Alemanha não vai aplicar vacina de Oxford/AstraZeneca em idosos

País diz que não há dados suficientes para essa faixa; Reino Unido mantém uso

  • D
  • Da Redação

Publicado em 28 de janeiro de 2021 às 15:42

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arquivo AFP

O comitê de vacinas da Alemanha informou que o imunizante contra covid-19 desenvolvido pela AstraZeneca deve ser aplicado apenas em pessoas com idade entre 18 e 64 anos. A recomendação foi feita nesta quinta-feira, 28, às vésperas de o órgão regulador da Europa julgar se a vacina poderá ser utilizada nos países do continente. O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, discordou da afirmação e disse que o imunizante é eficaz para pessoas de todas as faixas etárias.

Por comunicado, o comitê alemão, Stiko, disse que "atualmente, não há dados suficientes disponíveis para avaliar a eficácia da vacina a partir dos 65 anos de idade". A nota, aprovada pelo ministério da saúde alemão, acrescentava que "a vacina AstraZeneca, ao contrário das vacinas de mRNA, só deve ser oferecida a pessoas com idade entre 18 e 64 anos", acrescentou.

Perguntado sobre a avaliação alemã, Johnson comentou: “Não concordo com isso. Nossas próprias autoridades deixaram muito claro que acham que a vacina Oxford/AstraZeneca é muito boa e eficaz”.

A declaração foi feita em visita a uma fábrica de vacinas na Escócia. “A evidência que eles viram, que eles receberam, é de que eles acham que é eficaz em todos os grupos etários, e fornece uma boa resposta imune em todos os grupos etários.”

A avaliação da Stiko foi baseada nos mesmos dados de teste publicados pela revista médica The Lancet em 8 de dezembro. Também em dezembro, a União Europeia aprovou o desenvolvimento da vacina da Pfizer, que é feita em parceria com o laboratório alemão BioNTech, e, em janeiro, autorizou a aplicação do imunizante da Moderna.

A AstraZeneca ainda não comentou a recomendação feita pelos alemães. Na segunda-feira, a farmacêutica negou que sua vacina contra covid-19 não seja eficaz para pessoas com mais de 65 anos. A declaração foi feita depois após cientistas declararem na imprensa alemã que temiam que a vacina não fosse aprovada na União Europeia para uso em idosos.

O ministério da saúde alemão disse que das 341 pessoas vacinadas no grupo com 65 anos ou mais, apenas uma foi infectada com o coronavírus, o que significa que o painel de especialistas em vacinas não conseguiu obter uma declaração estatisticamente significativa sobre essa faixa etária.

O presidente-executivo da AstraZeneca, Pascal Soriot, disse que a empresa tinha menos dados do que outras farmacêuticas sobre os idosos porque começou a vacinar os idosos mais tarde. "Mas temos dados sólidos que mostram uma produção muito forte de anticorpos contra o vírus em idosos, semelhante ao que vemos em pessoas mais jovens”, disse Soriot ao jornal Die Welt em entrevista no início desta semana.

A Alemanha também enfrenta o problema com doses limitadas de vacina depois que a Pfizer e a AstraZeneca anunciaram atrasos nas entregas nas últimas semanas. O ministro da Saúde, Jens Spahn, alertou que a escassez duraria até abril.

Em dezembro, o Reino Unido se tornou o primeiro país a aprovar o uso da vacina desenvolvida pela AstraZeneca. O governo do país disse que não recomendaria uma vacina em vez de outra para diferentes grupos da população, embora os dados sobre a eficácia da vacina AstraZeneca em idosos sejam atualmente limitados.

O imunizante começou a ser aplicado em janeiro, em uma campanha que tem como alvo pessoas mais velhas. Mais de 7 milhões de pessoas já receberam a primeira dose. A Grã-Bretanha também tem usado a vacina desenvolvida pela Pfizer e BioNTech.