A reação do império ou a China é o inimigo

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  • Armando Avena

Publicado em 9 de agosto de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Os impérios não duram para sempre e sua queda é quase sempre precedida pela decadência econômica e, invariavelmente, pela guerra. O Império Romano foi sendo minado pelos povos que estavam fora da cultura greco-romana e sua  crescente desagregação econômica e política abriu as brechas para a invasão germânica e para a queda de Roma.  

No Império Britânico o sol jamais se punha, tão vasto era ele, mas, no final do século XIX,  sua decadência econômica era nítida, pois duas potências emergentes, o reino Alemão e dos Estados Unidos, cresciam mais que ele, e a desagregação política  do império vai resultar na 1ª guerra mundial e na ascensão do Império Americano, especialmente após a 2ª grande guerra. É comum no caldo de cultura que destrói os impérios, a perda de dinamismo econômico da potência dominante e uma mudança de paradigmas, de cunho moral, religioso ou tecnológico. Mas os impérios não aceitam candidamente sua desagregação e reagem fortemente, seja através de reformas econômicas ou de ações militares. É a força desta reação que determina o futuro e constrói a História. Donald Trump e Xi Jinping: presidentes de impérios que disputam supremacia mundial (Foto: Brendan Smialowski/AFP) No mundo de hoje, pelo menos três elementos que compõe um cenário de fim de era imperial estão presentes, a saber:  muitos povos estão alijados da cultura capitalista-ocidental, o que gera o contraponto entre aqueles que querem mudar-se para usufruir as mesmas benesses e aqueles que desejam destruir essa cultura;   a decadência econômica do Império Americano do Ocidente é evidente com a desagregação política mundial dela decorrente e o enfraquecimento da democracia liberal; a ascensão do Império Chinês põe em cheque a supremacia ocidental.  Para completar, uma revolução tecnológica está pondo no chão os paradigmas morais, políticos e econômicos do mundo ocidental.

O Império Americano do Ocidente foi obrigado a encarar,  desde  o início do século XXI, especialmente a partir da crise de 2008, a perda do seu dinamismo econômico, a redução do padrão de vida de suas classes médias, uma invasão generalizada de migrantes, a desestruturação política dos países satélites  e a ascensão vertiginosa de uma nova potência: a China. E, em 2016, fez o que todos os outros impérios fizeram ao longo da história: reagiu.  A eleição de Donald Trump é a face mais nítida dessa reação e sua política é uma tentativa de voltar ao passado, rejeitando a globalização, assumindo o objetivo primordial do império – América First –,  buscando recompor o seu poderio econômico  e, ao mesmo tempo, retardando ou mesmo impedindo o crescimento da China. E quando o império se move,  os satélites movem-se também, como estão fazendo a Itália, a Hungria, o Brasil e outros.

Que ninguém se iluda, a China é o inimigo número 1 do Império e essa rivalidade está no centro da política mundial, determinado a política externa, econômica e militar dos Estados Unidos. A globalização diluiu o poder do Império Americano do Ocidente e abriu caminho para a China, que tomou posse de grande parte dos espaços comerciais disponíveis no mundo. Por isso, Trump rejeita a globalização e traz de volta o protecionismo e o nacionalismo e com eles os costumes retrógados, a moral hipócrita, as religiões fundamentalistas e todo o arsenal reacionário. O socialismo  é o inimigo mortal, mas o liberalismo e a  socialdemocracia passaram também a ser,  pois  sua política multilateral, inclusiva e de corte social, abriu a porta para imigrantes e  minorias  e a globalização comercial a escancarou deixando a China entrar. 

E o Império Chinês, não vamos esquecer, não usa máscara:  é uma autocracia violenta, um hibrido de capitalismo e ditadura socialista, que não esconde de ninguém que seu objetivo é tornar-se o novo império e dominar o mundo. Historicamente, o impasse entre duas ou mais potências é resolvido através da guerra e neste momento só resta torcer para que essa guerra seja apenas econômica, mas seja como for os lutadores já estão no ringue. China e EUA farão a luta do século e o vencedor será a potência da nova era.

A GUERRA AFETA A  BAHIA A desvalorização da moeda chinesa esta semana foi uma reação do governo chinês ao ataque comercial americano e atinge em cheio a Bahia.  Com ela, os produtos baianos vão ficar mais caros na China. E o comércio exterior da Bahia é extremamente dependente do gigante chinês. Do total das exportações baianas,  mais de 30% tem como destino o país asiático e muitos produtos vão chegar lá mais caros. Os Estados Unidos, segundo maior mercado da Bahia, representa apenas 11% das vendas externas. Os próximos capítulos da guerra comercial são difíceis de prever, mas o prejuízo será incalculável se a guerra entre os dois gigantes se tornar política com a demarcação de territórios de exportação vinculados a uma ou outra potência. Em tempo: As exportações baianas caíram quase 30% em julho e  nos sete primeiros meses do ano caíram 3,4%, em relação ao mesmo período de 2018, segundo informa a SEI – Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais. 

MOVIMENTAÇÃO PORTUÁRIA A movimentação portuária no Porto de Salvador cresceu 17% no 1º semestre de 2019. No mesmo período, a movimentação no Porto de Aratu cresceu 7%. Já nos terminais privados, a movimentação se manteve estável, no mesmo patamar do ano passado. No Porto de Ilhéus houve queda de mais de 25% na movimentação.  As informações são da Codeba – Companhia de Docas da Bahia.  

INDÚSTRIA CAIU NO SEMESTRE A produção industrial baiana caiu 1,4% no primeiro semestre do ano.  Em junho, a queda foi de 3,4% em relação  ao mês anterior. A indústria baiana é muito dependente da RLAM – Refinaria Landulpho Alves e, no semestre, a produção de coque e derivados de petróleo caiu 5,3%. Outros segmentos ainda estão sofrendo com o crescimento baixo como, por exemplo, a fabricação de veículos, que caiu cerca de 5% no primeiro semestre. A metalurgia, no entanto, se recuperou e a produção cresceu 26%. A indústria baiana é muito dependente da  RLAM, que vem reduzindo sua produção de forma contínua, assim, no curto prazo, só sua privatização pode dinamizar o setor. No longo prazo é preciso buscar a diversificação.

BAHIA: VAREJO REAGE As vendas no comércio varejista baiano caíram em junho, mas fecharam o primeiro semestre com um crescimento de 0,8% em relação  ao mesmo período de 2018, um resultado superior a média nacional de 0,6%.  É o melhor primeiro semestre desde 2014. Supermercados e hipermercados, móveis e eletrodomésticos, tecidos, combustíveis e artigos farmacêuticos fecham o semestre com alta nas vendas. Veículos e materiais de construção apresentaram queda de cerca de 5% nas vendas. Mas a tendência é de crescimento no segundo semestre.