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Antes de ser morto, rodoviário visitou filho recém-nascido em hospital

Corpo foi enterrado na manhã desta terça-feira (09), no Cemitério Ordem terceira de São Francisco

  • Foto do(a) author(a) Bruno Wendel
  • Bruno Wendel

Publicado em 9 de julho de 2019 às 17:11

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Bruno Wendel

Quando o pequeno Miguel nasceu, no último sábado (7), o motorista de ônibus Rafael Garcia, 31 anos, estava radiante de alegria e dizia a todos que era o pai mais feliz do mundo. Afinal, era seu primeiro menino, e ele alimentava um sonho: vê-lo se consagrar um grande jogador de futebol. Mas a violência arrancou-lhe o desejo de uma forma definitiva. Rafael foi assassinado com um tiro na nuca, no bairro de Águas Claras, no domingo (8), pouco depois de ter visitado o recém-nascido em um hospital.“Ele estava muito feliz. Quando não estava trabalhando ou com a mulher e a filha de 12 anos, ele estava jogando bola. Era volante e, ainda na gravidez da mulher, não escondia o sonho: faria de tudo para o filho se tornar um grande jogador de futebol. Agora, o sonho foi enterrado junto com ele”, declarou Silas Santos, 38, amigo de infância de Rafael, enterrado na manhã desta terça-feira (09), no Cemitério Ordem terceira de São Francisco.No início da tarde de domingo, Rafael e a filha tinham acabado de sair do Hospital Teresa de Lisieux, na Avenida Antônio Carlos Magalhães, e voltavam para casa quando o crime aconteceu.  O caso é apurado pela 2ª Delegacia de Homicídios (DH/Central) e, de acordo com a investigação, Rafael dirigia um carro e o bandido disparou por ele não ter parado o veículo. A filha  ficou ferida no queixo por conta dos estilhaços de um dos vidros atravessado pela bala. Antes de visitar o filho, Rafael tinha participado de uma partida de futebol, em Valéria (Foto: Bruno Wendel) Velório O velório começou por volta das 11h. A mulher de Rafael, de prenome Joice, chegou ao local de cadeira de rodas, devido ao parto recente. A filha de 12 anos, que testemunhou o crime, estava o tempo todo debruçada sobre o caixão do pai. Ambas estavam abaladas e não falaram com a imprensa. Os parentes mais próximos também estavam emocionados e não quiseram dar entrevistas. 

No entanto, amigos de Rafael, que lotaram o cemitério – mais de 200 pessoas estiveram presentes – falaram sobre a vítima. “Era um exemplo a ser seguido. Um exemplo de pai, de colega de trabalho, amigo. Ele se foi e deixou em nós uma dor imensurável. Estamos todos arrasados”, declarou Silas. “Era uma pessoa muito querida. Foi um choque para todos nós. Ainda está difícil de acreditar”, declarou Renato Dhias, 35, amigo da vítima. 

Todos queriam dar adeus a Rafael. A capela onde o corpo era velado não dava conta de tanta gente. A grande maioria se aglomerava no entorno do salão. Uma das pessoas visivelmente abatidas com a tragédia foi o cobrador Regival Santos Nascimento, 55. Ele trabalhava com Rafael numa linha da Integra Plataforma.“Era muito responsável e também animado. Ele estava sempre de alto astral e alegrava todo mundo. Apesar de a gente trabalhar numa função tão estressante e arriscada, ele estava sempre sorrindo. Eu o tinha como um irmão. Estou tão desolado quanto a família dele”, declarou Regival. 'Estou tão desolado quanto a família dele', disse o cobrador de ônibus Regival Nascimento, que trabalhava com Rafael (Foto: Bruno Wendel) Volante Rafael estava de férias e aproveitou a manhã de domingo para jogar pelo PH, um time de Cajazeiras, durante uma partida em Valéria.“Ele já chegou sorridente. Disse que faria um gol em homenagem ao filhol que tinha nascido no sábado. E fez, logo no primeiro tempo. Era o nosso melhor volante. Assim que acabou a partida, nosso time venceu com o único gol, ele disse que ia para casa almoçar e depois ver o filho no Teresa de Lisieux”, contou Sérgio Luís Paulo, diretor do PH. Além do PH, Rafael também jogava no Ypiranga de Boca da Mata. “Ele era o considerado o melhor volante das Cajazeiras. Todo time queria tê-lo, pena que ele não podia se multiplicar”, brincou, entre uma lágrima e outra, o diretor do time, José das Neves. “Quando recebi a notícia através de mensagens no celular, custei a acreditar. Pensei que era uma brincadeira de mal gosto. Tive a certeza quando vi nos sites de notícias. Perdemos um grande homem”, complementou Neves. 

Insegurança Além de parentes, amigos e colegas de trabalho de Rafael, estavam presentes à cerimônia dirigentes do Sindicato dos Rodoviários de Salvador. O vice-presidente da entidade, Fábio Primo, pediu empenho na investigação.“Nós vivemos hoje um estado de completa insegurança. O que nós queremos é a mesma dedicação que a Secretaria de Segurança Pública (SSP) empenha quando um policial é morto. Rapidamente é solucionado. Não quero dizer que a nossa categoria é melhor que a deles, pelo contrário. O que quero dizer é que todos nós somos iguais e por isso necessitamos da mesma dedicação para que não seja apenas mais um crime na estatística da insegurança”, declarou Primo.