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Da Redação
Publicado em 3 de fevereiro de 2018 às 05:03
- Atualizado há 2 anos
Tenho plena consciência de que, a esta altura do Verão e da vida, ninguém está dando muita bola pra o que vou dizer, especialmente porque é grande a chance de os eventuais exageros da Festa de Iemanjá ainda estarem ecoando no corpo e no juízo.>
Mas tirando da frente esses pormenores, o fato é que o Comitê Olímpico do Brasil (COB) divulgou esta semana que seu ex-presidente Carlos Arthur Nuzman ganhava um salário de módicos R$ 23 mil por mês.>
De bom humor, você pode até achar isso pouco para quem ocupava o maior cargo da gestão esportiva brasileira e, negociando dentro ou fora da lei, conseguiu trazer os Jogos Olímpicos para o Rio de Janeiro.>
Não há, efetivamente, problema nenhum em dirigentes esportivos ganharem salários. O problema surge quando eles mentem e dizem que trabalham apenas por amor ao esporte, ao clube ou à federação, mas por baixo dos panos, sem nenhuma transparência, enchem as burras com pagamentos que podem entrar ou não na contabilidade oficial. Nuzman mentiu por mais de 20 anos.>
Em 2016, um atleta com boas chances de medalha na Olimpíada ganhava uma “Bolsa Pódio” cujo teto era R$ 15 mil. Poucos tinham direito ao teto. Nuzman, que não treinava todo dia, não abria mão do lazer e não corria risco de se contundir, ganhava R$ 23 mil – e levava uma vida bem mais custosa do que o seu salário poderia bancar. Não à toa, ele agora é réu pelos crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas, corrupção passiva e organização criminosa.>
Isto posto, podemos todos voltar à ressaca em paz. E beber bastante água, claro, porque agora só acaba nas cinzas.>
Tipo exportação A estupidez - somos testemunhas diárias – tem se alastrado no Brasil (e no mundo) feito impingem. Ela se manifesta nas ruas, nas redes sociais, nas escolas, no Congresso e por aí vai. A estupidez é tanta e tamanha que rompe todas as fronteiras. Agora, também produzimos estúpidos tipo exportação.>
Exemplo recente: um carioca chamado Reno Romeu foi até o Deserto do Atacama, no Chile, e, visando gravar imagens para um programa do Canal Off, da TV fechada, resolveu praticar kitesurf numa lagoa altiplânica que é habitat de flamingos e outras dezenas de espécies de aves. Resultado: as aves foram embora (espera-se que temporariamente) e a lagoa, que fica dentro de uma reserva ambiental, está interditada.>
Na sua rede social, o cidadão foi incapaz de reconhecer o erro e bateu pé firme, argumentando que “a prática não foi realizada por turistas irresponsáveis e sim por kitesurfistas profissionais”.>
Qualquer pessoa sensata que já tenha passado por paisagens deste tipo sabe que a simples presença humana já é fator de desequilíbrio, mas, vá lá, procura-se minimizar o impacto. Uma prancha cortando a água sabe-se lá a que velocidade, dentro de uma reserva cheia de aves - algumas endêmicas -, obviamente não tem nada de “profissional”. Talvez o cidadão nem saiba o que quer dizer “irresponsável”, por isso escreveu tal asneira. >
Este exemplo é ótimo para lembrarmos de uma coisa bem importante nos dias de hoje: temos de estar sempre atentos para não sermos nós os estúpidos.>
Victor Uchôa é jornalista e escreve aos sábados>