A seis meses do Enem, tempo e disciplina são cruciais, dizem professores; veja dicas

Assistir a videoaulas e resolver provas anteriores ajudam na preparação

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  • Tailane Muniz

Publicado em 28 de maio de 2019 às 05:30

- Atualizado há um ano

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Foi só o tempo de concluir o ensino médio e já mergulhar a cara no livro. De questões gerais que permeiam a relação entre os seres humanos e a natureza, dentro da Filosofia, aos fenômenos da Física.

Conseguir uma boa pontuação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é uma preocupação que, a seis meses da realização da prova, fez com que a estudante Celeste Guanais, 17 anos, criasse estratégias de aproveitamento do tempo - coisa que os professores apontam como cruciais nesta reta final.

O primeiro passo, sofrível para muitos, foi diminuir uso das redes sociais, revela Celeste, que fez isso por conta própria. Ela é natural de Caetité, na Região Sudoeste da Bahia, mora sozinha em Salvador desde fevereiro deste ano e resolveu se matricular em um cursinho preparatório na capital baiana. Além de menos tempo no celular, as cinco horas diárias de estudos são, segundo a jovem, imprescindíveis. 

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Embora as maiores dificuldades se concentrem nas disciplinas de Ciências da Natureza, para a estudante, a essa altura do campeonato, todas as disciplinas devem ser vistas e revistas. Celeste quer passar em Medicina: 'Disciplina é tudo' (Foto: Marina Silva/CORREIO) “Tive um ensino básico ruim. Venho de escola pública, então, já terminei o ensino médio sabendo que eu teria que me dedicar muito e fazer um cursinho. Eu resolvi confiscar o celular porque me deixa dispersa para estudar”, comenta ela, que vai fazer a prova pela primeira vez.Celeste acredita que a disciplina nos estudos, com a proximidade da prova, e a repetição dos conteúdos fazem diferença. “Eu estudo todos os conteúdos no cursinho e em casa porque tive uma base de ensino fundamental e médio ruim. Além disso, sempre morei no interior, acho que isso ainda conta contra. Agora é se dedicar, segurar a ansiedade e manter a disciplina”, reflete.

Cronograma Segundo a professora e coordenadora dos colégios Sartre e Bernoulli, Paula Barbosa, essa disciplina é uma das maiores dificuldades dos candidatos. A pedagoga explica que, numa era tecnológica, os jovens não conseguem administrar bem o próprio tempo, especialmente quando isso envolve estudos.“A essa altura do campeonato, quando o tempo é consideravelmente pequeno, próximo ao recesso junino, ele tem três possibilidades: dosa o tempo nas redes sociais; usa, mas de um jeito equilibrado, porque tem muita coisa interessante nas redes, no sentido de se informar; ou ele abre mão de vez, o que deve ser muito difícil”, considera Paula.A professora defende ainda que fazer um cronograma, incluindo todas as áreas aplicadas no Enem, é a melhor técnica de estudo. O conteúdo deve ser estudado diariamente porque, ainda segundo Paula, não adianta ter conhecimento de vários assuntos se não souber aplicar a seu próprio favor.

“Não há uma priorização de disciplinas, porque todas as matérias são importantes. Uma coisa muito boa é responder às edições anteriores. Isso funciona, no mínimo, como um teste de aplicação do tempo. Muita gente deixa de responder questões, o tempo ainda é um obstáculo. São 90 questões, é uma prova extensa e é importante treinar a habilidade”.

