Aniversários não deixam mercado de festas infantis passar em branco

O hábito de comemorar aniversário aquece mercado baiano que ainda tem muito para expandir

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 26 de agosto de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação/Ivan Ferreira

Um levantamento realizado pela Associação Brasileira de Empresas e Eventos (ABEOC) mostrou que o mercado de festas infantis deverá crescer, em média, 14% esse ano. Em 2018, esse mercado teve uma alta de 30% com relação a 2017, quando o faturamento em cerimônias e festas superou R$ 17,2 bilhões, no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Eventos (Abrafesta).  Parte desse crescimento que ignora a crise tem uma relação estreita com a cultura de não deixar os aniversários passarem em branco.

Todo o universo das festas infantis estará em exposição até o dia 01 de  setembro no  Expokids, evento gratuito que reúne  35 empresas e marcas especializadas em um só  local, na Praça Central (Piso L1) do Salvador Shopping. O objetivo é  apresentar  o que há de mais atual em serviços e estrutura para a realização de festas infantis, desde convites, buffets, bolos decorados, lembrancinhas,  doces personalizados, salgados, balões, fotografia, filmagem, som e iluminação, entre outros. 

Segundo a empresária e realizadora da Expokids, Graça Dias, o mercado das festas infantis é marcadamente feminino. “Seja pela vontade de empreender, de estar ainda mais perto do universo dos seus filhos, ou porque perderam o emprego e assim podem voltar ao mercado de trabalho mais rapidamente”, diz. 

Para a empresária, o mercado baiano ainda tem muito a  se expandir e se profissionalizar. “Esse é um mercado de inovações continuas, onde se faz necessário o aprimoramento constante para continuar acompanhando temas e o que é tendência para crianças”, diz, salientando que quem deseja empreender nessa área precisa estar ciente que o compromisso e a responsabilidade são fundamentais porque se  lida com sonhos e expectativas dos pequenos. 

Universo familiar

A própria Graça passou a empreender como uma forma de se aproximar da família. “Eu mesma estava com 32 anos, um filho pequenino, trabalhava há muitos anos como executiva de multinacionais, o que me gerava uma intensa rotina de viagens e tempo longe do meu filho. Já almejava ter meu próprio negócio e principalmente algo que me possibilitasse exercer meu papel de mãe com mais presença”, conta ela, que comanda a Mundo Caramelo. A empresa está há seis anos no mercado realizando até oito festas completas e customizadas mensalmente. 

Para a empresária, embora o mercado infantil seja bem receptivo às novidades, antes de empreender é fundamental que se busque áreas de identificação, onde as habilidades possam ser efetivamente usadas. “O passo seguinte é definir o público alvo, mensurar os custos iniciais com a estrutura, os equipamentos, a especialização e o aprimoramento”, sugere ela.  

Outra empresária que precisou se reinventar foi Lívia Duarte, 49, da doceria Sucré. Ela conta que em 2015 decidiu transformar o hobby numa atividade lucrativa. “Em casa mesmo comecei a fazer tortas e docinhos porque sempre fiz nas festas das minhas filhas! Sou autodidata, gosto dos produtos mais  simples e artesanais e até hoje faço algumas receitas antigas de bolos, bom bocados e quindins que são de família”, conta. 

As primeiras encomendas surgiram do núcleo de amizades e na vizinhança. “Há dois anos abri minha pequena doceria, num espaço compartilhado com a Tokfinal festas, que faz decoração. Uma grande parceria surgiu”, relembra, ressaltando que nunca abriu mão da qualidade e, com isso, o mix de produtos foi aumentando. “Hoje, temos uma pequena loja, mas temos uma estrutura de buffet para atender as festas de maneira geral. Implantamos a venda delivery por aplicativos e também fornecemos  para algumas cafeterias da cidade”, completa. Para a empresária, a maior satisfação obtida na atividade reside em perceber o prazer dos clientes.

Mercado local

Para Graça Dias, apesar de Salvador ter um enorme potencial de crescimento na área, algumas carências ainda precisariam ser equacionadas, a exemplo dos espaços para eventos. “A cidade ainda tem poucos locais para festas infantis”, diz a empresária. Para ela, o segundo maior problema reside na falta de capacitação de alguns empreendedores, que terminam marcando com um sentimento de amadorismo o mercado. 

Com um posicionamento similar, a empresária Daniela Ribeiro, 30, da Vila Cabana, diz que, no mercado de festas, ocorre um erro muito comum: a falsa impressão que decorar festas infantil não exige capacitação. “Muitas decoradas que descobrem só depois de investirem no segmento que decorar é também administrar, lidar com pessoas, projetos, como qualquer outra empresa”, esclarece, salientando que o setor de decoração exige técnica, estudo, pesquisa. 

“Para quem está começando aconselho pesquisar. E muito! Estudar o mercado, concorrentes, fornecedores, procurar ajuda especializada do Sebrae ou consultores de negócios. Além disso, trabalhar com um produto ou serviço que você acredita e que se afina com seus interesses. Você não consegue vender bem algo que você mesmo não valoriza, não compreende ou não gosta”, orienta.

RELATO: DANIELA RIBEIRO

Festa do Pijama  Sou professora universitária , Mestre em Comunicação pela UFBA, e já atuava há 10 anos em sala de aula. A Vila Cabana, nossa empresa especializada em festas do pijama, veio como um projeto inicialmente secundário, complementar financeiramente falando, que alimentava o meu sonho de trabalhar com eventos infantis, mas acabou virando minha atividade principal. Empreendi porque achei um nicho de mercado que fazia parte do meu interesse pessoal, mas que era acima de tudo promissor. O sonho precisa , nesse caso, também ser rentável, pois demanda muito investimento financeiro e pessoal.Esse mercado é tão promissor que hoje temos também a Vila Celebrate, que tem a mesma proposta de festa intimista, mas no modelo de mesas decoradas e muito entretenimento para as crianças. Eu costumo dizer brincando que que a Vila Cabana e a Vila Celebrate trabalham com festas para os BFFs (best friends forever), expressão que as crianças gostam de usar para denominar seus melhores amigos. Tudo é voltado para eles, com muito amor, cuidado e personalização. Claro que recebemos bem os adultos, mas a criança é a razão do evento, logo ela e seus amiguinhos são nosso principal foco de satisfação.    Daniela Ribeiro defende a necessidade de profissionalização e muita pesquisa no mercado das festas e eventos infantis (foto: divulgação)