Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.
Da Redação
Publicado em 29 de março de 2020 às 11:16
- Atualizado há um ano
O sistema de disputa da Taça Brasil era mata-mata e, apesar do pioneirismo de um torneio nacional, com a participação de 16 clubes, ganhar a fase regional era algo factível para o Bahia. Na verdade, sua única preocupação nesta etapa inicial era com o Sport, que formara um grande time e que tinha como grande astro o armador uruguaio Raúl Bentancor.
Com o elenco reforçado por Beto (zagueiro), Flávio e Mário (meios-campistas) e Alencar, Léo e Carioca (atacantes) e tendo no comando o treinador Ephigênio de Freitas Bahiense, o Geninho – um ex-craque e também já famoso como técnico no futebol carioca – o Bahia se preparara convenientemente para a competição.
Mesmo veterano, com 31 anos, a contratação de Léo, antigo ídolo do Fluminense (RJ), foi um achado para quem procurava um artilheiro do quilate de Carlito, já sem o brilho dos anos anteriores. Sua comprovada experiência teve fundamental importância para alavancar a carreira do jovem Alencar, com pouco mais de 21 anos e trazido do futebol cearense, com quem fez, o que se chamava na época, ‘dupla de área’.
Tudo contava com o prestígio do presidente Osório Villas-Boas, de livre trânsito nos grandes clubes brasileiros, e o indispensável apoio financeiro de Benedito Borges, vitorioso empresário do ramo de automóveis e vice-presidente de futebol.
Como previsto, o Bahia atropelou o CSA, seu primeiro adversário, goleando-o por 5 x 0, no Mutange, em Maceió, e ganhando sem sustos, aqui em Salvador, na Fonte Nova, por 2 x 0. Já os jogos contra o Ceará Sporting não foram fáceis. O empate em 0 x 0, na primeira partida realizada no Presidente Vargas, em Fortaleza, não fez justiça ao bom futebol do campeão cearense.
Nos dois outros compromissos, na Fonte Nova, o Bahia não soube fazer valer o mando de campo e empatou novamente, desta vez em 2 x 2 e em 1 x 1. A sofrida classificação só veio no final da prorrogação, com um golzinho salvador de Léo.
Ao eliminar o Auto Esporte, da Paraíba, o Sport, campeão da região Norte, se habilitou para enfrentar o Bahia, campeão do Nordeste. Na Fonte Nova, deu Bahia, com um apertado 3 x 2. Na Ilha do Retiro, um resultado inesperado: Sport 6 x 0.
Quatro dias depois, e no mesmo local daquele vexame histórico, o Bahia começou a dar provas de que tinha condições de dar voos bem mais altos, vencendo o Sport por 2 x 0 e levantando o título de campeão do Norte-Nordeste.
Beneficiado pelo esdrúxulo regulamento, que permitiu que entrasse já na fase semifinal da competição, o Vasco da Gama era o seu próximo desafio. Sem medo de ser feliz, eliminou o supersupercampeão carioca, derrotando-o, inclusive, no Maracanã, diante de uma incrédula mídia, e chegou às finais com o Santos, que passara, com folga, pelo Grêmio.
Nem a fama nem o belo futebol santista intimidaram o Bahia, que venceu na Vila Belmiro, por 3 x 2, perdeu na Fonte Nova, por 2 x 0, numa noite memorável de Pelé, e ganhou a decisão, no Maracanã, pelo placar de 3 x 1. Isto lhe permitiu conquistar, há exatos 60 anos, a Taça Brasil de 1959 e a bordar a primeira estrela dourada na sua vitoriosa camisa.
Antônio Matos, jornalista e delegado de Polícia, é autor do livro ‘Heróis de 59’, que narra a conquista da I Taça Brasil pelo Bahia.