De acordo com a professora, que considera um ano um tempo relativamente curto para estudar tudo o que é necessário, alguns alunos desenvolvem dificuldades maiores em áreas quando eles não conseguem relacionar o conteúdo à vida real. “A gente está com uma dificuldade de colocar pros jovens a importância de alguns assuntos. Quando ele olha pro tema, olha pra vida, e não vê aplicabilidade, não enxerga de forma concreta e, consequentemente, não consegue absorver”. Lucas assiste a videoaulas dos assuntos que tem mais dificuldades (Foto: Marina Silva/CORREIO) Videoaulas Às vésperas de se formar no curso de Biotecnologia, na Universidade Federal da Bahia (Ufba), o agora candidato ao Enem, Lucas Tourinho, 21, dedica ao menos quatro horas, todos os dias, para estudar. A meta é o curso de Medicina, também na Ufba. Segundo o jovem, a prova foi a opção porque a instituição “raramente” abre as vagas residuais, modalidade de transferência interna, para o curso.“Estou focado. Além das aulas do cursinho, estudo todos os dias, quatro horas. Tiro um dia para não estudar nada, que é o domingo. Essa é minha primeira estratégia nessa reta final. Outra coisa que eu costumo fazer é assistir videoaulas daqueles assuntos que eu não domino. Acredito que é um jeito mais dinâmico”.A maior dificuldade que tem é nas questões de Física. O jovem pondera, entretanto, que tem facilidade em Química e Biologia. “Eu dou mais atenção àquelas que eu não domino, que realmente sei que preciso entender melhor um ou outro assunto”, acrescenta Lucas, que também é aluno de um cursinho extensivo de pré-vestibular. 

As vídeoaulas também são citadas pelo professor de Química da Fundação Bahiana de Engenharia (FBE) e do Curso Universitário, Victor Benevides, como boas aliadas neste momento. O professor acredita tanto na prática que criou um canal no Instagram (@benevidesvictor) onde compartilha dicas, conteúdos e até demonstrações.

“Além de aulas propriamente, também posto vídeo motivacionais e até prática de laboratórios. Esses dias ‘toquei fogo’ na minha mão para simular uma reação. Acho interessante ver as coisas aplicadas”, explicou. 

Ainda dá tempo? Para o professor, o ideal é que os alunos, no entanto, já tenham uma bagagem de conhecimento dos conteúdos para, apenas, esclarecer dúvidas com as videoaulas. O professor é taxativo na hora de afirmar que o tempo é curto:“Falta pouco? Falta. Mas ainda dá tempo? Sim. O aluno que não vem de um processo de estudos pode ter, sim, um bom resultado. É difícil, mas não é impossível”, diz ele.“Planejamento. Planejar o tempo é substancial no que resta daqui pra frente. E digo isso quanto a absolutamente tudo. O tempo que o estudante passa na escola, no cursinho, porque, às vezes, fica lá, desperdiçando mesmo, quando poderia estar produzindo e revisando”, acredita o professor, que sugere, ainda, que os candidatos calculem o tempo que gastam respondendo aos questionários.

Victor sugere que os alunos respondam, além das edições regulares do Enem, provas de edições passadas do Enem para Pessoas Privadas de Liberdade (Enem/PPL).“Fazer muitos exercícios, nos domingos à tarde, para se aproximar, ao máximo, do que é a prova, em si. Além disso, o PPL tem muitas questões similares ao regular, o que pode contribuir, agregar”, comentou.Um cronograma de execução das provas dos últimos seis anos, de acordo com Benevides, pode dar um resultado favorável até para quem não estava levando os estudos tão a sério. “Simular é o segredo. E a importância de responder aos domingo tem a ver com os hábitos de cada um”.

O professor exemplificou que se o candidato, por exemplo, tem o hábito de dormir aos domingos de tarde, entrar num ritmo de responder a questionários no dia da semana, vai acostumar o corpo. Assim,  garante o professor, ele vai correr menos risco de, na hora da prova, sentir sono, “dormir e ser levado pela onda”.Dicas 1. Diminuir o tempo nas redes sociais 2. Estudar atualidades/ler jornais e revistas 3. Calcular o tempo que passa em lugares externos (academia, shopping, festas, incluindo colégio e cursinho)  4. Fazer um cronograma de estudos com todas as disciplinas 5. Estudar em média três horas por dia 6. Responder provas de edições anteriores 7. Responder às provas do Enem PPL 8. Se alimentar bem e fazer alguma atividade física 9. Responder os simulados examente aos domingos (quando a prova é realizada) 10. Fazer redações (uma ou duas por semana)