A ninfeta Eco e a guerreira das praias do Brasil

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  • Paulo Leandro

Publicado em 23 de setembro de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Eco foi uma ninfa condenada por Hera, esposa de Zeus, a repetir sempre as últimas palavras de quem aproximava-se para puxar conversa. Como era de praxe, na mitologia grega, os castigos estavam relacionados à origem da culpa.

Tagarelava demais a doce ninfeta! Numa bela manhã, ajudou as colegas, todas em alta, fazendo Zeus gemer sem ser de dor. Ficou fora da festinha, tirando Hera em papo animado, mas a federal do Olimpo desconfiou e lançou a praga: Eco virou repetidora.

Até hoje nomeamos eco quando, por alguma condição acústica, um som ressoa em determinado ambiente, como é o caso agora do fumegante Brasil, graças à voz da campeã de vôlei de praia Carol, uma das filhas-musas de Isabel, atleta bem-sucedida.

É o caso de pensar se a ninfeta Eco não faz parceria a Carol, no desabafo da corajosa porta-voz de um país marcado por queimadas, fome, 130 e tantas mil mortes por covid, entre outras dores e as colhudas da galera do mal.

A voz de Carol ecoa em cada um dos brasileiros dignos, amantes ou não do vôlei de praia, por termos afastado ministros médicos, efetivando um militar, sem experiência em saúde, numa pandemia. 

A acústica pela qual Eco multiplica-se vem de dentro dos corações arrependidos de quem legitimou o triste Brasil de hoje, mundialmente amaldiçoado por permitir-se deixar queimar o Pantanal e a Amazônia.

A prova para apresentação em futuro tribunal internacional está no número de 0,4% investido do orçamento do meio ambiente, beneficiando donos das boiadas e os ricaços do agribusiness.

Carol e Eco, juntas, denunciam a referência negativa de ataques seguidos à imprensa, pilar de toda democracia moderna; o grito multiplicado expõe as ações milicianas, em mistura de atuais ocupantes do poder e seus parceiros donos de seitas.

Uma só frase, um grito, de uma atleta – mulher de coragem! – pode produzir efeito didático e tirar parte da manada da ilusão de sobrevivência, diante da despopulação diária: meta da nova Gestapo instalada, extrair as riquezas, ocupar o Brasil!

Não teme a heroína do vôlei a sanha persecutória de fãs dos torturadores, os quais nem se deve citar os nomes, pois são sombras sem consciência, sob vigilância de Cérbero, o cão de três cabeças e rabo de serpente.

Ocupou Carol o espaço público, brandindo a bandeira da liberdade de expressão, enquanto tantos outros calam-se, dando maior valor a seus patrocínios, ou, até, ao contrário, como fizeram os tristes homens da seleção de vôlei, apoiando o Tifão, em total descaro.

É o momento agora, de ampliar a voz de Carol e Eco, como tivemos no futebol, Paulo César Lima, Reinaldo, Afonsinho, Zé Roberto, embora suas narrativas fossem abafadas pelas confederações reacionárias, aliadas do Mal.

O eco de Carol reverbera em um país cuja fome passou de 3 milhões para mais de 10 milhões, enquanto alastra-se a pandemia, apesar de esforços dos governos estaduais e de municípios; um país atacado no desmonte de seu Sistema Único de Saúde (SUS).

O país no qual os professores e a educação em geral são agredidos pelo 666 – the number of the beast – convoca, agora, suas milhões de caróis: a valente guerreira das praias disse tudo em duas palavras, com ajuda de Eco, a bela ninfeta da repetição.

Paulo Leandro é jornalista e professor Doutor em Cultura e Sociedade