‘A primeira santa brasileira’, disse papa Francisco a sobrinha de Irmã Dulce

Maria Rita se encontrou rapidamente com pontífice, antes de missa histórica

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  • Jorge Gauthier

Publicado em 14 de outubro de 2019 às 06:00

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. Crédito: Foto: Jorge Gauthier/CORREIO

O voo rasteiro de duas pombas cinzas em direção ao céu precederam o momento que entrou para a história. Quando o relógio marcou 10h33 em Roma (5h33 no horário da Bahia), em latim com sotaque argentino, o papa Francisco imortalizou Irmã Dulce, baiana de Salvador, colocando-a entre os santos da Igreja Católica.

Foi nesse instante que neste domingo (13), sob o sol de 21º C, na sede do menor país do mundo, diante de 50 mil devotos, que o papa sacramentou a santidade de Maria Rita Brito Souza Lopes Pontes (1912-1992), agora a Santa Dulce dos Pobres, na Praça de São Pedro.

Dulce entra no panteão dos mais de 8 mil santos da Igreja Católica, mas com uma diferença: é a primeira santa nascida no Brasil, como bem classificou o papa ao encontrar, horas antes da cerimônia de canonização, a irmã de Dulce, Ana Maria Lopes Pontes, e sua sobrinha, Maria Rita Lopes Pontes, que é a atual superintendente das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid). “Tivemos um encontro com ele muito rápido. Durou uns 5 segundos, mas quando ele viu a imagem de Irmã Dulce que trouxemos para presentear ele junto com um terço, ele falou ‘a primeira santa brasileira’. Foi rápido, mas ele sintetizou esse momento com essas poucas palavras”, comentou Maria Rita, que foi responsável pela condução do processo de canonização da tia nos últimos 19 anos.“Irmã Dulce era uma freira franzina e frágil, mas que foi forte na sua luta pelo bem. Santa Dulce se tornou uma gigante da fé. Um exemplo que agora pode ser seguido pelo mundo todo”, completou, emocionada.

A festa para Dulce foi dividida com outros quatro beatos - que também viraram santos na ocasião - e isso, consequentemente, transformou o Vaticano em uma babel de idiomas e de exemplos para serem seguidos.

Santidade sobre santa Sobre a santa brasileira, que teve o terceiro processo de canonização mais rápido da história da Igreja, Francisco ressaltou: “O motivo pelo qual agradecer hoje são os novos santos, que caminharam na fé e agora invocamos como intercessores. Três deles são freiras, como Irmã Dulce, e mostraram que a vida religiosa é um caminho de amor nas periferias existenciais do mundo”. 

Dulce tornou-se santa 27 anos após sua morte. Só virou santo mais rápido João Paulo II e Madre Tereza de Calcutá. Para os cerca de 15 mil brasileiros que estavam no local – a grande maioria da Bahia –, o reconhecimento da igreja da santidade de Dulce foi um ato de confirmação. Afinal, para nós baianos, Dulce já era santa faz tempo. 

“Hoje, aqui, foi só registrado o que todo mundo na Bahia já sabia. Irmã Dulce sempre foi uma santa. Agora, a diferença é que ela está no altar”, disse emocionado o comerciante Jair Nunes, que saiu de Irecê, no Centro-Norte baiano, só para ver o Anjo Bom da Bahia virar anjo para o mundo todo.  O comerciante Jair Nunes, de Irecê, vestiu a camisa da nova santa (Foto: Jorge Gauthier/CORREIO) * Jorge Gauthier é chefe de reportagem do CORREIO e está em Roma para fazer a cobertura da canonização de Irmã Dulce.

*O projeto Pelos Olhos de Dulce, que traz hoje a cobertura da canonização, tem oferecimento do CORREIO com patrocínio do HapVida.