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Da Redação
Publicado em 12 de maio de 2019 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Chamava-se Senhorinha Maria de Jesus a minha avó paterna. Morreu antes de eu nascer. Teve dois casamentos. O primeiro com homem cuja identidade nunca me interessou – mas quando escrevo este texto, me pergunto e me intrigo: quem terá sido esse cara? Esse (meu) desconhecido foi pai de 2 tios queridos: Tiulisses e Tianeném. [Preciso descobrir quem era esse cara.] O segundo casamento de Vovóssenhorinha foi com José Souza Menezes, que também morreu antes de eu nascer – mas minhas duas irmãs e o meu irmão o conheceram – e o chamavam Dindimsouza. Ao casar com minha avó, estava na flor da idade. Mocetão de olhos verdes cruéis tentadores, poderia se casar com moçoila.>
Preferiu mulher mais velha – e o casal gerou meu pai Crispim – que os sobrinhos chamavam Ticrispim; Antônio – apelidado Nem e, depois, Seu Nem – que chamávamos Tisseunem – casado com Josefa, que nunca chamamos de tia e sim de Fia, sabe-se lá a razão; e a folgazã Verônica, Tiaverônica – casado com um também Antônio, o hilário 'pilherista' Titõe, um fofo. >
Vovóssenhora morreu. Dindimsouza casou de novo. A noiva era a juvenil Ana – conhecida como Berri – e passamos chamar a nossa ‘vodrasta’ de Tia Birri. Desse ‘matrimônio’ nasceram 9 mulheres: Tiavirgínia, Tiavaldé, Tiamaria, Tiaisabel, Tiajulieta, Tiadete, Tiacarmem, Tialita, e a caçula Maria das Graças que, por não ser tão mais velha do que os sobrinhos, chamávamos Gracinha.>
Incansável, meu avô paterno, entre os dois casamentos, teve aventura conjugal com mulher não identificada. Então nasceu Valdemar, tramoias do destino, o filho que mais se parecia com o pai do meu pai. [O amado Tivaldemá marcou presença na minha gênese literária: era exímio contador de histórias].>
O pai da minha mãe se chamava Antônio Martiniano. Também morreu antes de eu nascer – e da maneira mais ‘literária’ possível: caiu do cavalo, os joelhos gangrenaram, foi-se. Deixou viúva Joana, nem tão moça nem tão velha – e meio amarga por conta das circunstâncias nas quais passou a viver. Pedia aos netos que não a chamassem de vovó, e sim de Tiajana. Morreu quando eu tinha 9 anos, nos amávamos muito, e sempre a chamei de vovó.>
Do casamento de Joana e Martiniano nasceram: 1. José Bailão – o discreto Tizele – casado com a doce Celestina, Tiacelé. 2. Miguel, o sempre alegre Timigué – casado com a sempre diligente Joana, Tiajoana. 3. Baraquísio – muito falante, adorava usar o adjetivo ‘extraordinário’. Tibaraquísio se casou com cabocla de escol, Edite, Tiedite. 4. Águida, minha mãe e de + 3 irmãos – Tiaáguida para os sobrinhos. 5. Francisco – casado com a radiante Alzira, Tiazira. Poucos o chamavam de Chico, talvez apenas vovó, de quem era o filho preferido – o Tifrancisco. Afável, atencioso, e meio esnobe – costumava descascar laranjas sobre prato de louça branca, com garfo e faca. >
[De todos os personagens desta rede de histórias ancestrais estão vivas Edite, Alzira, Isabel, Carmem, Lita, Dete, Julieta e Maria das Graças].[De volta à questão do primeiro parágrafo: quem teria sido o primeiro marido da mãe do meu pai?]>