Amigos de vítima de homofobia fazem protesto em Camaçari

Policial militar é suspeito de ser o atirador e grupo teme que caso fique impune

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  • Da Redação

Publicado em 25 de outubro de 2019 às 22:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

Amigos e familiares de Marcelo Macedo, 33 anos, fizeram uma manifestação no final da tarde desta sexta-feira (25) para cobrar mais agilidade da polícia na investigação da tentativa de homicídio e do crime de homofobia de que ele foi vítima, em Camaçari. O crime aconteceu no domingo (20) e um policial militar é suspeito.

O grupo de manifestantes saiu da praça Desembargador Montenegro, no centro da cidade, caminhou alguns metros até a praça Abrantes, e retornou ao ponto de origem. Com faixas e cartazes, eles pediram por justiça. Frases como “aceitar é uma escolha sua, respeitar é um dever de todos”, e “amor não é doença” foram levadas para o protesto. Manifestantes pediram que crime não fique sem resposta (Foto: Divulgação) Nesta sexta, Marcelo fez uma postagem nas redes sociais contando o que aconteceu. Ele disse que viveu um verdadeiro filme de terror e que ainda está se recuperando. “É difícil acreditar que as pessoas são agredidas tão cruelmente e de maneira tão covarde pelo simples fato de demonstrar afeto. É triste. Dói. Estou despedaçado”, disse.

O rapaz pontou como foi a reação após a tentativa de homicídio. “Não lembrava de muita coisa. Ao abrir os olhos e me dar conta do que estava acontecendo, entrei em estado de choque, mas por incrível que pareça, o hospital é o meu lar agora, é o lugar onde me sinto seguro, protegido, em paz. Não sei como será quando sair daqui”, afirmou.

Marcelo foi baleado quatro vezes dentro de um bar, em Camaçari, porque beijou o namorado. Três homens que estavam em outra mesa ficaram incomodados com a troca de carinho e agrediram o casal, verbalmente e fisicamente, antes da tentativa de homicídio. Marcelo ainda está se recuperando (Foto: Reprodução) Um policial militar é um dos três suspeitos de participação no crime. A polícia investiga, agora, se ele é o autor dos disparos. O PM e outros dois homens se apresentaram na 18ª Delegacia (Camaçari), foram ouvidos e liberados. Isso deixou os amigos de Marcelo indignados e com receio de que o caso fique impune.

Procurada, a Polícia Civil informou nesta sexta-feira (25) que não vai comentar o caso até a conclusão do inquérito. Na quarta-feira (23), a delegada Thais Siqueira, responsável pela investigação, disse que o caso está elucidado e que será concluído até a próxima semana. Os responsável estão investigados por homofobia e tentativa de homicídio. 

O caso Marcelo saiu de casa para encontrar com um paquera, na noite de domingo (20), mas o passeio terminou com ele sendo baleado quatro vezes e socorrido às pressas para o Hospital Geral de Camaçari (HGC). O motivo para tanta violência, segundo testemunhas, foi porque Marcelo beijou o namorado em público, o que deixou três homens que estavam no mesmo local descontrolados.   

O crime aconteceu por volta das 23h, em um bar no bairro Inocop, em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. Segundo os amigos da vítima, Marcelo vai ao local com frequência e, por isso, era para ser mais uma noite comum.

“Ele e o rapaz estão se conhecendo, ainda não são namorados. Eles marcaram de se encontrar no bar e estavam trocando carícias quando os homens que estavam em outra mesa ficaram incomodados”, contou uma amiga da vítima que pediu para não ser identificada.

O ápice do incômodo foi quando Marcelo e o outro rapaz trocaram um beijo. Segundo as testemunhas, os três homens foram até a mesa em que o casal estava e agrediram eles, no começo, verbalmente. Marcelo argumentou que não estava fazendo nada de errado e que tinha direito de estar ali, o que enfureceu ainda mais os bandidos.

Eles começaram a agredir o casal com socos e pontapés, até que um dos criminosos sacou uma arma e atirou em Marcelo. O rapaz foi baleado quatro vezes, no braço e no abdômen, e socorrido às pressas para o Hospital Geral de Camaçari, onde passou por cirurgia e continua internado. O namorado dele não ficou ferido porque conseguiu correr e recebeu abrigo de moradores da região.