A vida não é justa, Messi

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Publicado em 4 de julho de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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O risco de um dos maiores craques da história se aposentar sem um título pelo seu país é real. Acostumado a ganhar tudo com o Barcelona, Messi é da geração marcada por perder três finais seguidas: a Copa do Mundo de 2014, mesmo jogando melhor que a Alemanha no Maracanã; a Copa América de 2015 e a de 2016, ambas nos pênaltis para o Chile, contra quem a Argentina era considerava favorita – e ele errou uma cobrança em 2016. A sina do craque é pesada demais.

Messi é o maior artilheiro da história da seleção argentina, o que sempre será considerado pouco se ele não conseguir tirar o peso de uma nação bicampeã mundial e fanática por futebol que está há 26 anos sem ganhar nada – Olimpíada é torneio de menino. 

O tempo joga contra, a qualidade dos companheiros de seleção também. Ainda assim, o camisa 10 não desistiu. Nem deve.

Messi demonstra estar à vontade na renovada seleção de Scaloni, um treinador que não parece ser o ideal para ficar e conduzir o grupo aos títulos, mas iniciou a mudança que era necessária após tantos fracassos. Logo depois da eliminação para o Brasil com a derrota por 2x0 no Mineirão, o craque falou que se encontrou com o grupo, que a Argentina tem jogadores de futuro e que pretende ajudá-los a crescer. A geração dele vai chegando ao fim – Mascherano e Higuaín já se despediram – e o discurso de Messi mostra isso. Mas diferentemente das outras derrotas recentes, dessa vez ele não falou em aposentadoria da seleção. Fez o contrário. Colocou-se pronto para a luta.

Esse Messi que esteve no Brasil foi diferente do habitual. Sem Mascherano, portou-se como o líder fora de campo, e não só como o dono da braçadeira de capitão. Assumiu uma postura nova ao longo da competição ao parar com frequência para atender os jornalistas após as partidas, o que antes era raro. Após a eliminação, pediu aos conterrâneos que tenham paciência com a nova safra em vez de queimá-la.

Ele até cantou o hino nacional antes de dois jogos, o que não costuma fazer. E se parece um ato simples para nós, virou notícia na Argentina, onde o camisa 10 é criticado por ser “espanhol” (mora em Barcelona desde os 13 anos de idade) e não demonstrar a garra que os argentinos esperam de quem veste a camisa alviceleste. 

Mas deixou a desejar em campo. A única partida em que o jogador cinco vezes melhor do mundo comportou-se como tal foi na semifinal contra o Brasil, em que realmente jogou bem mesmo diante de uma das melhores defesas do mundo e em um clássico. Na Fonte Nova, teve apenas lampejos durante o segundo tempo contra a Colômbia - e nas outras partidas, pouco fez. Despediu-se da Copa América 2019 com um mísero gol de pênalti contra o Paraguai. 

Aos 32 anos, uma conta rápida coloca talvez mais três chances para o craque conquistar um título. A Copa América do ano que vem, que terá a Argentina como uma das sedes junto com a Colômbia, é a mais palpável. Na Copa do Mundo 2022, Messi terá 35 anos. Na Copa América 2024, se ele jogar até lá, estará com 37. Não resta dúvida que é um dos melhores da história, mas, ao falar dele, o asterisco de que não ganhou nada com a seleção sempre é possível, como acontece com Zico. Afinal, a vida não é justa.

Herbem Gramacho é editor de Esporte e escreve às quintas-feiras