Acordo Mercosul - União Europeia beneficia a cachaça

Exportações devem crescer e uso do nome da bebida será protegido

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  • Georgina Maynart

Publicado em 3 de julho de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: (foto: arquivo CORREIO)

O acordo firmado semana passada entre o Mercosul e a União Europeia promete beneficiar muito um dos setores mais peculiares da economia brasileira: a produção de cachaça.

Nem bem foi assinado na última sexta-feira (28), o acordo de livre comércio já está sendo comemorado pelos representantes do setor. O Instituto Brasileiro de Cachaça (IBRAC) divulgou nota celebrando o acordo, que prevê também o reconhecimento da Indicação Geográfica (IG) da cachaça brasileira pelo bloco europeu, considerado hoje um dos principais mercados da bebida brasileira.

“O acordo representa um grande avanço para o aumento das exportações de cachaça para o mercado europeu, que é o principal mercado de destilados no mundo. Hoje, a exportação da cachaça para a Europa fica aquém do potencial, se considerarmos o montante que o bloco importa de outras bebidas provenientes da cana de açúcar”, afirmou Carlos Lima, Diretor Executivo do IBRAC.

A expectativa é de que o acordo provoque também a redução das tarifas de importação da cachaça produzida na Europa.

No ano passado, a exportação de cachaça para a Europa rendeu mais de US$ 7,8 milhões de dólares à balança comercial brasileira. É um volume significativo, mas ainda bem abaixo do desempenho das bebidas produzidas no além mar. O Scotch Whisky, produzido o Reino Unido, gerou 4,7 bilhões de dólares. Já o Cognac francês, movimentou 3,7 bilhões de dólares em 2018.

A cachaça foi o primeiro produto genuinamente brasileiro a ter o selo de indicação geográfica protegido no país. A bebida, fabricada a base de cana-de-açúcar, já é reconhecida pelos Estados Unidos, Colômbia, Chile e México.“Com o acordo de proteção da Cachaça, teremos assegurado que apenas os produtores brasileiros poderão fazer uso da denominação Cachaça na União Europeia, que é o principal mercado de destilados no mundo. Além da proteção, isso também impulsionará os esforços para promoção da bebida”, completa Lima.Além da cachaça

O acordo de livre comércio assinado pelo Brasil com a União Europeia demorou 20 anos para ser concretizado, e deve beneficiar ainda a produção de queijos e vinhos.

“É o maior acordo que o Brasil, juntamente com o Mercosul, assinou aqui na Europa. Um acordo que levou 20 anos até chegar a esse momento. Eu espero que ele seja benéfico para o nosso país e principalmente para a nossa agricultura”, afirmou Tereza Cristina, Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

O Ministério da Economia estima que o acordo representará um incremento de US$ 87,5 bilhões de dólares no PIB brasileiro em 15 anos. Além de eliminar em 100% as tarifas de exportações de produtos industriais, o acordo retira tarifas aplicadas em produtos como suco de laranja, frutas e café solúvel. Também haverá ampliação de cotas para exportadores brasileiros de carnes, etanol e açúcar.

A União Europeia é o segundo parceiro comercial dos países do Mercosul, e o primeiro na área de investimentos. O Brasil se destaca entre os países da América Latina por manter a maioria dos negócios fechados com o bloco comercial.

Produção interna

De acordo com levantamento do Ministério da Agricultura, o Brasil possui 1.397 estabelecimentos produtores de cachaça e aguardente distribuídos em 835 municípios brasileiros. Os produtores de cachaça representam 21,9% do total de estabelecimentos produtores de bebidas do país.

A maioria está localizada na região Sudeste, principalmente em Minas Gerais. Na Bahia existem 106 rótulos registrados de cachaça e 15 de aguardentes, de acordo com o IBGE.