial até alguns dias atrás. Será a terceira luta dela como profissional. Já Robenilson, 31 anos, e com três Olimpíadas no currículo, faz seu segundo combate após a profissionalização. Busca os holofotes para tentar engrenar também.>
*Ivan Dias Marques é subeditor do Esporte e escreve às terças-feiras>