As dez melhores séries de 2018

Por Carol Neves

  • D
  • Da Redação

Publicado em 22 de dezembro de 2018 às 12:59

- Atualizado há um ano

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Mais um ano chega ao fim e é praxe pararmos para fazer um balanço do que passou. 2018, claro, foi um ano com muitas séries de TV. E qual o último ano que não foi? A chamada "Peak TV" continua em crescimento, diga-se. Um levantamento feito pelo FX Networks mostrou que esse ano tivemos 495 séries roteirizadas, um aumento discreto em relação aos 487 do ano passado. O ímpeto do crescimento deu uma diminuida, mas o número não para de aumentar desde 2011, quando começou a ser observado pelo instituito de pesquisa da FX. Para comparação, em 2002, eram 'meras' 182 séries.

Dar conta de tudo isso é difícil - humanamente impossível. É por isso que listas como essa, e incontáveis outras que certamente você verá nessa reta final de 2018, são importantes. Espera-se que ajudem a dar um norte, fazer uma triagem e buscar algo que possa ter seu perfil e acabou passando em meio à avalanche de um dia depois do outro.

Big Mouth (Netflix) (Foto: Divulgação) É chato incluir séries repetidas em anos consecutivos, então vou tirar logo as 'figurinhas iguais' do caminho. Em sua segunda temporada, Big Mouth não apenas "segurou a bola" como até melhorou. A animação sobre o início da adolescência e seus hormônios continua extremamente divertida e inteligente, além de cheia de empatia. Além dos monstros dos hormônios, esse ano tivemos a introdução do Mago da Vergonha, que traz para o centro as muitas mortificações dessa época. A série é criativa na maneira de encontrar maneiras de ilustrar visualmente os desejos e confusões dessa época. Continua imperdível.

Bojack Horseman (Netflix) (Foto: Divulgação) Consistentemente boa, Bojack chegou à sua quinta temporada mais na crista do momento do que nunca. Os episódios funcionam como comentários inteligentes sobre todo o movimento "MeToo" e fazem inclusive o telespectador refletir sobre seu amor por antiheróis - como o próprio Bojack. Além disso, continua sendo uma das séries mais pugentes sobre a melancolia da vida. Destaque para o episódio do funeral, que é um monólogo fascinante, ainda mais considerando que é feito por um cavalo falante.

Killing Eve (BBC America) (Foto: Divulgação) Divertida demais, mesmo em meio a imperfeições, a série tem ainda o benefício de ter duas grandes atrizes que também parecem estar aproveitando cada momento. Sandra Oh, conhecida como a Cristina Yang, de Grey's Anatomy, volta para a TV como uma funcionária do MI5, serviço de inteligência e contra-informação inglês, que começa a ficar obcecada com uma série de crimes que, ao que tudo indica, são obra de uma mesma pessoa. Essa pessoa é a assassina de aluguel Villanelle (nome da série de livros que serve de base para a série), vivida pela atriz Jodie Comer, que também está muito bem. A dinâmica entre as duas é o que leva a série adiante.

American Crime Story: The Assassination of Gianni Versace (FX) (Foto: Divulgação) Menos 'amarradinha' que a primeira temporada dessa antologia de Ryan Murphy, que tratou do caso O.J. Simpson, mas mais fascinante e necessária. Bonita, triste, melancólica, a série, apesar do nome, é centrada em Andrew Cunanan, o assassino do designer Gianni Versace. A morte do estilista é uma parte da história, mas vemos a espiral da vida de Cunanan, que ainda matou outras quatro pessoas em uma mesma sequência criminosa em 1997 - depois de assassinar Versace, virou alvo de uma imensa busca nos EUA. A narrativa cheia de pulos no tempo exige atenção e às vezes parece que vai se perder, mas sempre se encontra. Darren Criss (Glee) consegue segurar o desafio que é esse papel, alvo de muita controvérsia, muito bem.

