Após 5h de paralisação, rodoviários voltam ao trabalho em Feira de Santana

Cidade está enfrentando uma batalha judicial com as empresas de transporte alternativo

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  • Da Redação

Publicado em 4 de setembro de 2019 às 16:23

- Atualizado há um ano

Os moradores de Feira de Santana, segunda maior cidade da Bahia, ficaram sem ônibus na manhã desta quarta-feira (4), depois que os rodoviários resolveram suspender as atividades. A categoria decidiu recolher os coletivos porque se sentiu ameaçada após uma liminar do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) permitir que vans circulassem pelo município.

O serviço de transporte público de Feira de Santana é realizado por duas empresas licitadas pelo governo, mas uma liminar do TJ-BA permitiu que outras empresas de transporte alternativo também atuassem. A decisão é de agosto e, segundo os rodoviários, ela autoriza que vans façam as mesmas linhas dos ônibus.

A paralisação começou por volta das 10h. Houve uma reunião entre o Sindicato dos Rodoviários e a prefeitura, às 12h, e uma assembleia dos trabalhadores logo depois. Segundo o presidente da categoria, Alberto Nery, os motoristas e cobradores resolveram voltar ao trabalho, mas não estão descartadas novas paralisações.

“Fizemos uma assembleia com o pessoal das duas empresas, Rosa e São João, e as atividades foram retomadas às 15h. A paralisação ocorreu porque há uma liminar do TJ que autoriza algumas vans que não participaram do processo licitatório a rodar em Feira, nas linhas que esses ônibus operam. Com isso, as empresas de ônibus estão reduzindo gradativamente o número de empregados. O trabalhador, sentindo-se ameaçado, resolveu parar. O sindicato deu apoio logístico e pediu que os ônibus fossem para as garagens para evitar desordem, brigas”, contou Alberto.

Ainda segundo o sindicato, Feira de Santana tem cerca de 220 ônibus que empregam 1 mil funcionários. Aproximadamente 50 mil pessoas utilizam o transporte público na cidade todos os dias.

“A gente (sindicato) se reuniu com a diretoria, passei a nossa preocupação com essa parada sem que houvesse aviso prévio e decidimos retomar as atividades. Agora, vamos aguardar o desdobramento e, se for desfavorável, voltaremos a parar por tempo indeterminado, mas avisando antes”, garantiu o presidente da categoria.

Em nota, a prefeitura de Feira de Santana informou que pediu aos rodoviários que retomassem as atividades para evitar danos à população. O município afirmou também que está tentando derrubar a liminar. “O entendimento é que a prefeitura e também as empresas estão cumprindo todas as ações possíveis para suspender os efeitos da liminar. E que manter a paralisação, além de prejudicar a população, beneficiaria a clandestinidade, que se sentiria fortalecida”.

Representantes da Procuradoria Geral do Município, advogados das empresas e do Sindicato dos Rodoviários estão em Salvador para uma audiência com o desembargador relator da liminar. O objetivo é sensibilizá-lo a julgar o recurso da prefeitura, apresentado há mais de duas semanas e ainda sem definição.

Liminar O pedido de liminar foi feito pela Cootafalg Cooperativa de Transportes Alternativos de Passageiros do Alto do Peru, Fazenda Grande do Retiro, São Caetano, Pirajá e Castelo Branco. A empresa tem CNPJ de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador.

A cooperativa alegou que seus membros estavam sofrendo perseguição por parte da Secretária Municipal de Transporte e Trânsito de Feira de Santana, com apreensões irregulares de veículos, aplicação de multas de valores exorbitantes e cobrança de taxas de elevado valor para liberação dos carros.

O desembargador João Augusto Alves de Oliveira Pinto analisou o pedido e concedeu a liminar argumentando que a legislação de trânsito já estabeleceu as penalidades cabíveis para o transporte remunerado irregular de passageiros e que não pode o Município criar penalidade diversa, mais severa do que a já estabelecida.

O magistrado destacou também que os cooperados necessitam dos veículos para trabalhar, e que a apreensão compromete o sustento dessas famílias.

“Defiro o pedido de antecipação de tutela para que as Rés e seus coobrigados e todo e qualquer órgão da área de transportes das entidades rés se abstenham de impedir, apreender, multar, e reter e remover os veículos dos cooperados do Agravante”, diz a liminar.

Ele definiu os itinerários em que as cooperativas podem atuar e determinou que se a prefeitura descumprir a decisão terá que pagar multa diária no valor de R$ 1 mil. Agora, é essa medida que o Município está tentando derrubar.

O CORREIO ainda não conseguiu contato com a Cootafalg Cooperativa.