Após recomendar suspensão de vacinação, Queiroga critica rapidez na imunização 

Para ministro, estados estão exibindo vacinação contra a covid-19 ‘como se fosse troféu’

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  • Da Redação

Publicado em 16 de setembro de 2021 às 17:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação/Ministério da Saúde

O ministro Marcelo Queiroga, da Saúde, criticou nesta quinta-feira (16) estados e municípios que iniciaram a aplicação da terceira dose antes do prazo dado pelo ministério. “Exibem como se fosse um troféu”, disse o ministro, durante entrevista coletiva convocada para explicar nota técnica divulgada pelo Ministério da Saúde recomendando que não haja vacinação em adolescentes sem comorbidades. A vacinação foi mantida para jovens com deficiência permanente, comorbidades e privados de liberdade.

As explicações foram confusas e a decisão de recomendar a paralização da imunização nos jovens, acatada por Salvador, foi criticada por secretários de saúde. O ministro afirmou que a pasta orientou a suspensão da imunização dos adolescentes sem comorbidades porque os estados estariam administrando doses de vacinas que não têm autorização para serem dadas a esta faixa etária. 

O ministro afirmou ainda que limitou público adolescente por cautela com eventos adversos. Ele alegou que a pasta acompanha o caso da morte de um adolescente no estado de São Paulo. A morte ocorreu – embora não haja comprovação da relação – depois de o jovem receber o imunizante da Pfizer.

“O Ministério da Saúde pode rever a posição desde que haja evidência científica sólida. Por enquanto, por questão de cautela, temos eventos adversos a serem investigados, temos adolescentes que tomaram vacinas que não estavam recomendadas, temos que acompanhar”, disse o ministro.

Queiroga citou que mais de 3,5 milhões de adolescentes já foram vacinados no Brasil de forma "intempestiva", ou seja, sem a autorização do Plano Nacional de Imunizações, que previa a aplicação apenas entre os prioritários desta faixa etária (12 a 17 anos) a partir de 15 de setembro.

Ainda conforme o ministro, 1,5 mil adolescentes apresentaram eventos adversos, o que representa 0.042% do total. “Não é um número grande, mas temos que ficar atentos”, afirmou.

A maioria dos eventos adversos, 93%, ocorreu no público que tomou imunizantes sem autorização para uso em adolescentes. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou, em junho, apenas a aplicação da Pfizer a partir dos 12 anos sem restrições. Não há outra vacina permitida para esta faixa etária.

Nota questionada Durante a sessão da CPI da Covid desta quinta, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) apresentou à comissão requerimento pedindo explicações sobre uma nota do Ministério da Saúde dizendo que a Organização Mundial de Saúde (OMS) não recomendava a vacinação de crianças e adolescentes. 

Segundo o parlamentar, a OMS, na verdade, disse apenas que essa faixa etária da população não é a prioritária. “Há uma diferença gigantesca entre as duas situações”, disse Randolfe, para quem teria sido melhor o Ministério da Saúde admitir que não tem doses suficientes para todos.