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A ética na campanha eleitoral 

  • Foto do(a) author(a) Dom Sergio da Rocha
  • Dom Sergio da Rocha

Publicado em 29 de agosto de 2022 às 05:18

. Crédito: .

O período da campanha eleitoral, pela sua decisiva importância política para o país, requer especial atenção e empenho não somente dos candidatos e dos partidos políticos, mas também dos eleitores. Participar da vida política do país tem sido uma tarefa cada vez mais difícil, mas irrenunciável numa sociedade democrática. O descrédito ou a indiferença diante da política ou dos políticos não devem pautar a conduta dos cidadãos, cuja participação se faz muito necessária não somente na época das eleições. O tema da campanha eleitoral e, de modo particular, da propaganda eleitoral gratuita, suscita diferentes reações e questões, que merecem ser consideradas com a devida atenção e profundidade. Não sendo possível uma abordagem completa do assunto, ressalta-se aqui um dos seus aspectos mais relevantes e urgentes: a conduta ética que se espera dos candidatos e eleitores diante dos adversários políticos, a ser pautada pelo respeito ao outro.

A Igreja Católica, através dos pronunciamentos do Papa Francisco e da Conferência Episcopal, tem insistido na necessidade de respeito entre as pessoas ou grupos de diferentes tendências políticas. Numa sociedade democrática, há lugar para a diversidade de opiniões políticas, mas jamais para a agressão, seja nas redes sociais, em casa, nas ruas, no ambiente de trabalho ou em qualquer outro. Os adversários no campo político não podem ser vistos como inimigos a serem destruídos. As lideranças políticas e, de modo particular, os candidatos, têm a responsabilidade de colaborar para a convivência respeitosa entre as pessoas, especialmente neste período eleitoral.

A discussão de ideias políticas não pode ser motivo para agressões ou para a divulgação de fake news. A polêmica ofensiva deve ceder espaço para o diálogo construtivo em que as propostas políticas sejam claramente apresentadas. A busca honesta da verdade possa prevalecer sobre as fake news. O crescimento da influência das redes sociais na vida política merece especial atenção para o exercício consciente e responsável da cidadania. É necessário redobrar o cuidado com as informações veiculadas, por mais curiosas que possam ser, procurando conferir a sua veracidade, sempre que oportuno, antes de compartilhar com pessoas ou grupos. Os eleitores necessitam conhecer, de fato, os candidatos a partir do seu histórico pessoal e das propostas políticas que defendem.

O bem comum da população, especialmente dos pobres e fragilizados, necessita ser colocado acima dos interesses particulares. A afirmação da ética na política deveria ocorrer já durante a campanha eleitoral para se prolongar após as eleições durante o mandato dos eleitos. O resgate da ética e da credibilidade na política necessita do empenho de todos, da sociedade civil organizada, das igrejas, dos poderes públicos e, especialmente, dos próprios políticos. Isso deve ocorrer já na campanha eleitoral.

Dom Sergio da Rocha é cardeal arcebispo de Salvador