Afinal, consumir vinho compromete a imunidade?

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  • Paula Theotonio

Publicado em 7 de maio de 2020 às 17:53

- Atualizado há um ano

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Entre uma live e outra, videoconferências com amigos e refeições especiais, lá está ela: a tacinha do vinho que você mais gosta. Se isso acontece várias vezes por semana, impossível não acender o sinal de alerta: em meio a uma pandemia viral, será que não estaríamos comprometendo a nossa imunidade com esse hábito saboroso?

Questionei o médico Paulo Machado, coordenador do Serviço de Imunologia do Hupes/UFBA, sobre esse assunto. Por telefone, ele me contou que não existe, ainda, um consenso sobre o impacto real do consumo de álcool na resposta imunológica. Mas a bebida tem, sim, alguns efeitos negativos sobre nosso sistema de defesa.

“Ainda não temos pesquisas sérias ou testes de avaliação periódicos e funcionais para verificar com precisão essa interferência. O que sabemos é que, quando consumida em excesso, a bebida alcoólica diminui a atividade de diversas células do sistema imunológico. Exemplo: os monócitos, que destroem determinados microorganismos, diminuem ou perdem sua atividade; e o interferon, substância que impede a replicação viral e ativa outras células de defesa, tem sua produção prejudicada. Isso contribui para facilitar diversas infecções”, explica o especialista. Não existe consenso se uma o vnho pode comprometer a imunidade (foto: Helena Lope/Divulgação) Vinho como alimento funcional Por outro lado é preciso considerar que o vinho – principalmente tinto – possui compostos comprovadamente benéficos para a nossa imunidade. Um destaque para resveratrol, um polifenol com reconhecidos poderes antioxidantes, anti-inflamatórios, cardioprotetores, antienvelhecimento e anticancerígenos.

Pelo menos no tratamento para o MERS-CoV (primo do Sars-Cov-2), estudos experimentais da Universidade da Califórnia e da Universidade Nacional Chung Hsing, de Taiwan, sugerem que a substância impediu a replicação do vírus e a morte de células.

Há, ainda, diversos outros compostos do bem no vinho. Algumas antocianidinas protegem contra a degeneração celular e geram um subproduto, o ácido ferúlico, poderoso antioxidante. A rutina e os bioflavonóides potencializam a ação da vitamina C; e a quercetina, por sua vez, é um reconhecido antiviral.

Não é o caso, no entanto, de se entupir desses materiais em shots milagrosos, ingerir suplementações sem indicação ou de usar esses benefícios como desculpa para beber em excesso.

“A resposta imune é algo extremamente complexo, que envolve substâncias produzidas por células de todo o corpo, fatores genéticos, ambientais, alimentares e hábitos que impactam a saúde como um todo. Não existe uma receita de bolo para reforçá-la. Não há comprovação definitiva na literatura de que a suplementação específica de determinadas substâncias, como Vitamina D, C ou resveratrol vá construir uma barreira protetora para sua saúde. Embora haja poucas evidências, elas podem até ajudar, mas não são determinantes”, conta Paulo Machado.

E agora? Bom senso é a palavra-chave. Nesta coluna que escrevi sobre dieta e consumo de vinho, o nutricionista, sommelier e professor universitário Anderson Carvalho mandou avisar que uma pessoa saudável pode consumir até duas taças de vinho por dia (300 ml), de três a quatro vezes por semana.

É importante ressaltar que essa sensatez é esperada não somente na dosagem da bebida, mas em todos os aspectos da vida. Não é o vinho, sozinho, que vai te proteger ou te expor a uma infecção pelo Covid-19 ou por outras doenças. Aposte numa boa alimentação, engaje-se em alguma prática de exercícios físicos, use máscara se for imprescindível sair de casa e lave as mãos. É um bom começo.