Air France e Airbus serão julgadas na França pela queda de voo Rio-Paris

Avião caiu no Atlântico em 2009, matando todas as 228 pessoas a bordo

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  • Da Redação

Publicado em 12 de maio de 2021 às 12:02

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arquivo AFP

As empresas Air France e Airbus serão julgadas por homicídio culposo na França pelo acidente com o voo 447 Rio-Paris, que caiu no mar e matou 228 pessoas em 2009. A determinação foi dada nesta quarta-feira (12) pelo Tribunal de Apelações de Paris, que considerou as responsabilidade indiretas das empresas no caso.

A decisão reverte uma decisão de 2019 que tinha sido favorável às empresas. A Procuradoria-Geral da República e familiares das vítimas apelaram. "É uma grande satisfação ter a sensação de que finalmente fomos ouvidos pela Justiça", diz Danièle Lamy, presidente da associação Entraide et Solidarité AF447 ("ajuda mútua e solidariedade AF447").

Os advogados da Airbus já informaram que vão apelar, afirmando que a decisão é "injustificável". A Air France também entende que não cometeu nenhuma falha penal que tenha causado o acidente. 

Acidente O avião, um Airbus A330 da Air France, caiu no Oceano Atlântico em 1º de junho de 2009. Todos os passageiros e membros da tribulação morreram neste que foi o pior acidente da história da companhia francesa - um total de 228 pessoas de 34 países.

Dois anos depois, as caixas-pretas do avião foram localizadas, a quase 4 mil metros de profundidade. A investigação revelou que houve um congelamento dos sensores externos da aeronave, os tubos de pitot, o que levou a dados errados de velocidade sendo fornecidos ao sistema. 

Essa falha deixou os pilotos desorientados durante a travessia noturna do Atlântico. Em menos de quatro minutos, eles perderam o controle do avião, que caiu no mar. 

As duas empresas foram acusadas de homicídio culposo em 2011, mas em 2019 a Justiça recusou as acusações, afirmando que o acidente foi causado por uma  "combinação de elementos que nunca antes havia acontecido e que, portanto, também revelaram perigos nunca antes percebidos". 

Para os juízes, as investigações não mostraram uma falha defeituosa nem por parte da Airbus, nem da Air France. 

A Procuradoria-Geral recorreu e agora a decisão foi revista. O órgão alegou que houve "negligência e imprudência" na formação dos pilotos, ampliando a responsabilização para as duas empresas. 

A alegação é de que elas não forneceram informações suficientes aos pilotos sobre como reagir em caso de anomalias nos sensores de velocidade do avião. Outros incidentes do tipo, em meses antes da tragédia, foram usados de exemplo. Para o órgão, a Air France não deu informações suficientes à tripulação e a Airbus "subestimou a gravidade das falhas das sondas de velocidade pitot".