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Georgina Maynart
Publicado em 10 de maio de 2019 às 06:00
- Atualizado há 2 anos
Nem mais, nem menos. São exatos 4 metros e 70 centímetros de comprimento. Este é o tamanho da mandioca colhida pela agricultora Zaedna Dias Carmo, na fazenda da família no povoado de Formosa, na zona rural de Itaberaba, a 264 km de Salvador.>
Ela e o marido, Manuel, sabiam que seria difícil colher a raiz sozinhos, por isso fizeram um mutirão. (Foto: Família Dias Carmo) “A raiz cresceu tanto que rachou a terra por cima. Já dava para saber que era grande. Fizemos um digitório para arrancar o aipim. Chamamos os vizinhos para ajudar, e meu irmão, que veio passar o fim de semana, também participou. Deu muito trabalho para cavar”, conta a agricultora. Agricultores fizeram mutirão para conseguir arrancar a raiz. (Foto: Família Dias Carmo) Medido com trena e pesado, o aipim alcançou 28 quilos. A lado dele, no mesmo pé, cresceram outras quatro raízes, juntas elas pesam mais de 80 quilos.>
“Há cerca de três anos eles já tinham colhido uma raiz com 2 metros e 80 centímetros. Mas desta vez a gente ficou ainda mais surpreso, admirado em ver. E tem mais um pé, do mesmo tamanho, na mesma área”, conta Nilson Dias, irmão da agricultora.>
A mandioca virou até atração na região, e vem atraindo curiosos que querem ver a raiz de perto. >
“Espalharam o vídeo da colheita nas redes sociais. O pessoal está vendo pela internet e vem medir para comprovar se é de verdade e se o tamanho é real”, completa a agricultora.>
A mandioca é da variedade “aipim manteiga”, do tipo mansa, e pode ser consumida diretamente pelo ser humano. A família, que também planta feijão, melancia e abacaxi ainda está decidindo o que fazer com o achado. Como a raiz já está muito dura, não dá para cozinhar e nem serve mais para o consumo humano, mas pode ser usada como ração para os animais. A raiz de aipim é uma das maiores já colhidas no Nordeste. (Foto: Família Dias Carmo) Fenômeno Natural>
Os especialistas acreditam que vários fatores contribuíram para o crescimento acima do comum. Um deles é o tipo de solo da região, arenoso, que favorece a expansão da raiz.>
“Geralmente acontece dela ficar muito grande quando é uma planta isolada, cultivada na borda da plantação, do lado de fora. Ela não tem concorrência de espaço. Há uma disponibilidade maior de solo, água e luz, e consegue reservar mais nutrientes, crescendo mais. É um fenômeno natural”, explica o pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, o engenheiro agrônomo Joselito Motta, especialista no cultivo da raiz. >
O tempo de colheita também faz a diferença. A mandioca cultivada pela família baiana foi plantada há mais de dois anos, e foi colhida depois do tempo recomendado.>
O especialista destaca que as variedades de mesa, as mandiocas mansas, geralmente chamadas de aipim ou macaxeira, devem ser colhidas entre 10 a 12 meses depois do plantio. Já as mandiocas bravas, que não podem ser consumidas diretamente, devido ao alto teor de ácido cianídrico, devem ser colhidas em até 18 meses.>
“Se deixar passar este período, ela pode crescer ainda mais. Se torna raro porque, geralmente, o agricultor não deixa a raiz por tanto tempo embaixo da terra. E o fenômeno não se repete se a maniva que originou a raiz for plantada. Mas há até concursos para ver a raiz mais comprida, ou aquela que tem o formato diferente”, conta Motta.>
Não há registro oficial sobre os tamanhos recordes de mandiocas colhidos no Brasil. Mas a Bahia tem tradição em colheitas inusitadas. Em 2014, uma outra mandioca gigante, com cerca de 5 metros e 50 centímetros, foi colhida na zona rural de Vitória da Conquista, no Sudoeste do estado. Dois anos antes, uma raiz de 2 metros e 20 centímetros havia sido encontrada na mesma região.>
Em 2016, uma mandioca de 112 quilos foi colhida no Ceará, e outra de 200 quilos cresceu no quintal de uma casa no sul paranaense.>
A Bahia é um dos maiores produtores de mandioca do Brasil, junto com os estados do Maranhão, Pará e Paraná. Ano passado, segundo o IBGE, os agricultores baianos produziram mais de 1,5 milhão de toneladas de mandioca. >