Homecoming (Amazon Prime Video)  (Foto: Divulgação) O thriller conspiracionista do diretor Sam Esmail (de "Mr. Robot") traz Julia Roberts em seu primeiro grande papel para TV - e ela não decepciona, entregando uma atuação impressionante e na medida. A série é adaptação de um podcast (as histórias vêm de todos os cantos!). É um suspense clássico, que avança e volta no tempo para contar melhor sua história. Roberts vive uma psicóloga que trabalha em um centro de que ajuda veteranos de guerra a se readaptarem à vida civil. No futuro, vemos que ela é uma garçonete que vai ser procurada por um funcionário do governo querendo explicações. O que aconteceu com ela, e com o centro, é o cerne da história. Mais sofisticada e menos 'na cara' que Mr Robot, a série aproveita melhor os talentos de Esmail, um diretor que consegue transmitir um certo pavor mesmo em cenas banais. São 10 episódios que passam rápido.

Atlanta (FX) (Foto: Divulgação) A segunda temporada conseguiu ser mais arrojada e melhor que a primeira, com cada episódio entregando o máximo que se podia esperar. Batizada de Robbin' Season, a temporada desde o começo mostrou ter algo a mais de tenso, surreal e duro que a anterior - e ainda assim os episódios também conseguem ser engraçados, ao mesmo tempo que em muitos sentidos aterradores. Os novos episódios conseguiram explorar bem a luta de cada um personagens tentando se mexer, ir para algum lugar diferente, e mal conseguirem caminhar. O destaque com certeza ficou com "Teddy Perkins", que funciona como um conto de terror na linha de Corra!.

 Barry (HBO) (Foto: Divulgação) Uma sátira sombria do showbiz, a série mistura dois mundos aparentemente desconectados. Barry (Bil Hader, produtor e criador do seriado) é um veterano de guerra que, ao retornar aos EUA, vira um assassino de aluguel em busca de um sentido para além da depressão. Durante um trabalho em Los Angeles, contudo, ele acaba seduzido pelo mundo de aspirantes a atores e entrando em uma aula de atuação (o professor é vivido pelo sansacional Henry Winkler). As atuações estão soberbas e a Barry mistura bem o lado brutal com o divertido (há muitas e inesperadas risadas). Imperdível.

The Little Drummer Girl (AMC) (Foto: Divulgação) A minissérie é mais uma adaptação do livro homônimo de John le Carré, publicado em 1983 (no Brasil, saiu com nome A Garota do Tambor). A história é de espionagem, mas é muito mais que isso. A garota do título é Charlie Ross (Florence Pugh), uma atriz que é recrutada para ser espiã e terrorista. A adaptação explora as linhas que separam e aproximam cada uma dessas atividades. "Eu sou o produtor, escritor e diretor do nosso pequeno show", diz em determinado momento a Charlie o espião israelense Martin Kurtz (vivido pelo sempre excelente Michael Shannon). A série ainda tem o bônus de ser belissimamente dirigida - todos os seis episódios - por Park Chan-wook, de Oldboy. 

The Good Fight (CBS) (Foto: Divulgação) A spinoff de The Good Wife teve mais uma temporada muito boa. A série consegue trazer o lado caso da semana, que muitos amam, mas também oferece um olhar inteligente sobre o clima político atual - dos EUA e do mundo. Nos novos episódios, os advogados estão sendo perseguidos e todos estão no limite, mas há um certo humor, caracteristico da série. 

Escape at Dannemora (Showtime) (Foto: Divulgação) São apenas sete episódios perfeitinhos, bom para aquela maratoninha em um final de semana. Dois condenados (Benicio del Toro e Paul Dano) conseguem uma fuga improvável de uma cadeia no estado de Nova York, com ajuda de uma funcionária que eles conseguem manipular com certa facilidade (Patricia Arquette, que está soberba). Depois, se segue uma busca voraz pelos suspeitos, em campos e florestas. A história tem emoção, morte violenta, muito sexo na cadeia... Aconteceu de verdade, em 2015, e é tão sensacional que pedia uma adaptação, e ganhou uma de qualidade.