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Paulo Leandro
Publicado em 23 de dezembro de 2020 às 08:47
- Atualizado há um ano
Embora o desporto deva andar de mãos dadas com as virtudes e os valores morais, a um clube de futebol superdotado de milhões de adoradores deve-se tomar como top na hierarquia de prioridades o bom desempenho em campo para alegrar seu séquito.
Espera-se do Bahia o cumprimento de sua missão em defesa do melhor convívio, rivalizando com organizações da sociedade civil reputadas como referências de luta pelo Bem.
E não tem feito menos o tricolor, ao defender indígenas, denunciar manchas de óleo, até hoje de origem desconhecida, e até o Sistema Único de Saúde, podendo, assim, reivindicar uma terceira estrela, como campeão da cidadania.
No entanto, esta mesma cidadania, infelizmente, não demonstra desenvolvimento suficiente para conformar-se apenas com as ações afirmativas mesmo sendo tão relevantes.
O lamurismo – hábito de lamuriar-se das más ocorrências – será intenso se o Bahia não conseguir manter-se na Série A: sua última aspiração positiva na temporada da pandemia.
Uma vitória sobre o Internacional torna-se obrigatória por causa da companhia do Vasco, com os mesmos 28 pontos do tricampeão baiano, ocupando uma casa à frente apenas por causa de uma vitória a mais, primeiro critério-desempate.
Investir no time, agora, e tentar ajeitá-lo até domingo, é a missão a ser cumprida, infelizmente dividindo energias com o súbito caso de acusação de racismo contra um jogador importante para o clube, curiosamente chamado Índio.
Pela pressão já produzida, mesmo sem culpa comprovada, apesar dos indícios, já saíram prejudicados Ramirez e o Bahia, apesar de a diretoria ter cerrado fileiras na campanha antirracista e ter atraído a companhia de outros clubes, ocupando papel de vanguarda.
Acresce a este panorama, o ódio despertado naqueles grupos ora hegemônicos, cujas propostas de extermínio e autoritarismo não combinam com as ações do Bahia, levando em conta ser do povo o clamor.
Sabendo-se do alinhamento da CBF a setores ultraconservadores – para usar uma palavra mais branda – e como funcionam os bastidores, quando se quer produzir resultados, é possível considerar o grave risco enfrentado pelo Bahia.
O cálculo prudencial precisaria levar em alta conta a força do clube em relação ao tamanho de adversários a enfrentar, quando trata-se de questões envolvendo a política, pois nem sempre é possível avançar sem a solidariedade de outras agremiações.
Certo é ter-se enredado o Bahia numa complicada teia, por ele mesmo tecida, tal aranha destemida, sem dimensionar a ameaça de doutor Octopus e lagartos sem senso de humor.
Agora, buscando forças em si próprio, o Bahia necessariamente há de reorganizar-se, focando no futebol, neste momento histórico, e dentro do contexto enfrentado, sem deixar de lado as questões cidadãs, mas tendo de dar prioridade ao time.
Vencer o Inter, torcer pelos tropeços de adversários diretos, especialmente o Vasco, cujo adversário é o Athlético Paranaense, secando ainda o Sport, diante do Goiás, entre outros, é o mapa da salvação.
Salvando-se, o Bahia seguirá seu perfil de nação ao de time respeitado por suas duas conquistas nacionais, integrante da Série A, derrotando a tudo e a todos desejosos de vê-lo amiudar-se para parar de incomodar com suas bandeiras.
Paulo Leandro é jornalista e professor Dr. em Cultura e Sociedade