Aninha Franco: 'A Hidra sem cabeça'

Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.

  • Foto do(a) author(a) Aninha Franco
  • Aninha Franco

Publicado em 11 de março de 2017 às 09:38

- Atualizado há um ano

A Hidra sem cabeça que durante 13 anos, sem cabeça, mas de mãos agilíssimas, saqueou os setores produtivos do Brasil e demoliu sua vida criativa e pensante perdeu a chave do cofre e está desesperada, tentando recuperá-la. Como ela chegou ao poder com vozes e discursos ideológicos, meia volta, volta e meia lança um “Manifesto”, o último de “400 intelectuais” em apoio à candidatura de Lula, seu grande representante. As redes sociais, de pronto, perguntaram se existem “400 intelectuais” no Brasil. Existem e não estão na lista.

Os intelectuais comprometidos com o país se distanciaram da Hidra assim que perceberam suas reais intenções, tiveram suas vidas criativas desbaratadas, mas esperam estar vivendo os últimos momentos de perseguição petista, semelhante a que sofreram do regime militar, com modelo contemporâneo.

Para entender o que houve é só ler o discurso de posse de Gilberto Gil no Ministério da Cultura, em 2 de janeiro de 2003, escrito e pensado pelo escritor/pensador Antonio Risério, publicado na edição de Cultura pela palavra, da Ed. Versal, 2013, como de autoria de Gilberto Gil. Se Gil tivesse escrito aquele discurso, ou pelo menos concordado com suas intenções, as obras de arte e móveis de época dos Palácios do Planalto e da Alvorada não ficariam seriamente danificadas, as telas de Cândido Portinari não estariam em estado crítico, Múmias, a tapeçaria de Di Cavalcanti, não estaria com manchas e descoloração, o vaso de cerâmica pintado por Eliseu Visconti não teria desaparecido e o vaso oriental do século 19 não teria sido “remendado” com cola.

Se Gilberto Gil tivesse, ao menos, concordado com o discurso que Antonio Risério escreveu para a posse de 2 de janeiro de 2003, as pinturas dos quadros Jangada do Nordeste e Seringueiros, assinados por Portinari, cedidos pelo Banco Central ao Palácio da Alvorada, não estariam com rachaduras, o MinC não teria sido desmontado por interesses pessoais, mesmo que a Hidra sem cabeça não se interessasse por Arte e Cultura, como não se interessa, mesmo que a Hidra sem cabeça tivesse saqueado o país como se não existisse Poder Judiciário ou amanhã, como saqueou.

Se Gilberto Gil tivesse lido com intenções de executar o discurso que leu em 2 de janeiro de 2003, em sua posse no MinC, escrito por Antonio Risério, o pensamento brasileiro não estaria silenciado, o teatro brasileiro não teria desaparecido, as Megastores que substituíram as livrarias não estariam arruinadas por falta de clientes, a música não estaria tomada pela idiotia, filmes brasileiros teriam salas cheias em suas exibições e, talvez, 4.000 intelectuais assinassem um documento de apoio ao Ministério, hoje completamente desmoralizado pela má gestão, pela incompetência, pela irresponsabilidade, com a Sociedade que o mantém equiparando a Lei Rouanet, de incentivo à cultura, ao roubo.

Se Gil tivesse sido diligente com o discurso que leu em 2 de janeiro de 2003, a vida artística do Estado não necessitaria de artistas e produtores colaboracionistas, que optaram por enriquecer, de empresas cúmplices do Poder mas não da Cultura, e de artistas medíocres, como os colaboracionistas franceses que se aliaram aos nazistas na ocupação alemã de 1944 a 45, apostando no obscurantismo.