Ano será bom bom para produtores de frutas e legumes

Perços estarão equilibrados nas prateleiras e as exportações favorecidas de acordo com pesquisa

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  • Da Redação

Publicado em 8 de janeiro de 2020 às 20:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: (Arquivo CORREIO)

Frutas e hortaliças em abundância, preços mais equilibrados nas prateleiras e exportações em alta. Um cenário favorável tanto para os consumidores quanto para os produtores rurais. Esta é a tendência do mercado brasileiro para os hortifrútis em 2020. Pelo menos é o que prevê a pesquisa Hortifrúti Brasil, divulgada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - Cepea/Esalq.

Os dados revelam que os agricultores brasileiros vão aumentar a área cultivada com frutas frescas em 2,2% em 2020. Já a área plantada com hortaliças deve ser expandida em 1,2% até dezembro.

O levantamento demonstra uma perspectiva otimista baseada no crescimento econômico do país, na elevação do consumo interno de alimentos frescos e no aumento da procura externa pelas frutas brasileiras. “Há uma previsão de aumento de área, mas não de forma tão elevada. Isso significa que a oferta não vai ser muito alta a ponto de prejudicar a rentabilidade do produtor. E que os preços devem ficar mais atrativos para o consumidor, se levarmos em consideração a tendência de diminuição do desemprego, que pode melhorar o poder de compra”, afirma Margarete Boteon, coordenadora de Hortifrútis do Cepea.O estudo levou em conta dados coletados nas principais regiões agrícolas e fornecidos por produtores rurais, varejistas, atacadistas e exportadores. O recorte traz ainda projeções sobre a oferta e a demanda de alimentos para este ano. A produção baiana aparece em dez dos treze hortifrútis apurados. 

FRUTAS

As exportações de frutas frescas brasileiras devem continuar em alta, com destaque para as frutas tropicais. Neste item, a Bahia se destaca nacionalmente com a produção de mangas e uvas do Vale do São Francisco, no norte do estado, e com as frutas cultivadas na região Sudoeste, entre os municípios de Livramento de Nossa Senhora, Jussiape e Rio de Contas.

No ano passado, os agricultores destas áreas chegaram a aumentar a área plantada de manga para atender à demanda e as vendas externas bateram recordes pelo quinto ano consecutivo. Este ano não vai ser diferente. A fruticultura do semiárido deve continuar em evidência, impulsionada também pelo aumento do consumo interno.

Segundo os especialistas, em 2019 os agricultores obtiveram cotações até 35% maiores do que no ano anterior e a rentabilidade foi satisfatória. Porém, este ano os produtores podem enfrentar limitações devido à crise hídrica e aos gastos com energia elétrica e irrigação, fatores que oneram os custos.

A produção de uva do Vale do São Francisco deve continuar estável, com boa rentabilidade para os produtores da região, principalmente devido ao aumento das exportações. As vendas para outros países cresceram 19% no ano passado, e os agricultores devem manter a área plantada este ano.

“A rentabilidade da viticultura seguiu positiva no Vale do São Francisco. No geral, produtores ainda limitam expansões no plantio, já que a substituição de parreirais por variedades mais potenciais, permitindo duas safras com produções satisfatórias, é o principal foco de investimento. A BRS vitória e a Arra 15 são as variedades de destaque, e, diante das incertezas climáticas, produtores optam por fazer podas bem escalonadas, evitando perdas numerosas em casos de chuva excessiva”, aponta o relatório. Produção de mangas deve crescer ainda mais na Bahia, com destaque para o Vale do São Francisco e a região de Livramento de Nossa Senhora.(Foto: Georgina Maynart). Já a produção de mamão formosa deve aumentar na Bahia apesar das intempéries climáticas, pragas e doenças, enfrentadas pelos produtores no ano passado.

“Para 2020 o aumento da área deve ser um pouco maior, ocorrendo no Norte do Espirito Santo, Sul da Bahia e Rio Grande do Norte, devido aos bons investimentos na variedade formosa. O formosa tem mais estabilidade de mercado em função da maior produtividade e do menor custo de produção, além do grande interesse no comércio internacional”, indica o estudo.

Os agricultores baianos também devem elevar em 20% a produção de melão e em 58,3% a área plantada de melancia. 

Quanto a produção de banana, concentrada principalmente na região de Bom Jesus da Lapa, os produtores rurais continuam cautelosos. Muitos agricultores enfrentaram perdas no ano passado por causa das altas temperaturas, e o estresse térmico acabou destruindo muitos pomares. 

Mas alguns produtores devem aumentar levemente a área plantada de olho nas exportações. É que o dólar mais valorizado frente ao real incentiva a venda para outros países e favorece a balança comercial. 

Segundo os especialistas, a projeção é de expansão apesar das incertezas políticas e das variações nas taxas cambiais e de juros. “Por boas ou más razões, os diversos setores econômicos brasileiros podem se beneficiar duplamente: juros mais baixos no crédito e dólar mais alto que favorece as exportações e desestimula as importações”, afirma o coordenador do Cepea/Esalq, Geraldo Sant´Ana de Camargo Barros.Por outro lado, o estudo também aponta que a produção voltada para o mercado externo pode significar aumento de preços dentro do país. Algo que já ocorreu no ano passado, quando os preços dos hortifrútis registraram uma elevação médio de 16% em relação a 2018. 

A boa notícia é que os brasileiros estão consumindo mais este tipo de alimento e chegaram a gastar em média R$ 82 por ano com hortifrútis em 2019. No ano anterior o gasto médio ficou em torno dos R$ 70 por pessoa. Os analistas indicam uma crescente procura pelos chamados Snacks Naturais, ou alimentos frescos e prontos, minimamente processados. 

VERDURAS E LEGUMES 

Se em 2019 o consumidor chegou a chorar com o preço da cebola em alguns momentos, e sorriu em outros, em 2020 a tendência também é de instabilidade nos preços. As oscilações entre os períodos de escassez ou excesso de chuva devem continuar influenciando na produção e no preço do legume. 

“Para a temporada 2020 do Nordeste, Cerrado e São Paulo, há tendência de aumento na área, o que pode limitar a rentabilidade em relação a 2019. Mesmo assim, a elevação na área não deve ser tão expressiva, o que ainda pode manter os preços acima dos custos”, afirma a pesquisa.

Ano passado a cebola registrou cotações até 38% maiores. Na Bahia, as lavouras mais expressivas estão na região de Irecê e no Vale do São Francisco. Consumo de hortifrutis segue tendência mundial e está em alta no Brasil. Área cultivada de hortaliças deve crescer 1,2% este ano. (Foto: Georgian Maynart) As variações também devem continuar atingindo outros dois alimentos muito consumidos pelos baianos, a cenoura e o tomate. Este ano a tendência é de leve recuo na produção, pois muitos agricultores querem reduzir os riscos e estão até trocando estes cultivos por outros mais estáveis. 

Na Bahia, a produção do tomate é maior na Chapada Diamantina e no território de Irecê, região que também detém as plantações mais extensas de cenoura no estado. 

Já para quem não dispensa batata no cardápio a notícia é promissora. Depois de dois anos consecutivos de recuo, a produção nacional deve registrar um leve crescimento de 0,9% e provocar um aumento da oferta nas prateleiras.

O destaque regional vai para a produção na Chapada Diamantina que tem enfrentado problemas com falta de água, mas vem registrando recuperação da área cultivada.