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Publicado em 25 de maio de 2020 às 12:47
- Atualizado há um ano
A recuperação da economia brasileira, tremendamente abalada pela pandemia, terá como carro-chefe o comércio exterior. A geopolítica estará sempre mudando, mas a globalização permanecerá e temos que aproveitar as vantagens competitivas do Brasil (e porquê não da Bahia). Somos pouco internacionalizados, representando pouco mais de 1% das exportações mundiais mesmo estando entre as 10 maiores economia do mundo. Precisamos estar conectados, em especial com os países da Ásia e do Oriente que já compram 59% das nossas exportações e vão demandar mais, pois crescem aceleradamente em população e renda.
Esta pouca representatividade nas exportações, principalmente de produtos manufaturados, nos preocupa. Temos vantagens competitivas no agronegócio e podemos explorar mais e, assim, fazer mais saldos positivos para importar o que precisamos para fortalecer o setor de manufaturados (máquinas, tecnologias, inovações e insumos).
Não podemos nos isolar e temos também que crescer nos manufaturados. Todos queremos isso, mas seria ótimo se já estivéssemos exportando o dobro em minérios, grãos e produtos básicos. É preciso considerar que no agro e na mineração estão alocados altos níveis de tecnologia e inovação, daí a nossa competitividade, aliada às excelentes condições de clima e solo.
Nossas poupanças (pública e privada) são insuficientes para financiar os investimentos necessários e é preciso aproveitar a disponibilidade e custo de recursos no exterior para financiar a nossa infraestrutura, ampliar e implantar novos empreendimentos privados. Nesse sentido, o desvalorização do real, que deve perdurar, nos favorece nas exportações de produtos e na atração de investimentos diretos. O comércio internacional é uma via de mão dupla: quem compra quer vender. Daí a importância dos acordos bilaterais com atuais e novos parceiros.
Na arrancada é preciso dar atenção especial aos setores da economia que geram respostas e resultados mais rápidos como é o caso do setor de florestas plantadas. Madeira cultivada serve para a construção civil, para a produção de celulose e diversos tipos de papéis (sanitário, de impressão e para embalagem, entre outros), para energia de biomassa, móveis, pisos laminados, serrados e compensados, siderurgia a carvão vegetal, secagem de grãos etc. E é certo que a demanda por madeira e pelos os produtos dela provenientes crescem sistematicamente. No primeiro trimestre deste ano continuamos exportando mais (março teve um aumento de 39,8% em relação ao mesmo período do ano passado) e a tendência é continuar assim.
Importante ressaltar que este setor de árvores cultivadas vem buscando o equilíbrio entre minimizar os efeitos da covid-19, garantir que os produtos cheguem aos hospitais e às residências onde são fundamentais, ao mesmo tempo que toma atitudes firmes para cuidar da saúde dos colaboradores. Este é um setor que cuida dos colaboradores, comunidades e do Brasil.
Além disso, o momento da recuperação requer elevados investimentos em formação profissional e adequação às novas formas de produzir e consumir. Isso evidencia o valor e a necessidade de reforçar as ações do sistema S como um todo, exemplo destacado de eficiência e bons resultados na formação de pessoal e desenvolvimento de novas tecnologias.
Certo que virão muitas mudanças nas relações de mercado aqui e lá fora. Portanto precisamos pensar grande, pensar no Brasil para que juntos - governos, legislativos, empresários, academias -, sem politicas miúdas, fazermos as reformas necessárias ao país para que possamos estar preparados, abertos ao mundo, estabelecendo novos acordos comerciais para voltar a crescer, recuperar as empresas, gerar emprego, renda e impostos. Temos todas as condições básicas para tudo isso.
E devemos estar conscientes das atitudes individuais e coletivas necessárias para minimizar o impacto dessa crise e seus desdobramentos. Que saibamos aproveitar as oportunidades para compensar as perdas sociais, econômicas e de segurança que já estamos enfrentando. Que o aprendizado de enfrentamento dessa crise, com novas condutas e lógicas, se estabeleça como seu novo modelo socioeconômico que inclui ainda a solidariedade e a responsabilidade socioambiental. Wilson Andrade (Foto: Heckel Junior) Empresário e economista com vasta experiência nas áreas de fusões e aquisições empresariais, relações internacionais e comércio exterior, indústria e agronegócio, Wilson Andrade tem presidido várias entidades setoriais no Brasil e exterior. Desde 2011 tem se dedicado também ao setor florestal, como Diretor Executivo da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (ABAF), a qual participa de mais de 40 diferentes fóruns estaduais e nacionais, onde ocorre uma constante troca de informações e experiências que contribuem para a formulação de políticas públicas e privadas para o desenvolvimento contínuo e sustentável das atividades florestais. É presidente do Conselho Superior da ACB e Conselheiro da FIEB.