Água no chope: clima chuvoso reduziu movimentação em bares de Salvador

Fim de semana teve venda de bebidas alcoólicas liberada na capital baiana

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  • Wendel de Novais

Publicado em 4 de julho de 2021 às 21:23

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Paula Fróes/CORREIO

O primeiro fim de semana com a comercialização de bebidas alcoólicas liberadas em Salvador foi bem diferente do que muitos esperavam. Sobrou lugares nos bares, sobretudo  no domingo (4),  quando a tarde foi chuvosa e as mesas ficaram vazias, como contou o garçom Cosme Oliveira, 20 anos.

“Hoje tá muito parado. É que, com chuva, vento e frio, a galera deve ter preferido ficar em casa mesmo. Sexta (2) até rolou um movimento, sábado a noite foi bem bacana a procura, mas hoje ficou bem devagar”, disse ele, que trabalha em um bar no Rio Vermelho.

Na Barra, outro ponto bem procurado de Salvador por aqueles que querem beber ao ar livre, a movimentação ficou bem distante do que se esperava. Cenário que para os garçons, que preferiram não se identificar, só tinha uma justificativa: o mau tempo. Com a maioria dos estabelecimentos funcionando, principalmente, na área externa, poucos foram os que se arriscaram a ir para lá ontem, ao contrário do sábado, quando o clima mais frio não afastou quem estava com saudade de passar o fim de semana na porta do bar.   Bares ficaram vazios neste domingo (Foto: Paula Fróes/CORREIO) De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur), de quinta, no pré-feriado, até o sábado, em mais de três mil vistorias realizadas, apenas quatro estabelecimentos foram interditados, sendo três deles bares e uma pizzaria. Ao todo, foram 12 aglomerações dispersadas pelos agentes da Sedur. Porém, nenhuma delas foi em bar. 

O que deixou o professor Pablo Souza, 39, mais tranquilo para ir à Barra e sentar na mesa de um bar depois de um ano bebendo em casa. Ele, que só tirava a máscara na hora de descolar um gole da cerveja, falou sobre a falta que as idas ao bar estavam fazendo na sua vida.

“Sair e beber no ar puro, sem deixar de usar a máscara, é bom demais. Tô curtindo, mas me cuidando ao mesmo tempo. Fiquei um ano sem pisar no bar e, agora que já tomei a primeira dose da vacina e vi que não estava cheio, me senti mais tranquilo para voltar e matar a saudade”, disse Pablo, que só estava bebendo em casa com a família até então. Movimento fraco deu coragem para Pablo retornar para a mesa de bar (Foto: Paula Fróes/CORREIO) O personal trainer Robert Moura, 30, passou metade da vontade de Pablo, ficando afastado dos bares por pouco mais de seis meses. Na volta da comercialização das bebidas alcoólicas no fim de semana, ele decidiu aproveitar no sábado e no domingo, mas ainda com receio, tentando ocupar a mesa mais isolada do bar.   

“Voltar é bom porque acho importante dar uma relaxada, mas claro que faço sem perder a noção do cuidado, procurando mesas mais distantes de outras pessoas. Agora, a sensação de sentar aqui é boa demais. São mais de seis meses sem poder beber no bar e tava fazendo falta demais porque aqui a resenha tem outra cara”, conta ele, que estava acompanhado de dois amigos.   Robert ficou seis meses sem ir em um bar (Foto: Paula Fróes/CORREIO) Outro soteropolitano que quis voltar ao bar no fim de semana, mas preferiu não se identificar, seguiu a mesma linha do personal trainer e explicou que estava voltando, mas se preocupava com o ato de sentar no bar depois de meses sem beber fora de casa. 

“É que muitas vezes a gente tem que tomar o cuidado por nós e pelos outros, né?! Muita gente ainda vacila e isso prejudica. Como a saudade é grande demais, tento voltar sem correr muitos riscos e dias mais vazios como hoje são os ideais. Ontem, eu também saí, mas levei um tempo para encontrar um lugar mais seguro”, afirma ele, que viu bares mais cheios no sábado.   

Sábado em Salvador

Foi o sábado, inclusive, que fez o fim de semana dos donos de bares e garçons valer a pena. Marcos Roberto, 41, que é garçom no Rio Vermelho, relata que as vendas de sábado foram quatro vezes maiores do que estava saindo nos fins de semana anteriores. "A gente tava vendendo por noite mil reais. Nesse fim de semana, no sábado, vendemos quatro mil. O domingo que ficou fraco porque a chuva também contribuiu", relata. A exceção à regra foi Itapuã, que teve bares cheios no domingo mesmo com a chuva. Com uma busca forte por bebidas mesmo em momentos em que a venda esteve proibida, a orla do bairro teve grande movimentação e era difícil achar mesas vazias nos estabelecimentos.  Itapuã teve bares cheios mesmo com chuva no domingo (Foto: Paula Fróes/CORREIO) O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes secção Bahia (Abrasel-BA), Leandro Menezes, fez um balanço positivo do fim de semana de retorno das bebidas alcoólicas, mas ressaltou que, com as restrições ainda vigentes, a liberação do jeito que está não garante equilíbrio nos caixas dos estabelecimentos. 

“Mesmo com a chuva e o feriadão, tivemos um aumento significativo do movimento nos bares e restaurantes. Isso demonstra a confiança dos consumidores em nossa capacidade de ofertar um ambiente seguro. Agora vale lembrar que essa redução das restrições servem como um alento e injeção de esperanças. Porém, ainda impede o equilíbrio das contas das empresas”, destaca. 

Praias fechadas

Se os bares ficaram cheios em Itapuã, a mesma coisa não se repetiu com as praias que ainda permanecem fechadas no fim de semana. Por lá e em toda orla, só quem estava na areia eram os pescadores que exerciam sua profissão mesmo debaixo da chuva. 

Procurada, a Guarda Civil Municipal (GCM) confirmou o que foi visto pela reportagem e informou que o domingo foi de poucos banhistas desobedientes. “Por conta do mau tempo, onde aconteceu momentos com chuvas, o público não foi tão grande, contudo diversas orientações se fizeram necessária de quinta a sábado”, escreve.

As orientações, no entanto, se deram principalmente nas práticas esportivas coletivas, a exemplo das partidas de futebol, onde diversos jogos foram finalizados e populares orientados a se retirarem da faixa de areia.

Além de espantar banhistas, a chuva também foi motivo de preocupação para os soteropolitanos. A Defesa Civil de Salvador (Codesal) registrou oito ocorrências até o fim da tarde de domingo, sendo dois alagamentos de imóvel, duas ameaças de desabamento, uma árvore ameaçando cair, uma avaliação de imóvel alagado, um deslizamento de terra e um incêndio.

Os maiores acumulados de chuvas registrados em 24 horas pelo Centro de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil (Cemadec), foram registados em Saramandaia (38,6mm); Caminho das Árvores (35,4mm); Retiro (33,6mm); Campinas de Brotas (20,8mm) e Stiep (19,3mm).

*Com supervisão do editor do Correio24horas Wladmir Pinheiro