Aprenda como jogadores investem para garantir a aposentadoria

Os goleiros Douglas e Deola, mais o meio campista Tiago Real mostram como montar uma reserva financeira

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  • Priscila Natividade

Publicado em 16 de dezembro de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Shutterstock

 De Mané Garrincha até o capitão pentacampeão Cafu, que acumula dívidas milionárias e imóveis penhorados - muito jogador de futebol bom de campo não consegue ter o mesmo sucesso na artimanha de administrar o patrimônio. Claro que ainda existe muito atleta ostentação, mas também  existe um time que está batendo um bolão na administração destas finanças, a fim de correr para o abraço com uma reserva financeira que mantenha o padrão de vida após a carreira. 

O que os goleiros Deola, Douglas Friedrich e o meio-campista Tiago Real têm em comum além de jogarem ou já terem vestido a camisa de times baianos? Se tornaram também bons em investimento. Em um dos casos, deu até para dobrar sua rentabilidade, quando passaram a enxergar o retorno em longo prazo, diversificar a carteira, apostar em renda variável e também buscar mais informação além do  gerente de banco.

“Constituir patrimônio exige tempo. As pessoas estão muito imediatistas e elas não enxergam que precisa de um horizonte para isso. O investimento precisa maturar até dar o retorno. Esse é segredo”, destaca o meio campista do  Muharraq, do Bahrein, e ex- jogador do Bahia e do Vitória, Tiago Real, que também é sócio da  Planner Sports, empresa especializada em auxiliar atletas do futebol. 

O goleiro do Fluminense de Feira e ex-jogador do Vitória, Deola, concorda: “Eu nunca fui uma pessoa extravagante, de gastar muito, até porque eu não tive grandes salários como os jogadores de hoje em dia. Para construir este patrimônio a primeira coisa a fazer é gastar menos do que você ganha”, aconselha. 

Para o goleiro do Esporte Clube Bahia, Douglas Friedrich, o caminho é vencer a cautela, ir em busca  de informação e, independente do valor, começar: “Eu perdi dinheiro e isso me levou a procurar mais informações sobre onde eu podia investir - já que estava carente disso no meu banco. Ainda receoso, eu pensei bastante antes de começar, mas a experiência, minha disposição ao risco, a preocupação em analisar o mercado só vieram com esse conhecimento”, afirma. 

Gol de placa

E tem mais uma dica para garantir uma boa jogada: quem quer investir precisa gerenciar gastos, todos eles, sem exceção. Isso vai permitir visão clara de quanto consegue investir e definir estratégias para construir patrimônio. A orientação é do consultor financeiro e especialista em planejamento financeiro de atletas da Fit Finance, Claudio Rodrigues. “Isso deve ser uma atividade inegociável de sua rotina, seja semanal, quinzenal ou mensal, mas faça. Saber quanto entra e quanto sai, onde e como consegue economizar”. 

Antes de escolher qual o investimento, avalie o seu perfil de investidor e qual o objetivo desse dinheiro. “Esta análise vai te dar uma base para definir qual investimento está mais alinhado ao cenário”, completa. 

DO PERFIL MAIS CONSERVADOR PARA O INVESTIDOR 'EXTREMANETE AGRESSIVO' ' Em nove meses consegui uma rentabilidade de 35%', afirma Deola (Foto: Cristiano Alves/ Fluminense de Feira - Divulgação) Deola, goleiro Deola, goleiro Eu invisto desde pequeno, minha cabeça sempre foi voltada para rentabilidade. Ao longo de toda a minha carreira, tive bastante erro, bastante acerto. Ficava no conforto da renda fixa com medo de perder dinheiro. De uns dois anos para cá comecei a buscar mais informações sobre renda variável. Mudei meu perfil totalmente de conservador para extremamente agressivo.  Tenho mais uns dois ou três anos de carreira, então, eu tenho que pensar no eu vou fazer após o meu término como jogador. A minha organização financeira nesse momento é voltada para poupar o máximo que puder  para que esse valor poupado possa se transformar em um rendimento lá na frente. Por isso, meus investimentos hoje, em sua grande maioria estão em renda variável. Eu tenho um valor pequeno em fundos imobiliários, que eu comecei a estudar há pouco tempo e estou gostando muito do que eu tenho visto. Teoricamente, é uma renda fixa dentro da renda variável, então isso é bem legal. E todo mundo pode investir. Comprei fundos imobiliários de R$ 10 reais o papel. Outro que paguei R$ 4, em dois meses ele estava valendo R$ 6, ou seja, quase teve 50% de aumento - o que mostra o quanto está valendo a pena. Tenho também um portfólio de ações. Elas são negociáveis: eu mesmo compro e vendo em determinados momentos que eu acho que tem necessidade de fazer essa mudança. Lógico que não é simples acertar esse “time”, muitas vezes você tem prejuízo. Coloquei uma meta de rendimento para minha carteira e eu estou acima desta meta. Em nove meses, consegui uma rentabilidade acima de 35%. O importante é você ter conhecimento do que está fazendo e isso vai ser replicado nos seus ganhos financeiros.

DE UM BANCO TRADICIONAL PARA AS PLATAFORMAS DE INVESTIMENTO A rentabilidade do goleiro Douglas, que veste a camisa do Bahia, aumentou 50% depois que saiu do banco comum (Foto: E.C Bahia/ Divulgação) Douglas Friedrich, goleiro Eu procuro destinar parte do que eu ganho para investimentos, mas também pensando no curto, médio, no longo prazo, nos meus objetivos de carreira, de vida. Também considero muito o investimento na minha família, no meu bem-estar, porque eu acredito que seja importante ser consciente, mas equilibrado e também saber usufruir dos seus recursos.  Sempre tive uma influência de casa de guardar dinheiro, de ser conservador, mas não tinha muito conhecimento, muita orientação e, até determinado momento, entendia que tinha pouco recurso para começar. Me vi nos últimos anos carente de bons investimentos junto ao meu banco e com uma certa ansiedade de investir. Mesmo sendo super conservador, acabei investindo em um negócio fora do banco, em uma empresa com um risco altíssimo e acabei tendo uma perda grande naquele momento. A partir dali eu entendi que eu não poderia somente ser influenciado porque os outros estavam fazendo, mas eu teria que me conhecer mais, aprender mais, dedicar mais tempo e aprender sobre como investir, sobre uma educação financeira, sobre planejamento.  Posso dizer, com certeza, que nesse período que tenho investido, minha rentabilidade aumentou mais de 50%, se comparado ao que eu tinha anteriormente com meu dinheiro no banco. Conto com o apoio de uma assessoria, mas estou sempre tentando entender como o mercado funciona antes de tomar qualquer decisão. Hoje tenho a consciência de que os recursos que eu tenho, preciso aplicá-los bem para que eu continue tendo uma boa qualidade de vida e, dentro desse equilíbrio, viver bem hoje, mas pensar que no futuro também quero viver bem com as pessoas que eu amo.  

CARTEIRA DIVERSIFICADA E DE LONGO PRAZO Para o jogador Tiago Real, na hora de investir o importante é diversificar (Foto: Divulgação) Tiago real, meio-campista A primeira coisa que eu levo em consideração na hora de administrar o meu dinheiro é cortar custos supérfluos para que eu tenha condições de investir, que sobre dinheiro para investir. É o básico em um planejamento onde você quer ter uma independência financeira no futuro: gastar menos do que ganha. Anotar os gastos, ter um planejamento e tentar seguir o máximo possível o que foi planejado para que você possa saber para onde está indo o seu dinheiro e, consequentemente, poupá-lo. É isso o que eu faço na minha vida e nos meus negócios.  Na carteira de investimentos, eu utilizo de tudo um pouco. Tenho imóveis, empresas, fundos de investimento, ações e renda fixa. Obviamente, dependendo do cenário, você vai moldando a sua carteira com o passar do tempo.  Hoje eu vejo um horizonte bom para ações. A taxa Selic - que rege todas as aplicações de renda fixa - caiu bastante e tende a cair um pouco mais. E aí, eu vejo as ações indo no caminho oposto. Tenho dado uma atenção especial para ações: boas empresa, empresas baratas, que tendem a ter uma boa valorização maior para o próximo ano. Eu tinha em média  6% de rendimento ao ano em cima das minhas aplicações. Hoje eu tenho algo perto de 10%. Quando você pega esse horizonte de 3% a 5% a mais por ano, a longo prazo você enxerga aí uma diferença muito grande. É bom você não ter todo seu portfólio em um único tipo de investimento. Se  você pega um momento do mercado de imóveis em baixa pode perder tudo. O mercado é cíclico. A partir do momento a gente entende isso e não ‘coloca todos os ovos na mesma cesta‘, começa a entender o mercado, que precisa diversificar, isso te ajuda a aproveitar o melhor momento possível. 

DICA DA SEMANA: ONDE APOSTAR EM 2020? 

Fundos de Investimento Multimercado Para o  consultor financeiro e especialista em planejamento financeiro de atletas da Fit Finance, Claudio Rodrigues, a aplicação é interessante porque é um tipo de fundo que permite  investir em vários tipos de negócios e empresas, de diversos segmentos. “O investimento é feito por meio de corretoras de valores e os aportes variam de R$300 a R$50 mil. Em um único tipo de investimento você já diversifica seu capital e os retornos costumam ser melhores do que renda fixa a médio e longo prazo”, recomenda. 

Fundos de ações  Mais uma aplicação para os investidores que não tem medo de arristar, visto que os fundos de ações se tratam de investimentos de renda variável. Rodrigues  pontua que o mercado de ações está cada vez mais popular. Nos últimos meses, o Brasil bateu recordes na Bolsa de valores e a tendência é aumentar nos próximos anos, ou seja, investir em ações de várias empresas se torna uma forma simples de investir em renda variável com risco dividido”. As oscilações de mercado podem ‘assustar’, por isso é fudamental fazer um bom estudo antes: “É grande a importância de estar muito bem informado e preparado emocionalmente para investir em ações”, completa.  

Fundos Imobiliários  Mais uma aplicação que pode ajudar a obter um bom rendimento com uma carteira diversificada, visto que o setor de imóveis começa a apresentar um cenário mais favorável a recuparção. Segundo o especialista, existem corretoras com opções de títulos abaixo de R$100. “São fundos que Permitem que pequenos investidores invistam em prédios comerciais, shopping, hospitais, por exemplo. É um excelente gerador de renda passiva, pois 95% dos lucros são distribuídos aos cotistas”. analisa.